Os limites da censura
Por Carlos Brickmann em 22/8/2006
Desde o início desta campanha eleitoral, o grupo político que apóia a reeleição do senador José Sarney (PMDB-AP) bloqueou por três vezes a manchete da edição online da Folha do Amapá. E qual foi a terrível, devastadora manchete que levou o grupo político do senador a pedir sua retirada do ar, e ser atendido pelo Tribunal Regional Eleitoral?
Está aqui transcrita: "Capiberibe tem 53,6% dos votos válidos e pode vencer no 1º turno".
Qual é o problema? Que estará acontecendo no Amapá, que um jornal é seguidamente censurado, embora a Constituição brasileira (promulgada, a propósito, quando o hoje senador José Sarney era presidente da República) proíba a censura? Por que é proibido publicar o resultado de uma pesquisa?
É estranho. E há outras coisas estranhas: primeiro, o Tribunal Superior Eleitoral não avocar a questão, considerando que não é normal retirar tantas vezes uma notícia do ar; segundo, a sociedade civil ficar quietinha, sem protestar contra aquilo que, pelo menos aos olhos pouco experientes em assuntos jurídicos deste colunista, parece-se muito com perseguição política. E, terceiro, cadê os órgãos que representam patrões e empregados do mundo jornalístico? Cadê a Fenaj, cadê a Associação Nacional do Jornais, cadê a ABI? Se é para ficar quieto enquanto a censura come no longínquo Amapá, a violência terá de se aproximar a que distância de Brasília para que alguém se preocupe?
Artigo publicado no Observatório da Imprensa, Circo da Notícia - www.observatoriodaimprensa.com.br
Anotem: Quanto mais essa Coligação que apóia o Sarney insistir na censura aos veículos, mais voto perderá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário