Com vocês: O primeiro número da revista Plenarium


















Esse blog é para gente que gosta de ler.

Eis o Editorial da Plenarium.

EDITORIAL

Dotar a Secretaria de Comunicação da Câmara dos Deputados de uma publicação periódica de referência. De forma objetiva, foi essa a tarefa que o Diretor da SECOM, Márcio Araújo, me confiou ao convidar-me para integrar sua equipe, no início de 2003.

Para definir e conceber esse projeto editorial, considerando as especificidades da nossa instituição, trabalhou com o seguinte conceito: PLENARIUM terá como objetivo central divulgar, documentar e estimular a reflexão sobre os desafios contemporâneos que a sociedade brasileira remete ao Poder Legislativo. Dessa forma, a nova publicação abrigaria textos e ensaios, não apenas dos parlamentares, dos técnicos e consultores do Poder Legislativo, mas, sobretudo, dos pesquisadores da academia e dos centros de excelências de todo o País.

Diante da profusão de assuntos que integram a pauta do Congresso Nacional, prevaleceu o entendimento de que cada edição abordaria um tema dominante, que se buscaria aprofundar com os textos e reflexões de vários especialistas. Nesse primeiro número tratamos, em dez ensaios, do Poder Legislativo na Democracia Contemporânea. Além da reforma política que está sendo discutida no Congresso Nacional, a globalização e a criação dos blocos regionais estão impondo uma redefinição do papel dos estados nacionais, com grande repercussão nas atribuições e funções dos legislativos em todo o mundo.

A definição desse conceito nos remeteu a outra reflexão: PLENARIUM precisava ter uma singularidade, uma identidade própria, algo que fosse a marca da sua origem. Seria insuficiente, ainda que plenamente justificável, uma publicação apenas temática. A reprodução difusa das experiências – muitas, extraordinárias –, das publicações regulares existentes em vários departamentos universitários, não acolheria a dimensão que um periódico de referência, editado pela Câmara dos Deputados, necessariamente deve ter.

Assim, além do tema principal, acrescentamos uma série de seções com o objetivo de construir a identidade que buscamos. A primeira seção constará de uma entrevista. Mas não a entrevista clássica, jornalística e conjuntural. Inspiramo-nos na experiência da Documentation Française, que sempre convida uma figura importante da história da França para uma reunião com jornalistas e estudiosos da vida e/ou da época do entrevistado, para juntos fazerem uma reflexão sobre o personagem e sua obra. Esse primeiro número da PLENARIUM traz a figura extraordinária de Dom Paulo Evaristo Arns.

Com o objetivo de não engessar o espaço editorial da revista, subordinando todos os ensaios ao tema central, percebemos que seria importante outra seção que acolhesse também textos com temas livres. O relator de um projeto importante, o líder de uma bancada, O presidente de uma Comissão, um pesquisador, um servidor do Congresso, enfim, qualquer personalidade que se interesse em dividir com a Casa a complexidade de determinado tema será plenamente atendido nesse espaço de expressão, ainda que seu texto não se enquadre no tema central da edição. Nesse primeiro número publicamos ensaios dos deputados Delfim Neto e Ariosto Holanda.

Incluímos, também, a publicação de um texto de um pesquisador estrangeiro, inédito ou não, cujo tema de alguma forma enriqueça o nosso debate. Esse espaço deve acolher, ainda, as reflexões dos brasileiros que estão no exterior, a estudo ou a trabalho. A experiência e o olhar dessas pessoas, nesse momento de grandes e rápidas transformações no cenário brasileiro, constitui-se numa importante contribuição aos que dele fazem parte. Nessa primeira edição, apresentamos um texto do professor americano Robert Pastor.

Como a Câmara dos Deputados é sobretudo a “Casa das Leis”, achamos ainda que fosse interessante a publicação comentada de uma lei, em cada edição da PLENARIUM. Dessa vez, trazemos o Estatuto do Idoso, com as observações do senador Paulo Paim, autor do projeto, e da ministra do STJ, Fátima Nancy Andrighi. Da mesma forma, pretendemos publicar e comentar o Estatuto do Desarmamento, a Lei de Falências, o novo Código das Águas, entre outros.

Como dispomos de um acervo extraordinário de documentos e imagens, onde estão guardadas todas as falas importantes da história do nosso Parlamento e, de certa forma, da história política do Brasil e, ainda, podemos e devemos estabelecer uma conexão com os demais acervos do País, percebemos aqui uma rica oportunidade de se contribuir para o resgate do papel de grandes atores e momentos específicos da construção da Nação brasileira. Com esse objetivo, foram criadas outras cinco seções na PLENARIUM.

A primeira delas resgatará os grandes pronunciamentos da nossa história, devidamente comentados por personalidades à altura do desafio. Nessa edição, publicamos o discurso do ex-deputado Ulysses Guimarães na solenidade de instalação da Assembléia Nacional Constituinte de 1987-88. A fala do emblemático parlamentar paulista é analisada pelo jornalista Luiz Gutemberg. Com o mesmo objetivo, traremos sempre o perfil de um personagem destacado da história brasileira. Nesse número, o historiador Ricardo Oriá nos fala da vida e da obra da primeira deputada da América Latina, Carlota Pereira de Queirós.

A seção Imagem e História trará sempre uma fotografia histórica, acompanhada de uma apresentação. Essa edição apresenta a foto do Largo do Paço Imperial no dia do casamento da princesa Isabel, com o texto do colecionador Pedro Karp Vasques. Nas duas seções seguintes, traremos sempre uma charge escolhida e comentada pelo Paulo Caruso e as saborosas histórias do jornalista Sebastião Nery, com seu Folclore Político.

Para terminar, teremos o espaço para as resenhas, onde nossos colaboradores poderão dar conta das últimas publicações, no Brasil e no mundo, que correspondam ao nosso universo de interesses. Dessa edição, consta um comentário do diplomata Paulo Roberto Almeida.

Não poderíamos encerrar esse editorial sem agradecer a todos aqueles que acreditaram no projeto enviando seus trabalhos e textos, ao apoio e confiança da administração da Câmara dos Deputados mas, sobretudo, àqueles que participaram da construção dessa publicação, com suas idéias, trabalho e sugestões, desde a elaboração do seu projeto editorial, até o encaminhamento para a gráfica.

São eles: os professores Carlos Henrique Cardim, Fabiano Santos, David Fleischer, Mauro Santayana, Wanderley Guilherme dos Santos, Costa Porto, Ricardo Oriá, Mônica Mulser Parada, Paulo Motta e Paulo Roberto Almeida. Os colegas da SECOM, Márcio Araújo, Tarcísio Holanda, Mauro Di Deus, Flávio Elias, Alexandre Rios, Frederico Campos, Sueli Navarro, Pedro Noleto, Ademir Malavazzi, Gentil Sbarddelloto, Raquel Mello, Heloísa Pinheiro, Thaís Alves Lima e Ely Borges.

O protocolar agradecimento à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, nesse projeto representada pelo presidente João Paulo Cunha, se reveste de uma satisfação toda especial. O entusiasmo e apoio do presidente João Paulo à revista Plenarium, desde o início da discussão do projeto, se fez acompanhar de uma notável elegância e percepção intelectual dignas de referência nesse momento.

Boa Leitura!

Jorge Henrique Cartaxo

Diretor da Plenarium

Comentários

Ricardo Rayol disse…
Acredito que uma publicação dessas venha a trazer o pensamento dos porcos, digo políticos, à luz dos eleitores. Só discordo com o que disse o diretor: a camara dos deputados não é uma casa de leis. Só se por lei entenda-se aquelas que beneficiem os próprios legisladores.

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