A revolução da Internet nos veículos de Comunicação

Abaixo, um trecho bastante interessante da entrevista que Roberto Civita, que comanda o grupo Abril, deu aos editores do "Jornalistas&Cia " Eduardo Ribeiro e Wilson Baroncelli, acompanhados do professor Carlos Chaparro, da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, a ECA/USP:

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"Não dá mais para estar na mídia sem internet"

P – Que áreas editoriais e tecnológicas a Abril considera prioritárias para investir?
RC – Internet.

P – E editorialmente, que nichos?

RC – Vamos dizer assim: não dá mais para estar na mídia sem internet. Não dá mais para falar de informação, comunicação e entretenimento sem falar de internet. Internet é a maior revolução na área de comunicação desde Gutenberg. Ponto. Ou você está lá ou morre.

P – O senhor já falou tempos atrás que, se tivesse que começar hoje, começaria pela internet, só não saberia como pagar o aluguel. Hoje já dá para pagar o aluguel? Como está o faturamento da mídia digital?

RC – You Tube não é um veículo tradicional e é um enorme sucesso. Second Life não é um veículo tradicional e é um enorme sucesso. São vários. Há coisas que foram inventadas só para a internet, que não têm nada a ver com veículos tradicionais, e estão indo muitíssimo bem. Difícil é, para os veículos existentes, da mídia tradicional, encontrarem o seu caminho na internet. Isso é mais difícil. Qual é a maior invenção na internet? Provavelmente o Messenger. Eu não tenho os números, mas provavelmente é o que mais se usa na internet, as pessoas se comunicando entre si. É o grande meio de comunicação entre as pessoas no mundo inteiro. Fantástico! Então, a interatividade é a essência da internet e ela muda tudo. Por quê? Nos bons tempos, havia 20, 30 jornais e 30 ou 50 revistas no País, cinco ou seis canais de televisão, centenas de rádios e acabou! Era isso. E quem decidia o que o público ia ver, ouvir, ler e saber eram poucas centenas de pessoas. Poucas, os chamados gatekeapers. E hoje, como é? Hoje, há milhões de pessoas determinando o que você vai ler, ver, ouvir. Milhões. E o controle disso passou de nós para o público. Esta é a revolução. Sendo que eles decidem o que querem ler, quando querem, de que jeito querem, no celular ou no laptop, ou imprimem, porque querem ler impresso... Ou – porque eu não gosto disso tudo, quero ler na minha revista, não quero me chatear buscando mil fontes, fico louco – pago para escolherem para mim. É isso que eles estão fazendo. Então, você tem que se adaptar. Tem que perguntar: o que os leitores de Claudia, Playboy, Quatro Rodas, Veja ou Exame querem saber, além daquilo que publicamos? E como eles querem interagir conosco? O que querem nos dizer? Em que querem opinar? Eles não querem só ler você, querem estar lá, participar. Isso muda o jogo. É um outro jogo. E graças a Deus há jovens que entendem esse jogo. Para eles é normal. Nasceram com isso. Chegam aqui e dizem: “Ah, isso não é problema!” Mas como para mim é, eu pergunto: “Como é que se faz, nessas circunstâncias?”

P – Fazendo uma associação entre essa visão do mundo novo com o antigo, esse fenômeno da internet – que é de difusão, de uma capacidade plena de difusão e de interação –, isso fortalece ou enfraquece a tradicional mídia impressa?

RC – A primeira coisa que acontece é ameaça. Tem gente que diz: “eu não preciso mais do jornal para ter notícias”. Não é verdade? Mas é uma ameaça menor para as revistas, porque nós não estamos nesse negócio de dizer o que aconteceu. Quanta gente foi para a televisão terça-feira à noite, quantos foram para o rádio, quantos foram para a internet para saber o que estava acontecendo com aquele desastre terrível em Congonhas?

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