Cuba: Especial Correio Braziliense - Parte IV: Brasileiras relatam clima na ilha

Era para ser um "matutino" rotineiro, ritual no qual estudantes da Universidade Orlando Gutiérrez, em Nueva Gerona — capital da Isla de La Juventud —, perfilam-se diante da bandeira e cantam o hino de Cuba. No entanto, a paulistana Estela Maria Mota Oleiro, de 23 anos, percebeu que havia algo de diferente. "Nossa diretora leu a carta de Fidel, em que ele prometia ser um homem de palavras a partir de agora. Ela ficou muito emocionada e colegas cubanos também ficaram muito tristes", relatou. Segundo a caloura da Faculdade de Medicina, o clima no país é muito tenso. "O povo daqui trata Fidel como se fosse Deus, é como se ele tivesse morrido", disse.

A publicitária goiana Claudia Melissa Neves dos Santos, de 28 anos, tinha um objetivo: conhecer a Cuba de Fidel antes que ele morresse e tudo mudasse. Depois de 17 dias na ilha e de muitas conversas com cubanos, ela retornou ao Brasil na sexta-feira passada. "Vejo que a situação na ilha não vai sofrer alterações. Fidel abriu mão do governo para garantir a continuidade do regime e evitar que um louco tome o poder a qualquer custo", opinou. Claudia fez questão de perguntar o que os moradores da ilha pensavam sobre o ex-presidente. Segundo ela, muitos ficaram assustados com a pergunta, falaram bem sobre o socialismo, mas admitiam que queriam ter mais dinheiro e liberdade. "No entanto, as pessoas não estão insatisfeitas, não querem pular no mar para chegar aos Estados Unidos", completou.

Pela manhã de ontem, a catarinense Juliana Secchi, de 22 anos, caminhou pelos becos de Havana com o jornal Granma às mãos. Falou com várias pessoas, não observou comemoração ou pesar e presenciou o tema da renúncia em grupos pequenos de cubanos. "Até as 11h muitas pessoas não sabiam da notícia. Aquelas com quem falei acreditam que tudo continuará como está, pois a Revolução vai muito além de Fidel", afirmou. (RC)

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