Renovação na Câmara dos Deputados

Imperdível a leitura de texto do jornalista Marcondes Sampaio, que desde 1974 faz previsões sobre o percentual de renovacão da Câmara dos Deputados, publicada pelo jornalista Etevaldo Dias, há trinta anos na cobertura política em Brasília (DF).

Previsões para futura Câmara vêm sendo acuradas

Se você ainda não assistiu a propaganda gratuita dos candidatos a presidente, é admissível. Mas se não viu a propaganda dos candidatos a deputado federal, é plenamente compreensível. É algo sofrível. Preocupa, contudo, o que deve sair disso tudo para compor a futura Câmara. As previsões vêm sendo acuradas.

Os dados disponíveis no Tribunal Superior Eleitoral dão conta da existência de 5.470 candidatos a deputado federal, número que deve ser um pouco reduzido ao longo do processo. O Rio de Janeiro tem 17 candidatos por vaga; São Paulo, 15,6; Distrito Federal, 14; e Minas Gerais, 10,8 candidatos por vaga. Tudo isso apresentado em seqüência, privilegiando com mais tempo alguns escolhidos como puxadores de voto, ninguém merece.

Dado ao exercício de projeções para as eleições no Legislativo, o jornalista Marcondes Sampaio, que iniciou a prática em 1974, considera que o conjunto de deputados que vai sair das urnas deve ser renovado em 40% em relação ao quadro atual. Esta renovação, porém, deve ter como marca a forte participação de nomes com passagem anterior pelo Congresso e daqueles que cumprem a escalada tradicional da política, a partir dos cargos municipais. Pelo grau de atratividade da atividade parlamentar, são baixas as perspectivas eleitorais de sindicalistas, empresários, formadores de opinião e profissionais liberais de sucesso.

Para a próxima legislatura, Marcondes Sampaio também estima uma escassez de lideranças, ante a perspectiva de vitória de poucos nomes de expressão política e do afastamento de 30 deputados atuantes, que optaram por seguir a escalada, disputando cargos majoritários. Do sombrio quadro de lideranças pode se firmar o ex-ministro Ciro Gomes, candidato pelo PSB do Ceará. Antonio Palocci e José Genoíno também são candidatos pelo PT de São Paulo, mas com eleições difíceis e, se eleitos, em situação desfavorável para atuar.

O analista se apóia na avaliação do deputado Michel Temer, presidente do PMDB, para prever que esse partido deve fazer de 80 a 90 deputados, constituindo a maior bancada. Sampaio espera bem menos do PT, que em 2002 elegeu 91 deputados. Para este ano, sua estimativa vai de 65 a 72 deputados.

Em relação a PFL e PSDB, a expectativa de Marcondes Sampaio é de que venham a somar 130 deputados, média entre os 138 que tomaram posse em 2003 e os 122 que compõem atualmente as bancadas. As causas seriam justamente as perdas sofridas para partidos que apóiam o governo, além do fato de que, das atuais fileiras tucanas, 14 não vão disputar a reeleição. É o caso de Alberto Goldman e Aloysio Nunes Ferreira, de São Paulo, de Ronaldo Cezar Coelho e Eduardo Paes, do Rio, e de Yeda Crusius, do Rio Grande do Sul.

Por práticas incompatíveis com o decoro parlamentar, PL e PTB devem sofrer fortes perdas em relação às atuais bancadas, respectivamente de 37 e 43 deputados. O PP, que completa o "trio ovelha negra", pode se sustentar, segundo Sampaio, na força da região Sul. O partido, que conta atualmente com 49 deputados, é representativo no Rio Grande do Sul e no Paraná, além de estar disputando o governo de Santa Catarina, com o ex-governador Esperidião Amin.

Para os médios e pequenos partidos de esquerda, Marcondes Sampaio trabalha com os seguintes números: PSB, de 25 a 30; PDT, de 25 a 30; PPS, de 18 a 22; PV, de 14 a 18; PCdoB, de 10 a 15; e PSOL, de quatro a oito.

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