Protestos, mobilização, exageros!

Esquenta embate entre produtores e Greenpeace no Oeste do Pará
Por: Val-André Mutran
Brasília - Segundo informes das maiores agências de notícias do Brasil e do exterior, a reação hostil patrocinada por produtores agrícolas e simpatizantes em torno da campanha batizada de "Fora Greenpeace! A Amazônia é nossa", em Santarém, capital do Oeste do Estado do Pará, contra a presença na região da Ong Greenpeace, adquiriu contornos de "vale-tudo".
De um lado, setores representativos do capital: Sindicato dos Produtores, Associação Comercial, Industrial; com clara adesão das forças políticas do governo local (Prefeitura e Câmara Municipal) com algumas exceções. E de outro, o trabalho, endossado pelos próprios ativistas profissionais da superong transnacional Greenpeace, ongueiros amadores, setores da Igreja Católica, Associações de Camponeses, Movimentos Sociais de Direitos Humanos, da Luta Pela Terra, estudantes de todos os níveis e partidos políticos insatisfeitos com a falta de espaço para apresentar suas bandeiras; acabou resultando no efeito gravitacional de fenômeno maior, quem sabe o maior? Sob o ponto de vista dos contornos político-sociais em curso na Amazônia brasileira de agora, em momento pré-eleitoral.
Há pelo menos três meses a "queda de braço" dos opositores gera: protestos, ampla mobilização e exageros, correndo o risco para descambar ao perigoso terreno da intolerância e violência.
Não é "briga de vizinho". Está em discussão na tese defendida pelo Greenpeace, se aquela região tem o direito - subtendendo-se soberania - de continuar avançando a chamada fronteira agrícola. Causa que a Ong garante está relacionada com o aumento das queimadas, expropriação de camponeses via coerção e utilização do poder econômico, acompanhada da inevitável grilagem de terras, trabalho escravo e assassinatos de lideranças que resistem ao insaciável apetite de "sojeiros" pelo lucro rápido e imediato, via de regra causador da exclusão social porque passa a zona rural dos municípios onde "os estrangeiros" do Brasil avançam impiedosamente.
Segundo os informes, "dois rebocadores da Marinha removeram há pouco o navio Arctic Sunrise, da organização não-governamental (ONG) Greenpeace, que desde as 8h30 de hoje (19) estava bloqueando o terminal graneleiro construído pela multinacional norte-americana Cargill em Santarém (PA). Mas produtores de soja, ambientalistas e policiais militares alertam para risco de agressões aos ativistas do Greenpeace", publicou a Agência Brasil.
"Os produtores de soja invadiram o navio, obrigaram os voluntários a se trancar no porão. A polícia teve trabalho para retirá-los de lá", contou o coordenador de campanha do Greenpeace, Marcelo Furtado. "Agora nosso navio está próximo à orla de Santarém e a gente teme pela segurança de quem está lá." Cerca de 25 pessoas de várias nacionalidades estão a bordo, assegura a reportagem.
"Há um nervosismo da população, principalmente dos produtores rurais. Há pessoas ameaçando invadir o hotel onde os ambientalistas estão hospedados", declarou o presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Santarém, Adinor Batista. Ele argumentou que o discurso ambientalista da entidade é um pretexto para esconder interesses internacionais comerciais, que temem a concorrência da soja brasileira, destaca a matéria da ageência noticiosa do governo.
Aí estaria o centro da questão. O interesse é global pelos mercados alimentícios que o Greenpeace representaria disfarçadamente desviando o foco para a necessária proteção ambiental?
O ringue não é certamente num luxuoso Hotel cinco estrelas de Las Vegas.
É a poucas centenas de metros do encontro de dois dos maiores rios da Bacia Amazônia, em frente a cidade de Santarém.
De que que lado você está nesta disputa?

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