Com o mesmo número




2008 de novidades na telefonia

Mônica Tavares, Geralda Doca e Patricia Duarte

Serviço de celular ganha regulamentação e consumidor poderá manter número ao trocar de operadora

Ao longo deste ano e em 2009, a vida de quem usa telefones fixos e celulares vai ficar mais fácil. Entram em operação mecanismos que devem representar uma verdadeira revolução na relação entre clientes e operadoras, avaliam a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), parlamentares e até mesmo órgãos defesa do consumidor. A primeira novidade é o Regulamento do Serviço Móvel Pessoal que, a partir de 13 de fevereiro, permitirá ao consumidor, por exemplo, cancelar o serviço em 24 horas. Se isto não for feito pelas empresas, elas terão que fornecer o serviço gratuitamente.

Em maio, outra mudança importante: aproveitando o Dia das Mães, a maioria das operadoras deve lançar os serviços da Terceira Geração (3G) da telefonia móvel nas capitais e nas cidades com mais de 500 mil habitantes. Esta é a expectativa do superintendente de Serviços Privados da Anatel, Jarbas Valente. Os serviços 3G possibilitam a transmissão de dados, vídeo e e-mail, em alta velocidade. Algumas operadoras já oferecem esses telefones desde o fim do ano passado.

O ano também promete para quem ainda não usa celular. Pressionadas por governadores e prefeitos, por causa do ano eleitoral, muitas empresas deverão antecipar o cumprimento das metas de inclusão social. Os 1.836 municípios que hoje não têm cobertura de celular deverão contar com o serviço antes dos dois anos previstos pela Anatel. Os aparelhos nessas cidades serão bem baratos: R$10.

Competição deverá melhorar serviços

E o segundo semestre começará com um empurrão na concorrência entre as empresas. Em agosto, tem início a portabilidade numérica, que vai permitir ao usuário levar o seu número quando trocar de operadora. No Rio, a regra só valerá a partir de fevereiro de 2009.

- O consumidor vai ter mais opções de acesso às novas tecnologias e mais opções de preços. A portabilidade numérica é uma grande vitória do consumidor, porque vai permitir ao usuário escolher o seu número. Isso vai levar mais competitividade, ou seja, melhores preços e serviços - diz o ministro das Comunicações, Hélio Costa.

O presidente da Acel (associação das operadoras de celular), Ércio Zilli, acredita que o usuário terá muito a ganhar com este mecanismo. Ele prevê que, no primeiro momento, deverá haver uma demanda grande, em torno de 20% a 25% do total de usuários de telefonia, por causa dos clientes descontentes com suas operadoras. Depois, deve acontecer uma estabilidade e entre 2% e 3% dos usuários continuariam o troca-troca de empresas.

- A melhoria da percepção da qualidade do serviço e do atendimento será fundamental - diz Zilli.

Atualmente, segundo Jarbas Valente, da Anatel, a troca de operadoras sem portabilidade já está em 25% por ano, só por causa de oferta de planos pelas empresas. Em outros países, no primeiro ano de portabilidade, a mudança de empresas chegou a 50%.

- A qualidade do atendimento melhora, se não a empresa sabe que vai perder cliente - diz Valente.

O presidente da Associação Brasileira de Prestadores de Serviços Telefônicos Fixo Comutados (Abrafix), José Fernandes Pauletti, acredita que a portabilidade será mais um elemento de competição entre as operadoras. Na sua avaliação, as empresas terão que se esforçar mais para manter sua carteira de clientes.

- A portabilidade vai ser interessante para muitas pessoas, sobretudo para os profissionais liberais, como advogados e médicos - avalia Pauletti.

Segundo o presidente da Abrafix, as operadoras de telefonia fixa estão na fase dos investimentos, com destaque para a troca dos softwares. Ao todo, estima ele, deverão ser investidos entre R$400 milhões e R$500 milhões por todas as operadoras com este novo sistema.

A empresária Letícia Siqueiroli aguarda com ansiedade o benefício da portabilidade. Ela conta que mantém um celular antigo, há mais de dez anos, só para não perder o contato com os clientes.

- Quis trocar por outra empresa, que tinha um plano melhor, mas daria um trabalho danado entrar em contato com todos os clientes para passar o número novo - conta a empresária

Comentários

Ricardo Rayol disse…
Só acreditarei vendo, e no Brasil vão conseguir detonar a suposta competitividade e redução de preços. Somos muito criativos

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