O crime compensa?

Marcos Alves/DiárioSP/Ag. o Globo
Fotos: Humberto Franco
Patrimônio Apartamento, sobrado, casa e mansão. Bens da família Richthofen avaliados em alguns milhões
Justiça Feliz aniversário,
Suzane! Prisioneira ganha bolo de aniversário,
está em busca das contas da família
na Suíça e pode sair da cadeia em
dois anos, com 10 milhões de euros

Por Alan Rodrigues
IstoÉ
Naquela manhã ensolarada de sábado, 4 de novembro, era mais um dia de visita na Penitenciária Feminina de Ribeirão Preto. Dezenas de pessoas se aglomeravam na entrada do presídio. Com um bolo de chocolate nas mãos, encimado pelo número 23 escrito em letras de glacê, o advogado Denivaldo Barni rompeu as grades de aço das celas da área de segurança e abriu um sorriso diante da prisioneira mais famosa do Brasil. Cumpria-se, naquele momento, o 105º dia da pena de 39 anos e seis meses de reclusão a que Suzane Louise von Richthofen – a aniversariante do dia – foi condenada pelo assassinato dos pais. As notícias, porém, eram boas: na matemática da Justiça, Suzane, com seus tenros 23 anos de idade, ganhará a liberdade em mais dois.

O largo sorriso de Suzane durante a pequena festa pode ter, ainda, outra razão de ser. Ela, que havia acabado de limpar o “seguro”, como sua cela é chamada pelas outras 347 detentas, pode se tornar uma milionária. Promotores públicos desconfiam que estão no nome dela duas bem fornidas contas num banco suíço. Uma denúncia anônima encaminhada aos Ministérios Públicos federal e estadual dá como certo que as contas 15.616 e 15.6161, abertas em 1988, no Discount Bank and Trust Company (DBTC), atual Union Bancaire Privée, pertencem a família Richthofen. Estima-se que essas contas abriguem pelo menos dez milhões de euros, dinheiro supostamente desviado das obras do Trecho Oeste do Rodoanel – uma estrada que circunda a cidade de São Paulo, orçada em R$ 339 milhões, mas que acabou consumindo mais de R$ 1 bilhão dos cofres públicos. A construção do trecho foi administrada pela autarquia Companhia de Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), empresa da qual o pai de Suzane, Manfred von Richthofen, era diretor quando foi assassinado. Os promotores desconfiam que essas contas estejam em nome de Suzane. Se essa impressão se confirmar, acreditam que a condenada tem boas chances, uma vez em liberdade, de manter seus direitos sobre elas – e a fortuna nelas guardada.

Leia mais na revista.

Comentários

Postagens mais visitadas