Dilma desmente ex-secretária da Receita Federal


Correio Brasiliense


Dilma negou ter pedido para encerrar investigação contra Fernando Sarney
A qualquer custo, a oposição pretende levar ao Senado a ex-secretária de Receita Federal Lina Maria Vieira de olho na ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, escolhida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para sucedê-lo em 2010. Os adversários do Planalto querem que Lina confirme as declarações que deu à Folha de S. Paulo no domingo. A ex-número 1 da Receita disse que a ministra da Casa Civil perguntou-lhe, durante encontro que teriam tido a sós em dezembro passado, se ela podia “agilizar” uma investigação contra as empresas de Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Lina afirmou ter entendido a mensagem do pedido da seguinte forma: encerrar a investigação contra um dos filhos de Sarney.

Desde o mês passado, os adversários do Planalto queriam levá-la ao Senado. Têm em mãos um requerimento pronto na CPI da Petrobras para chamá-la em função de suposta manobra contábil feita pela Petrobras que teria resultado numa compensação fiscal de R$ 4,3 bilhões em favor da estatal. Lina teria contestado esse artifício e, sem apoio no governo, acabou demitida da Receita. Mesmo com o novo caso envolvendo a família Sarney, os oposicionistas estão cientes de que serão derrotados na CPI em eventual votação. Terão que se contentar em ouvir hoje o depoimento do secretário interino da Receita, Otacílio Dantas Cartaxo.

Dessa forma, a aposta da oposição está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, presidida pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO). A estratégia tem sido articulada nos últimos dois dias pelos tucanos e democratas da Casa. O senador Álvaro Dias afirmou que, “por ora”, não vê motivos para convocar a ministra da Casa Civil antes da ex-titular da Receita Federal. “Se ela (Lina Vieira) confirmar essa interferência, vamos ter que convocá-la”, afirmou o senador, que considerou “grave” a denúncia.

A estratégia é a mesma adotada pela oposição no ano passado, quando uma manobra do senador Marconi Perillo (PSDB-GO), presidente da Comissão de Infraestrutura, convocou Dilma para explicar o dossiê de gastos de Fernando Henrique Cardoso. O tiro, no entanto, saiu pela culatra. No dia do depoimento, o líder do Democratas, Agripino Maia (DEM-RN), usou uma declaração de que a ministra teria mentido muito durante a ditadura para questioná-la se mentia também à comissão. “Eu fui barbaramente torturada, senador. Qualquer pessoa que ousar falar a verdade para os torturadores, entrega os iguais. Eu me orgulho muito de ter mentido na tortura, senador”, respondeu Dilma, desarmando a oposição.

A ministra da Casa Civil negou, mais uma vez ontem, ter sequer se encontrado com Lina Vieira a sós. O presidente Lula disse que a matéria é fantasia. “Quem construiu essa fantasia, essa história, em algum momento vai ter que dizer que foi ledo engano”, declarou em Quito, no Equador.

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