Deputado paraense quer divisão do estado e criação do Carajás

Eleito pelo PDT do Pará, o deputado Giovanni Queiroz, ainda em 1992, criou o Decreto Legislativo 159-B que pede a criação do Estado do Carajás. Entretanto, Giovanni, ressalta que o decreto foi reproduzido no Senado pelo então Senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO). Depois de tramitar nas Comissões, no último dia 05 de maio, o assunto foi a Plenário e esquentou o Congresso Nacional. Um plebicito irá definir pela divisão do Pará. “A criação do Estado nos permite sonhar com um desenvolvimento muito acelerado de toda a região.    “Nós temos ali um diferencial do Tocantins: a riqueza mineral que hoje a região do Carajás abriga”.

 
JORNAL PÁGINA ABERTA - O senhor criou o Decreto Legislativo 159-B, que pede a criação do estado do Carajás, analisou item por item e mostrou os motivos para criar a nova unidade federativa. E agora, quais são as perspectivas para o futuro do novo Estado?
 
Giovanni Queiroz – Esse decreto de 1992, de minha autoria, foi reproduzido no Senado pelas mãos do então senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO) e ali tramitou sob a batuta desse senador, com apoiamento iclusive da unanimidade dos senadores. A criação do Estado nos permite sonhar com um desenvolvimento muito acelerado de toda a região sul e sudeste do Pará, até porque o exemplo do Tocantins nos permite acreditar nesse desenvolvimento. Nós temos ali um diferencial a mais do que o Tocantins: a riqueza mineral que hoje a região do Carajás abriga. E isso já nos permite sonhar com, no mínimo, o mesmo ritmo de desenvolvimento que se passa no Tocantins.
 
JORNAL PÁGINA ABERTA - O senhor concorda que o parlamento brasileiro ainda dorme em sono profundo em relação à revisão geopolítica brasileira?
Giovanni Queiroz – Parece que o Parlamento brasileiro e o próprio executivo ainda não acordaram para a importância que é a revisão geopolítica do Brasil e, particularmente, essa revisão geopolítica para a Amazônia. O modelo experimentado pelo Mato Grosso em 1977 e Tocantins em 1988, são dois grandes laboratórios disponibilizados para o povo brasileiro, para o governo federal, o Executivo nacional, para o Congresso Nacional poder analisar, e esse laboratório na verdade tem produzido resultados extraordinários. O estado do Tocantins, que era o “corredor da miséria” goiana, se transforma em um dos Estados de maior ritmo de desenvolvimento do país. Portanto, esse laboratório já comprova a necessidade e a importância que é criar novas unidades territoriais no Brasil.
 
JORNAL PÁGINA ABERTA – Seria interessante, para o estado mãe (Pará), a criação doestado do Carajás sob o ponto de vista da Lei Kandir?
Giovanni Queiroz – Na verdade esse é um dos fatores econômicos que beneficiará o estado do Pará com a criação do estado do Carajás, além desse há muitos outros. É interessante frisar o seguinte, o estado do Pará (o estado mãe), a exemplo do estado do Tocantins com Goiás e do Mato Grosso com Mato Grosso do Sul, não será prejudicado. Pelo contrário, uma gestão mais próxima de uma área territorial menor, sem dúvida nenhuma, facilita em muito para o gestor poder implementar as ações próprias de Estado. Por outro lado, o estado mãe vai manter mais de 80% do parque industrial do estado do Pará. O estado mãe detém hoje, hospitais de primeiro mundo,seis universidades, portanto não terá nenhum prejuízo uma vez que possui, além de outras riquezas minerais, o acesso ao mar piscoso e um encorpado setor de serviços.
 
JORNAL PÁGINA ABERTA - O senhor disse que o (atual) Pará é 60 vezes maior do que Sergipe e 42 vezes maior do que Alagoas, e como governar uma extensão territorial desta monta?
 
Giovanni Queiroz – Eu tenho dito que não existe bom governador para um Estado com a dimensão do Pará. “O que os olhos não vêem o coração não sente” é um dito popular já antigo, mas que a cada dia mais se confirma. Nós precisamos criar mais municípios no Pará. Precisamos fazer uma revisão geopolítica da Amazônia para diminuir a extensão territorial dos nossos Estados e para melhor esclarecer: o Pará sozinho é maior que 8 países da Europa. Ou seja, inadministrável, no sentido de pensarmos uma administração que esteja próxima do cidadão, daí a necessidade dessa divisão territorial.
 
JORNAL PÁGINA ABERTA - O senhor disse que a divisão do Estado do Pará é necessária para a nação brasileira.Explique melhor.
 
Giovanni Queiroz – O Brasil precisa diminuir as desigualdades regionais. Essa diretiva está prevista na Constituição Cidadã de 1988, na medida em que nós fizermos a divisão territorial, a exemplo do que ocorreu com o Mato Grosso e com o Tocantins, como instrumento de alavancagem do desenvolvimento. Não existe, até hoje, nenhum instrumento mais forte do que este e que está confirmado pelas experiências desses dois novos Estados. Então percebo que estamos indo ao encontro daquilo que prevê a própria Constituição. Vamos diminuir as desigualdades acelerando o desenvolvimento das regiões mais pobres, como é a região Norte.
 
JORNAL PÁGINA ABERTA - E a briga pela criação do estado de Carajás vai mais além. O senhor quer ainda a criação do estado do Tapajós. Por quê?
 
Giovanni Queiroz – São duas regiões irmãs que lutam pelas mesmas causas, têm os mesmos objetivos, possuem os mesmos sonhos e estão convencidos de que a criação desses dois novos Estados estará acelerando o desenvolvimento de todo o Pará, da Amazônia, e será benéfico para todo o Brasil.
 
JORNAL PÁGINA ABERTA - O Pará, pós divisão, será do tamanho do estado de São Paulo. Como ficará a questão da industrialização do Estado?
 
Giovanni Queiroz – A exemplo do estado de São Paulo, que tem 250 mil km², assim também será o tamanho que ficará o estado mãe (Pará) e, portanto, não teria nenhuma dificuldade em relação à extensão territorial para se tornar um grande Estado, que tenho certeza será.
 
JORNAL PÁGINA ABERTA - O Pará é violento por excelência. O senhor tem algum projeto para dirimir esta violência durante a construção da nova capital e estruturação do novo Estado? Como?
 
Giovanni Queiroz – Aliás, a questão da violência é uma questão nacional. Mas, colocando sob a perspectiva do Pará, a ausência de Estado na Amazônia, de maneira geral, permite que se intensifique a violência pela impunidade. Eu acredito que, com a criação de novos Estados, com o governo mais próximo do cidadão, mais atento às suas necessidades, haverá mais ações junto às demandas da sociedade. E isso vai implicar também em geração de emprego, renda, e melhor qualidade de vida para o nosso povo e, por conseqüência natural, a diminuição da violência.
 
JORNAL PÁGINA ABERTA - Já existe um estudo que comprova de fato a viabilidade desse Estado e que vai mudar a história do povo dessa região para melhor. O que está faltando para a realização do intento?
 
Giovanni Queiroz – Temos um estudo recentemente elaborado sob a coordenação do economista Célio Costa, por sinal, o mesmo que defendeu a tese num trabalho anterior à criação do Tocantins, da viabilidade econômica daquele Estado. O Célio Costa atualmente está residindo em Goiânia (GO) e foi contratado pelo empresariado da região sudeste do Pará e pela Associação dos Municípios do Araguaia Tocantins, produzindo um excepcional trabalho, um estudo que comprova a condição extraordinária de viabilidade do que será o novo Estado. Destaco ainda o estado do Tocantins, que era o “corredor da miséria” do Goiás, tendo se viabilizado como ocorreu. Sem dúvida nenhuma, não precisaria nem de outro maior estudo. Basta a constatação do que se deu no Tocantins, como testemunha do que afirmamos como viabilidade do Estado do Carajás.
 
JORNAL PÁGINA ABERTA - A criação do estado de Carajás é o maior sonho da sua vida?
 
Giovanni Queiroz – Da minha e de milhares de homens, mulheres, jovens, crianças que ali vivem e entendem que a presença do Estado vai poder tornar a nossa vida muito melhor. Nós vamos poder dar uma contribuição ao Brasil com o nosso desenvolvimento, e vamos poder permitir a milhares de brasileiros o sonho de viver uma vida mais digna. Portanto, é o sonho de nós todos.

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