Presidente começa definição de ministérios

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai se dedicar esta semana às articulações com os partidos políticos para definir a esperada reforma ministerial de seu segundo mandato. Lula se reúne nos próximos dias com os presidentes de partidos que integram a coalizão política do Governo para discutir cargos. Com a adesão de 11 partidos à sua base de apoio, o presidente terá que escolher entre acomodar aliados estratégicos no primeiro escalão do Governo, ou manter o espaço do PT no Executivo.

O principal impasse de Lula está dentro do PMDB. O partido, que foi decisivo para a eleição do petista Arlindo Chinaglia (SP) à presidência da Câmara, cobra o seu espaço no Governo. Lula reconheceu a aliados que precisa atender as reivindicações do PMDB na reforma - uma vez que precisa do partido para aprovar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) na Câmara e no Senado ainda este ano, além das reformas tributária e política. O partido elegeu a maior bancada da Câmara e a terceira no Senado, por isso é considerado o aliado estratégico de Lula no Legislativo.
O principal impasse de Lula para acomodar o PMDB está na briga interna do partido. O atual presidente do PMDB, Michel Temer (SP), disputa com o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim a presidência do partido. Jobim vem ganhando força no PMDB por ser considerado um nome capaz de unir as diversas correntes da legenda, ao contrário de Temer.

Bombeiros do PMDB lutam para que os dois candidatos cheguem a um acordo para evitar uma disputa dentro do partido. A expectativa, no entanto, é que a batalha peemedebista termine apenas na reunião da Executiva Nacional do PMDB, marcada para o dia 11 de março. Tudo indica que Temer e Jobim vão disputar a presidência no voto.

Até lá, Lula não deve anunciar as mudanças em seu ministério. O presidente quer esperar o fim da briga para ceder espaço ao PMDB. Temer é cotado para substituir o ministro Márcio Thomaz Bastos na Justiça - o que abre caminho para Jobim na corrida pela presidência do partido.

O ex-presidente do STF tem o apoio de cinco governadores do partido: Marcelo Miranda (TO), Paulo Hartung (ES), Eduardo Braga (AM), Sérgio Cabral (RJ) e Roberto Requião (PR). Outros dois governadores do PMDB, Luiz Henrique da Silveira (SC) e André Puccinelli (MS), ainda não definiram quem apoiar nesse embate.

A candidatura de Jobim também é endossada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e pelo senador José Sarney (PMDB-AP) - que integram a ala afinada com o Palácio do Planalto. Sarney articula a indicação de sua filha, Roseana Sarney (MA), para ocupar a liderança do governo no Congresso.

Temer, por outro lado, tem o apoio de grande parte da bancada do partido na Câmara, como os deputados Henrique Alves (RN) e Geddel Vieira Lima (BA). Grande parte do Campo Majoritário do PT também endossa o nome de Temer, que articulou a bancada para garantir a aprovação do petista Arlindo Chinaglia (SP) para a presidência da Casa.

Geddel é um dos nomes cotados pelo PMDB para um vaga no Ministério de Lula, com o apoio do governador petista Jacques Wagner (BA). O peemedebista está de olho no Ministério da Integração Nacional – pasta considerada estratégica para a região Nordeste. Além de Geddel, os deputados Fernando Diniz (PMDB-MG) e Tadeu Filipelli (DF) brigam pelo Ministério dos Transportes - que atualmente é da cota do PR.

O partido não está disposto a abrir mão da pasta em favor do PMDB. O nome de Filipelli é endossado pelo senador Joaquim Roriz (DF), ex-governador do Distrito Federal que tem o deputado como um de seus principais aliados. Os caciques peemedebistas se movimentam nos bastidores para emplacar seus aliados, o que vem acirrando a briga dentro do PMDB.

O PMDB já tem, desde o primeiro mandato de Lula, o comando dos Ministérios das Comunicações, Saúde e Minas e Energia. O partido quer mantê-los e ampliar em pelo menos um o número de ministérios no segundo mandato. O dilema de Lula, no entanto, não se resume apenas ao PMDB. O seu próprio partido também briga nos bastidores por espaço na Esplanada. Oficialmente, lideranças do PT garantem que o presidente tem autonomia para definir quem fica ou sai do cargo. Mas os petistas não estão dispostos a ceder muito espaço.

O PT promete reivindicar 11 dos 34 ministérios, entre eles pastas cobiçadas por todos os partidos da base aliada - como Cidades e Educação. O partido quer manter o comando dos Ministérios da Fazenda, Planejamento, Casa Civil, Relações Institucionais e Desenvolvimento Social. Outras pastas visadas pelo partido são os Ministérios do Trabalho, Previdência e a Secretaria da Pesca.

O presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), nega a extensa lista de reivindicações dos petistas. “Queremos um espaço que seja útil para o Governo, que ajude o presidente Lula a governar. O PT não quer números, mas cargos qualitativos. O PT não quer nem mais, nem menos”, disse.

Berzoini não acredita em prejuízos ao Governo com a demora no anúncio da reforma ministerial -provocada inicialmente pela eleição para a presidência da Câmara e, agora, pela briga dentro do PMDB. “O governo está funcionando plenamente. O presidente quer um ministério para quatro anos. Ele não deve ter pressa, mas também não deve deixar para a metade do ano. É um critério que o próprio presidente deve tratar”, afirmou.

Mais detalhes aqui.

Fonte: Cidade Verde

Comentários

Ricardo Rayol disse…
Se achavam que a negociata para eleger Chinaglia ia ser facilmente implementada estavam muito enganados, Lula pode não ser tolo mas é muito ingênuo.
Anônimo disse…
Vamos ver como vai ficar a disputa.
O PMDB está com uma batalha. falando nisso, estou assessorando um dep do PMDB, to pertinho de vc na Camara.

me liga.

beijos

Taís Morais

Postagens mais visitadas