ENTREVISTA
Para desagrado de seus detratores – e não são poucos –, o blog publica a primeira manifestação do jornalista e apresentador Boris Casoy, âncora do jornal da Record, que em entrevista relata como e porque foi sumariamente demitido da Rede do Bispo Edir Macedo.
– Boris Casoy: Para os que pensam que estamos vivendo numa democracia, é bom que saibam: Voltou a Ditadura!
– Boris Casoy: ''Fui tratado como bandido''. Após três meses em silêncio, o jornalista Boris Casoy diz que foi truculenta a sua demissão da Record e afirma que recebeu ameaças do ex-ministro.
P - Houve ameaça direta a você?
R - Não. Houve o telefonema do Zé Dirceu (para a Record). A diretoria me pôs a par: "Ele disse que vai prejudicar a Record e você pessoalmente se não parar". Essa foi a última (ameaça)... que vinha de uma série. O Zé Dirceu caiu em 13 de fevereiro, (meu aniversário).
Depois que ele caiu, as pressões foram reduzidas. As ameaças (aconteceram) direto para o presidente da Record, que era o Dênis Munhoz.
P - Outro político acenou com ameaça?
R - Nós recebemos um relatório do diretor do escritório de Brasília da Record, que participou de uma reunião em Brasília - as emissoras acertavam questões de publicidade com o governo. Dizia: "Olha, com o Boris Casoy não dá para ter publicidade". Me contaram ainda que o (Luiz) Gushiken (ex secretário de Comunicação) tinha insinuado para o presidente da Record: "Com o Boris lá fica difícil o relacionamento com vocês". Houve telefones de gente da bancada evangélica: "Olha, o Zé Dirceu reclamou. Isso atrapalha a gente".
P - Do que os políticos reclamavam?
R - Não eram os comentários. A queixa era com a insistência no noticiário. E eu perguntava: "Qual é o ponto?". Mas jamais o governo explicou! Uma vez noticiamos - todo mundo noticiou - o fato de 14, 15 jovens terem usado o Palácio, transportados de avião, amigos de um filho do Lula.
Aí, um senador do PT me procurou e disse que o Lula tinha se ofendido, considerou invasão da privacidade. Falou: "Ele está separado do filho dele. A maneira de ter os filhos mais próximo é convidar os amigos para ficarem junto dele no Palácio nas férias". Eu falei: "Perfeito... Só que não às minhas custas, às do País".
P - Houve pressões similares no governo Fernando Henrique?
R - Não. Quando errávamos, ligavam o secretário de Imprensa ou o próprio presidente e nós retificávamos. Havia um diálogo democrático. Mas nenhuma pressão ou ameaça de retaliação, do tipo "vamos prejudicar".
P - Com as pressões, imaginava que pudesse ser demitido?
R - Quando vi que a Igreja Universal fez um partido político, achei que as coisas podiam engrossar, mas não imaginava que ia ser assim. A maneira como foi feita, dia 30 de dezembro, foi truculenta. Estaria de folga no dia (era uma sexta-feira) e na segunda viajaria.
Foi pensado para evitar divulgação. Sou chamado às quatro da tarde da sexta, informado que o contrato está rompido e que a Salete Lemos seria impedida de apresentar o jornal aquele dia.
Durou 10 minutos. Falei: "Tá bom. Quando o sr. quer que eu pare?".
E o bispo Honorílton Gonçalves (superintendente executivo da Record): "Já.Imediatamente". Não é soco, eu levei um coice! Fui tratado como um bandido. Me senti humilhado! Fui tratado com uma violência imerecida, como um inimigo, uma pessoa suspeita.
P - Enquanto Lula estiver no governo é um jornalista desempregado?
R - Não. Tô desempregado de televisão, mas tenho convites de jornais, de rádios, que basta eu dizer sim. Estou órfão de tevê, mas não imaginei isso.
P - Por que ainda não foi contratado?
R - Emissoras conversaram comigo. Não devo falar quais. Não se colocou, mas eu iria colocar que não vou trabalhar num jornal ou programa de entrevista onde eu seja cerceado. Já passei da idade! Pode ser - ninguém me disse - que isso possa ser um entrave em ano de eleição. Mas sou um bom produto publicitário. Prefiro televisão. Se não der, faço jornal, rádio-jornal. Espero o tempo que precisar para encontrar uma proposta que me dê prazer profissional. Do contrário, prefiro ficar fora. Esse dia chegará, quaisquer que sejam as circunstâncias. E tanto faz bancada de jornal, programa de entrevista...
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Matéria enviada ao blog pelo jornalista, radialista e apresentador de TV Milton Farias, mineiro radicado em Marabá-PA.
– Boris Casoy: Para os que pensam que estamos vivendo numa democracia, é bom que saibam: Voltou a Ditadura!
– Boris Casoy: ''Fui tratado como bandido''. Após três meses em silêncio, o jornalista Boris Casoy diz que foi truculenta a sua demissão da Record e afirma que recebeu ameaças do ex-ministro.
P - Houve ameaça direta a você?
R - Não. Houve o telefonema do Zé Dirceu (para a Record). A diretoria me pôs a par: "Ele disse que vai prejudicar a Record e você pessoalmente se não parar". Essa foi a última (ameaça)... que vinha de uma série. O Zé Dirceu caiu em 13 de fevereiro, (meu aniversário).
Depois que ele caiu, as pressões foram reduzidas. As ameaças (aconteceram) direto para o presidente da Record, que era o Dênis Munhoz.
P - Outro político acenou com ameaça?
R - Nós recebemos um relatório do diretor do escritório de Brasília da Record, que participou de uma reunião em Brasília - as emissoras acertavam questões de publicidade com o governo. Dizia: "Olha, com o Boris Casoy não dá para ter publicidade". Me contaram ainda que o (Luiz) Gushiken (ex secretário de Comunicação) tinha insinuado para o presidente da Record: "Com o Boris lá fica difícil o relacionamento com vocês". Houve telefones de gente da bancada evangélica: "Olha, o Zé Dirceu reclamou. Isso atrapalha a gente".
P - Do que os políticos reclamavam?
R - Não eram os comentários. A queixa era com a insistência no noticiário. E eu perguntava: "Qual é o ponto?". Mas jamais o governo explicou! Uma vez noticiamos - todo mundo noticiou - o fato de 14, 15 jovens terem usado o Palácio, transportados de avião, amigos de um filho do Lula.
Aí, um senador do PT me procurou e disse que o Lula tinha se ofendido, considerou invasão da privacidade. Falou: "Ele está separado do filho dele. A maneira de ter os filhos mais próximo é convidar os amigos para ficarem junto dele no Palácio nas férias". Eu falei: "Perfeito... Só que não às minhas custas, às do País".
P - Houve pressões similares no governo Fernando Henrique?
R - Não. Quando errávamos, ligavam o secretário de Imprensa ou o próprio presidente e nós retificávamos. Havia um diálogo democrático. Mas nenhuma pressão ou ameaça de retaliação, do tipo "vamos prejudicar".
P - Com as pressões, imaginava que pudesse ser demitido?
R - Quando vi que a Igreja Universal fez um partido político, achei que as coisas podiam engrossar, mas não imaginava que ia ser assim. A maneira como foi feita, dia 30 de dezembro, foi truculenta. Estaria de folga no dia (era uma sexta-feira) e na segunda viajaria.
Foi pensado para evitar divulgação. Sou chamado às quatro da tarde da sexta, informado que o contrato está rompido e que a Salete Lemos seria impedida de apresentar o jornal aquele dia.
Durou 10 minutos. Falei: "Tá bom. Quando o sr. quer que eu pare?".
E o bispo Honorílton Gonçalves (superintendente executivo da Record): "Já.Imediatamente". Não é soco, eu levei um coice! Fui tratado como um bandido. Me senti humilhado! Fui tratado com uma violência imerecida, como um inimigo, uma pessoa suspeita.
P - Enquanto Lula estiver no governo é um jornalista desempregado?
R - Não. Tô desempregado de televisão, mas tenho convites de jornais, de rádios, que basta eu dizer sim. Estou órfão de tevê, mas não imaginei isso.
P - Por que ainda não foi contratado?
R - Emissoras conversaram comigo. Não devo falar quais. Não se colocou, mas eu iria colocar que não vou trabalhar num jornal ou programa de entrevista onde eu seja cerceado. Já passei da idade! Pode ser - ninguém me disse - que isso possa ser um entrave em ano de eleição. Mas sou um bom produto publicitário. Prefiro televisão. Se não der, faço jornal, rádio-jornal. Espero o tempo que precisar para encontrar uma proposta que me dê prazer profissional. Do contrário, prefiro ficar fora. Esse dia chegará, quaisquer que sejam as circunstâncias. E tanto faz bancada de jornal, programa de entrevista...
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Matéria enviada ao blog pelo jornalista, radialista e apresentador de TV Milton Farias, mineiro radicado em Marabá-PA.
2 comentários:
Faltou a indicação nesta entrevista, da fonte de envio do material, ou seja, o seu amigo Milton Faria
Vai para a front view.
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