Cuba: Especial Correio Braziliense - Parte XI: Começa luta pelo poder

Parlamento escolhe novo presidente no próximo domingo. Irmão de Fidel não está sozinho na disputa

O sucessor de Fidel Castro à frente do Estado cubano será designado no próximo domingo pelos 614 deputados da Assembléia Nacional do Poder Popular (Parlamento) — eleitos em 20 de janeiro —, em uma sessão histórica que abrirá um novo mandato presidencial de cinco anos. Raúl Castro, 76 anos, irmão mais novo de Fidel, surge como o candidato favorito. Número dois do regime, ministro das Forças Armadas desde 1959, desempenhou interinamente o cargo de presidente do Conselho de Estado (Executivo) desde 31 de julho de 2006. Mas não está sozinho na disputa.

Até lá, brotam especulações sobre quem será o futuro comandante da ilha. Nos circuitos diplomáticos em Cuba e entre líderes militares e civis do exílio cubano em Miami (Flórida), surgem comentários sobre uma luta pelo poder no seio do Partido Comunista Cubano (PCC). Nas últimas reuniões do secretariado do partido, haveria a convicção de que o poder não deve ser herdado e que mesmo Raúl só permaneceria na presidência depois de uma eleição interna. Entre os mais cotados nessa "bolsa de apostas" está o atual vice-presidente e secretário do Conselho de Ministros, Carlos Lage, um médico de 57 anos.

Integrante da geração sucessora, foi ele o homem de frente de Raúl Castro na execução das pequenas, mas importantes, reformas econômicas da década 90, logo depois do colapso da União Soviética. O chanceler Felipe Pérez Roque, 41 anos, também tem chances. Apesar de jovem, é famoso por defender a linha dura do regime. Quando Fidel desmaiou durante um discurso em junho de 2001, foi Pérez Roque quem tomou o microfone e gritou: "Viva Fidel! Viva Raúl!". Outro na "corrida presidencial" é o atual presidente do Parlamento, Ricardo Alarcón, 69 anos, um antigo colaborador do líder cubano e o maior especialista em EUA na ilha.

Conselho de Estado
Também são considerados, com menor força, nomes como o de José Ramón Machado, chefe do cerimonial do PCC; José Ramón Balaguer, antigo ideólogo do partido e ministro da Saúde; e Francisco Soberón, presidente do Banco Central Cubano. A Assembléia Nacional convocada para domingo às 10h (12h de Brasília), composta por deputados membros do PCC, se reúne tradicionalmente a portas fechadas sob a direção de seu presidente, Ricardo Alarcón, depois de um breve discurso de abertura na presença da imprensa.

Após eleger o presidente, o vice-presidente e o secretário para os próximos cinco anos, a Assembléia designará os 31 membros do Conselho de Estado e seu presidente, cujo cargo será o de chefe de Estado e governo, assim como "chefe supremo" das instituições armadas. Criado em 1976, o Conselho de Estado é composto também por um primeiro vice-presidente, atual cargo de Raúl, e cinco vice-presidentes. Segundo a Constituição, o primeiro vice-presidente substitui o presidente em caso de "ausência, doença ou falecimento", sem precisar a duração máxima de sua permanência no poder.

Dos membros do Conselho de Estado eleitos em 2003, 27 continuam no cargo — os demais foram destituídos ou morreram. Desses, 11 são membros do Bureau Político do Partido. Em seus 32 anos de existência, os cubanos viram o Conselho de Estado reunido publicamente apenas uma vez, quando a pedido de Fidel cada um de seus membros confirmou diante das câmeras de televisão a sentença de morte para o general Arnaldo Ochoa, acusado de tráfico de drogas e fuzilado em julho de 1989.

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