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Um debate morno a dez dias do "Dia D". Chuchu sem pimenta e Lula sem sal foram sonífero para audiência
por Bruno Arruda
A sorte não escolheu lado no primeiro bloco do debate realizado na noite de quinta-feira no SBT, em que os candidatos discorreriam sobre temas sorteados pela mediadora, Ana Paula Padrão. Entre os quatro temas sacados da urna estavam os respectivos calcanhares de Aquiles: "corrupção" para Lula e "segurança" para Alckmin. Os candidatos se mostraram preparados para as dores de cabeça – ainda que talvez não as esperassem tão cedo no debate.
Também deixaram claras, desde o início, as estratégias que adotariam. Lula levou diversos números sobre cada tema e os fez seguir pelo bordão "nunca antes na história deste país se fez tanto". Alckmin dirigiu-se todo o tempo ao telespectador e contrapôs as realizações apresentadas pelo presidente com "se pra ele está bom; pra mim, não". Lula evocou a "herança maldita" de FHC e procurou passar a idéia de ter construído nos quatro últimos anos as bases para o crescimento nos seguintes. Alckmin buscou se posicionar como um candidato que "olha para o futuro" em oposição a Lula, que de acordo com o ex-governador de São Paulo desperdiçou o mandato e agora se limita a comparar-se com administrações do passado.
Sobre a corrupção, Alckmin enumerou cada uma das denúncias relacionadas ao governo Lula – de Waldomiro Diniz aos 34 dias sem novidades quanto ao dossiê, passando pelo Land Rover do Silvio Pereira e os imbróglios da GTech. Lula reagiu dizendo que esta se torna uma campanha de uma nota só, alegando que os frutos podres vêm à tona porque "nunca antes" se investigou tão a fundo as denúncias. Alckmin ainda replicou que esta campanha tem "175 milhões de notas".
Sobre a segurança, Alckmin federalizou o sítio do PCC à capital paulista, atribuindo ao governo federal a responsabilidade pelo controle das fronteiras, por onde entrariam passando as drogas e armas – causa e vetor da violência. Lula repudiou dizendo que 80% das armas apreendidas são oriundas do próprio país e que, com Alckmin, o PCC poderia se espalhar pelo país. O que, diga-se de passagem, ainda que nenhum dos candidatos tenha se lembrado de mencionar, já aconteceu.
Nos blocos seguintes os candidatos propuseram perguntas um ao outro. Os temas abordados foram em grande parte esperados. Lula falou sobre as intenções de Alckmin quanto às privatizações e perguntou como o tucano pretendia cortar os gastos em orçamento sem margem de manobra. Alckmin falou dos juros altos e do lucro recorde obtido pelos bancos, que chamou de "bolsa-banqueiro".
Ao fim do debate, ambos os candidatos consideraram o confronto mais proveitoso que o anterior. O ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, disse que o presidente se destacou pela sinceridade e por salientar as realizações petistas em face às tucanas. Tasso Jereissati, presidente do PSDB, considerou que Alckmin levou a melhor por ter explicitado que o governo Lula foi o único que "não irrigou nem um palmo de terra" – ao que Lula não respondeu. A partir de agora candidatos e assessores aguardam as sondagens do pós-segundo debate. É a partir delas que ajustarão o tom para o derradeiro encontro, na rede Globo, e para os 9 dias de campanha restantes.
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