Cuba: Especial Correio Braziliense - Parte V: Cubanos no DF não crêem em mudanças

Os cubanos que vivem em Brasília celebraram a renúncia de Fidel Castro com entusiasmo tão fugaz quanto uma brisa. A sensação de que nada mudará é mais forte. "Esse fato poderia ser o início de uma transição e isso é positivo. Mas não me iludo que, com a renúncia de Fidel, amanhã tenhamos eleições e liberdade", comentou o médico José Blanco Herrea, 58 anos. Ele e a mulher, a bioquímica Ileana Zorrilla, 55, vivem no Brasil há 15 anos.

O casal veio ao país a trabalho, a convite da Federação Amazonense de Natação. Quando eles decidiram continuar no Brasil, os três filhos foram impedidos de sair de Cuba por dois anos. Para ele, a grande mudança na ilha ocorrerá quando houver liberdade de expressão, de ir e vir e o pluripartidarismo. "Com a renúncia, a pressão internacional pode acelerar essas mudanças. Mas ainda não dá para festejar", acredita Ileana. O médico Carlos Rafael Jorge Jiminez, de 58 anos, concorda. "Não vai acontecer nada por enquanto. Enquanto não tiver liberdade, eu não volto."

O gerente de projetos Julio de La Guardia, 34, acredita que Fidel continuará a influenciar nas decisões políticas. "Não estou vendo muita diferença com a saída dele. A situação do país só vai mudar quando Fidel morrer", disse. Ainda assim, o gerente é menos duro quando o assunto é o fim do castrismo. "Acho que o irmão de Fidel (Raúl Castro) poderá mudar algumas coisas. Ele é menos utópico que Fidel."

Para o empresário e refugiado político Rennier Lopez, de 28 anos, a saída do ditador é uma oportunidade para novos dirigentes — mesmo que aliados de Fidel — participarem mais das decisões do país. "O Judiciário tem de ser independente. Pelo menos 60 presos políticos têm de ser libertados e o governo tem de reconhecer outros partidos políticos. Isso iria me entusiasmar", defende Lopez que, em Cuba, foi expulso da faculdade e do emprego porque era de um grupo dissidente do governo.

Comentários

Postagens mais visitadas