Raimundo Santos e Josué Bengston apresentam suas defesas no caso sanguessugas

Conheça a acusação contra Raimundo Santos e sua defesa

Renato Moutinho

Acusação:

O empresário Luiz Antônio Vedoin diz ter conhecido o deputado Raimundo Santos (PL-PA) entre 2001 e 2002. Vedoin disse que firmou acordo com o parlamentar, por meio do qual pagaria a ele uma comissão de 10% sobre o valor total das emendas executadas em favor de municípios do Pará, para aquisição de ambulâncias e equipamentos médico-hospitalares.

Segundo Vedoin, Raimundo Santos teria apresentado emendas para os exercícios de 2003, 2004 e 2005. O empresário afirmou que antecipou ao deputado valores superiores ao que efetivamente foi executado em licitações, possuindo, atualmente, um crédito com o parlamentar.

O empresário afirmou que, por orientação do deputado, as comissões eram depositadas nas contas correntes de diferentes assessores parlamentares, entre eles: Patrícia Pereira Ribeiro, Fábio Pereira da Silva, Artur Paulo Santos Matos e Manoel Gaia Farias. Raimundo Santos também teria orientado Vedoin a fazer depósitos na conta de Ubiratan Lessa Novelino Filho, que é irmão do deputado estadual reeleito Alessandro Novelino e suposto agiota para o qual o deputado devia.

Raimundo Santos apresentou R$ 4,8 milhões em emendas suspeitas de abastecer o esquema de compra de ambulâncias superfaturadas entre 2002 e 2006, segundo relatório parcial da CPMI das Sanguessugas.

Defesa:

Em sua defesa, Raimundo Santos afirma que os depósitos mencionados por Vedoin se referem a doações para pagamento de dívidas remanescentes da campanha do PL em 2002 no Pará. Raimundo Santos diz que seu ex-assessor Jackson Pires Castro era um dos gerenciadores de recursos da campanha eleitoral do PL naquele ano. Segundo o parlamentar, quando Luiz Antônio Vedoin soube da existência das dívidas, ofereceu-se a Jackson Castro para quitá-las, "aparentando boa-fé".

O deputado declara que os depósitos foram feitos em contas de pessoas autorizadas por Jackson Castro a contrair dívidas pelo partido durante a campanha de 2002, entre eles alguns ex-assessores. "Os depositários quitaram, assim, com os valores depositados, dívidas assumidas no correr da campanha", diz Raimundo Santos.

O parlamentar ainda destaca, segundo Vedoin, que teriam sido apresentadas emendas ao Orçamento que beneficiariam 17 municípios do Pará e o próprio estado nos anos de 2003, 2004 e 2005. "De todos os municípios beneficiários das mencionadas emendas, a empresa do falso delator (Luiz Antônio Vedoin) vendeu ambulâncias para apenas três deles, em que pese sua grande presença no mercado nacional", afirmou Raimundo Santos.

O deputado afirma que nunca fez acordo algum com a Planam nem com ninguém em troca de recursos de emendas orçamentárias. "A realização de emendas ao Orçamento para favorecimento de municípios é fato inerente ao exercício de qualquer investidura em mandato de deputado federal", destaca.

Da Redação/RT

Val-André Mutran
Conheça a acusação contra Josué Bengtson e sua defesa

Acusação:

O empresário Luiz Antônio Vedoin disse que conheceu o deputado Josué Bengtson (PTB-PA) em 2000, por meio do ex-deputado Renildo Leal, mas que não tinha com ele nenhum acordo fixo sobre as emendas parlamentares. O acerto se resumia a alguma "ajuda" a Bengtson.

Para o exercício de 2001, segundo Vedoin, Josué Bengtson apresentou emenda para aquisição de unidades móveis de saúde com valor em torno de R$ 400 mil. O deputado apresentou nova emenda de R$ 726,4 mil para o exercício de 2004.

A título de futuro resgate, o deputado teria recebido de Darci Vedoin, pai de Luiz Antônio, um cheque de R$ 35 mil. Também em depoimento na Justiça Federal, Darci disse que foram feitos depósitos em benefício da Igreja Evangélica Quadrangular, nos valores de R$ 19 mil e R$ 20 mil. Outros depósitos foram feitos na própria conta do deputado, nos valores de R$ 5 mil, em 23 de maio de 2003, e R$ 14.992, em 11 de maio de 2004, respectivamente.

Defesa:

Na defesa apresentada ao Conselho de Ética, Josué Bengtson afirmou que não houve acordo nenhum com Luiz Antônio Vedoin. Diferentemente do que declarou o empresário, o parlamentar disse ter apresentado, para 2001, emenda de R$ 530 mil.

Sobre os depósitos em seu nome, Bengtson esclareceu que o primeiro decorreu de uma oferta de Vedoin para pagamento de dívida de campanha. O segundo foi para ajudar em despesas com a pré-campanha de prefeitos em 2004. Ele explicou que, enquanto os depósitos foram feitos em maio de 2003 e maio de 2004, os recursos relativos às emendas foram liberados em novembro e dezembro de 2004 e em março de 2005. Por outro lado, disse, o dinheiro recebido foi devolvido à Planam, como mostra fotocópia do comprovante de depósito feito em agosto de 2006 e anexado à defesa escrita.

Sobre o cheque de R$ 35 mil, o parlamentar explicou que se tratava de uma doação para a Igreja Evangélica Quadrangular. O cheque, porém, foi sustado, de acordo com Bengtson. O parlamentar não contestou os depósitos feitos em nome da igreja. Apenas ressaltou que eles não têm relação com direcionamento de licitações ou apresentação de emendas.

Por fim, a defesa pede a absolvição do parlamentar, que deixou de concorrer às eleições.

Da Redação/NN

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