É por essas e outras que a empresa, aqui e acolá, ganha as páginas que não as da editoria econômica, como seria o óbvio.
Eu, a Vale e os artesãos
Correio do TocantinsPublicado na Coluna Pirucaba
Às vezes não entendo as relações da toda poderosa Companhia Vale do Rio Doce com a Imprensa. Fiquei extremamente chateado com o tratamento que recebi, como repórter da área cultural, na noite do último domingo, no estande da CVRD na Expoama. Achei interessante que a empresa tenha levado a seu espaço, este ano, trabalhos de pessoas ligadas a movimentos culturais que participam do projeto Cultura em Rede.
Logo que cheguei, fui recebido por dois membros da Assessoria de Comunicação da Vale, os quais prestaram, informalmente, algumas informações sobre as atividades desenvolvidas. Quando disse ao rapaz que era repórter do jornal e pedi para ele dar maiores detalhes, o rapaz ‘gelou’ e pediu para eu procurar outra pessoa que estava ali, que poderia falar em nome da empresa.
Outra jornalista que faz parte da equipe chegou a sugerir que este repórter entrasse em contato com Lívia Amaral, de Belém, que esta passaria um release sobre o evento. Mas, eu estava mais interessado em produzir minha própria matéria, fui atrás da outra pessoa indicada pelos dois, que estava ali pertinho. Esta também não quis falar e disse que só prestaria alguma informação sobre o evento se fosse autorizada pela Assessoria de Comunicação.
Fiz a reportagem assim mesmo, colhendo informações apenas com uma artesã ali presente, porque creio que, independente das dificuldades para se obter informações, a gente tem o dever de repassar ao leitor o que acontece de bom na cidade, sobretudo na área cultural.
Após o episódio, lembrei do tempo recente em que atuei como editor de um reconhecido jornal da capital. A primeira recomendação que recebi do editor chefe foi que jamais deveria permitir a publicação de matérias, no caderno regional, que ferissem os interesses de três empresas que têm atuação no Estado. Entre elas, claro, estava a toda poderosa Vale do Rio Doce. Assim, por cerca de um ano tornei-me um escriba do poder, divulgando eventos promovidos pela CVRD e abafando outros, como a versão dos índios da tribo Cateté sobre a invasão do coração da empresa, em Carajás, no ano passado; ou ainda os males causados pelo apito do trem à comunidade do Km 7, em Marabá.
Ainda me faltam informações para completar a matéria do Cultura em Rede. Não pude apurar, por exemplo, quantas pessoas, ao todo, participam da exposição em Marabá. Não tive acesso à programação da semana para o estande, nem as próximas atividades a serem desenvolvidas e em qual município. Mas tudo bem, acho que vou ficar esperando um release pousar no meu e-mail, que é mais cômodo. (Ulisses Pompeu)
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