Desaparecimento do jogador Adriano: um caso transcendental de comportamento

As 72 horas de Adriano

Como foram os três dias em que o craque passou desaparecido na favela onde nasceu - e que culminaram com a sua decisão de interromper a carreira

CRISE Adriano diz que está triste na Itália e quer ficar no Brasil. A sua ex-namorada Joana Machado dá outra explicação: "Ele exagera no álcool"

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Durante três dias, o renomado jogador Adriano, da In ternazionale de Milão e da Seleção Brasileira, conhecido como "Imperador" na Itália por seu talento dentro de campo, ficou desaparecido. Ninguém sabia o paradeiro do craque de 27 anos, que havia sido visto pela última vez na quarta-feira 1º, quando os jogadores da Seleção Brasileira se despediram no vestiário do estádio Beira Rio, em Porto Alegre, depois da vitória de 3 a 0 sobre o Peru. Na ocasião, Adriano tinha nas mãos uma passagem aérea para Milão, para onde deveria ter embarcado.

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Não deu as caras no clube italiano nem foi para sua casa, na Barra da Tijuca, no Rio. O desespero foi geral. Chegou-se a especular que ele havia morrido e a polícia foi acionada. Três dias depois, foi encontrado no Morro da Chatuba, zona norte do Rio, onde nasceu. ISTOÉ recompôs as 72 duas horas em que um dos mais festejados craques do futebol simplesmente evaporou, fazen do ferver boatos que repercutiram no mundo inteiro. "Ele sofre de perturbação mental e precisa de acompanhamento psiquiátrico, tem conflitos que precisam ser equilibrados", chegou a dizer o superintendente de futebol do São Paulo Futebol Clube, Marco Aurélio Cunha, responsável por sua contratação pelo clube no ano passado.

Na quinta-feira 9, o atacante quebrou o silêncio numa coletiva de imprensa no Rio. Além de se recusar a voltar à Itália, Adriano também negou a intenção de se internar para realizar uma possível reabilitação. "Não vou a clínica nenhuma, não sou doente", disse. "Vou tentar recomeçar para ter alegria de jogar."

O atacante explicou que estava muito infeliz no clube italiano e anunciou que vai parar de jogar por tempo indeterminado. "Não sei se vou ficar um, dois, ou três meses sem jogar", afirmou, aparentemente tranquilo. "Não estava feliz na Itália. Sou feliz no Brasil ao lado dos meus amigos e dos meus familiares."

Durante o tempo em que esteve sumido, Adriano se divertiu num baile funk, bebeu muita cerveja na rua com uma turma de amigos e circulou pela favela acompanhado de um morena misteriosa. Seu quartel general foi a casa dos tios, na rua A. Lá ele chegou ainda na noite da quarta-feira 1º. Mas nem dormiu. Já na quinta-feira 2, por volta de 9h30, foi visto na região da comunidade conhecida como Grotão. Vestia bermuda e camiseta e calçava chinelo.

A cena relatada por outros moradores descreve o atleta cercado de amigos e bebendo cerveja em quantidade bem acima do recomendado a um esportista. Tanto na sexta quanto no sábado foi visto conversando com jovens que fazem parte da quadrilha do tráfico local. Alguns foram seus companheiros de infância. "Eles vêm falar comigo, perguntam como é a vida na Itália. Sinto pena, eles têm uma vida curta, não podem sair", já declarou Adriano em outras ocasiões. Fosse apenas um contato rápido, não haveria mesmo problema. A questão é que o jogador passou muito tempo junto com eles, bebeu com o grupo (não foi relatado à ISTOÉ o uso de drogas) e chegou a virar a noite acordado. "Sou feliz na favela e vou continuar indo lá", disse o craque, na coletiva. Adriano teve, também, a frequente companhia de uma bela morena, que não é moradora da comunidade.

COMUNIDADE No Morro da Chatuba, onde é patrono de um time de futebol, o jogador curtiu um baile funk: a mãe teve de buscá-lo.

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No sábado, essa mulher estava a seu lado no baile funk, na quadra comunitária do Grotão. Um dos participantes era o MC Smith, conhecido na comunidade por suas músicas com apologia aos traficantes do lugar. Já raiava o domingo quando dona Rosilda, mãe do jogador, foi até o local e convenceu o filho a ir com ela para casa, na Barra. Resgates desse tipo não são novidade. "Fui algumas vezes à Vila Cruzeiro a pedido da dona Rosilda para buscá-lo", disse a personal trainer Joana Machado, sua ex-namorada. Adriano esteve no Brasil há dois anos para tratar-se tanto do problema com álcool quanto de uma depressão. "Ele vive uma situação delicada", declarou o técnico do Inter, José Mourinho. "O problema é que às vezes exagera no álcool", frisou Joana.

Com a decisão de Adriano de interromper a carreira e ficar no Brasil, seu agente, Gilmar Rinaldi, vai para a Itália negociar a situação do atleta com a Inter de Milão, com a qual ele tem contrato até 2010. O próprio Adriano sugeriu que seus salários sejam suspensos até que sua situação seja resolvida. O jogador nunca teve uma torcida tão grande a seu favor.

Fonte: Isto É.

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Comentário do blog: Como o leitor pode muito bem perceber. Esses meninos, nascidos pobres e geralmente em um seio familiar complicado, carecem de uma formação moral e espiritual que os façam encarar o bilionário mundo de interesses o qual seu talento é a moeda.
Tornam-se milionário rapidamente ― só o muito talentosos ―, são assediados por todo tipo de tentações: festas, mulheres, drogas… E poucos se saem incólumes do mundo das futilidades do high society internacional.
Imagino que Adriano deve se perguntar se o preço vale a pena.

Um comentário genial de quem o conheçe muito bem resumo esse drama de comportamento. Foi do ex-técnico da Selação Brasileiro e que atualmente está dirigindo o Fluminense. Disse Parreira:
― O caso do Adriano é transcendental!

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