Mortes violentas no Campo

Foto: TV Eldorado

Ainda repercute na sociedade sulparaense a entrevista concedida pela promotora Lucinery Helena Resende Ferreira, que responde, temporariamente, pela promotoria de Rondon do Pará, que requereu ao juiz da Comarca, a Impronúncia do fazendeiro Décio José Barroso Nunes, o Delsão, acusado de ser o mandante do assassinato do sindicalista José Dutra da Costa, o Dezinho, crime ocorrido em 21 de novembro de 2000 em Rondon do Pará. O pedido da promotora foi feito nas alegações finais no processo e, caso seja aceito pelo juiz, o fazendeiro Delsão será inocentado de qualquer responsabilidade pela morte do sindicalista, sem sequer passar pelo tribunal do júri. Leia o que a promotora disse ao apresentador Markus Mutran, da TV Eldorado, que retransmite no sudeste do Pará o sinal do SBT.

Pergunta: O Pará lidera nacionalmente o número de crimes no campo, envolvendo disputas de terras, poucos mandantes foram presos, julgados, muito menos condenados. O Ministério Público contribui de que forma para mudar esse quadro?

Resposta:
Veja bem, o promotor de justiça quando ele assume uma comarca, seja por pouco tempo ou por muito tempo como você citou que foi ventilado de que eu não conheceria o processo porque estaria a pouco tempo, é irreal, como eu já disse e reafirmo, eu sou promotora de justiça na região do Sul do Pará, a mais de dez anos, entendeu? Iniciei minha carreira aqui. Então o membro do Ministério Público ele tem que... A primeira coisa: morar na região é o primeiro passo, pra ele conhecer a história da região. Colegas que passam um, dois meses respondendo por uma promotoria, mas não moram na cidade, não convivem, dificilmente vão saber qual é a realidade daquele município né? Então, o promotor de justiça... Ele tem que investigar, também junto com a polícia apurar para poder pedir uma condenação, é isso que tem que ser feito. Quanto a questão da impunidade, tem razão, os crimes no campo como eu acabei de ventilar, eles são crimes de encomenda, seja a vítima o sem terra, seja a vítima como eu citei do caso de anos atrás do fazendeiro. Mas são envoltos em mistérios, como uma expressão que o juiz de Rondon usa muito, deste processo específico que a gente tá falando, é um crime onde várias pessoas participam, há grandes reuniões para aquela decisão acontecer, para aquela morte ser planejada. Então penso eu que a impunidade existe de um lado e de outro, e o membro do ministério público por ser o fiscal da lei, tem sim a obrigação de investigar, apurar e de vamos dizer assim desenterrar os processos que estão paralisados. Nós tivemos esse cuidado em Rondon de levantar todos estes casos pra dar andamento.

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