Campanha vai custar R$ 1 bilhão aos candidatos

Se quiser ser prefeito, um político precisa gastar em média R$ 83 mil, segundo levantamento de jornal

Com a proximidade das eleições municipais, os partidos se organizam para arrecadar doações de campanha. A primeira pergunta é óbvia: quanto custa uma campanha? Os números das eleições de 2004 são um bom indicativo. Na média do país, uma campanha para prefeito custa R$ 83 mil, enquanto a de vereador fica por R$ 3,2 mil. Mas essa média é puxada para baixo pelo grande número de pequenos municípios. No estado do Rio de Janeiro, por exemplo, a média das campanhas chega a R$ 213 mil. Na capital, o prefeito reeleito, César Maia (PFL), arrecadou R$ 2,7 milhões. Em São Paulo, o prefeito eleito, José Serra (PSDB), levou R$ 14,8 milhões. Mais ainda conseguiu a derrotada Marta Suplicy (PT): com R$ 16,5 milhões.

O levantamento foi feito pelo Correio Braziliense a partir da base de dados do programa Às Claras, da Transparência Brasil, com informações oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O total da arrecadação dos 354 mil candidatos chegou a R$ 1,28 bilhão. Considerando a inflação do período (cerca de 20%), o custo total da campanha deverá chegar a R$ 1,5 bilhão.

Os números que saem das urnas e das contas bancárias dos candidatos mostram uma realidade preocupante — quase sempre o vencedor arrecada mais do que os seus adversários. Esses dados reforçam a idéia de que o poder econômico decide as eleições, mas o tesoureiro do DEM, Saulo Queiroz, levanta outra tese: “A capacidade de arrecadação depende de muitos fatores. O principal é saber se o candidato tem chances de vitória”. Em outras palavras, os doadores querem retorno garantido para o investimento.

Diferenças ― Em geral, a campanha dos prefeitos eleitos é duas vezes mais cara do que a dos derrotados. A maior diferença aconteceu em Alagoas (3,4 vezes): R$ 98,5 mil dos eleitos contra R$ 28,9 mil dos perdedores. O prefeito eleito de Maceió, José Cícero Almeira (PDT), arrecadou R$ 2,7 milhões, enquanto os cinco candidatos não-eleitos receberam um total de R$ 841 mil. Os seis estados onde essa diferença é maior são do Nordeste. Mas essa tendência regional é desfeita logo em seguida. Na oitava colocação, aparecem São Paulo e Rio de Janeiro, com índice de 2,1.

Considerando as eleições para vereador, as diferenças são ainda maiores. No Rio de Janeiro, a campanha dos eleitos custa R$ 13,8 mil, em média. Isso representa 12 vezes a arrecadação dos derrotados: R$ 1,13 mil. Em seguida, vem Roraima, onde a média das contribuições dos vencedores (R$ 1,34 mil) foi 10 vezes maior do que a dos não-eleitos (R$ 135). O valor das doações varia muito. A campanha mais cara foi a do vereador da capital José Reinaldo da Silva (PMDB), com R$ 40 mil. Mas dezenas de vereadores eleitos em todo o estado declaram não ter recebido um único centavo de doação.

A maior arrecadação nas disputas pelas câmaras municipais foi a de Andrea Gouvêa Vieira (PSDB), no Rio, com R$ 819 mil. Mas só dinheiro não garante eleição. Dalva Lazaroni (PV) gastou R$ 490 mil e ficou como suplente na Câmara do Rio. Das 20 maiores campanhas, oito são do Rio, e 11 de São Paulo.

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