Obras de Catedral

Não era apenas na ficcional Sucupira que algumas das obras de revelância não são inauguradas.

Em Belém só a pouco uma Unidade do Hospital Sarha saiu do papel. O Hospital Materno-Infantil de Marabá também virou obra de Catedral. não há quem consiga inaugurá-lo. No Rio de Janeiro, em Icaraí, a mesma coisa. Êta brasilzão.





Sucupira carioca

Carlos Eduardo de Mattos

Todos se lembram do grande sucesso da telenovela brasileira "O Bem Amado". Nela, o prefeito de Sucupira era o folclórico Odorico Paraguaçu, brilhantemente interpretado pelo nosso inesquecível Paulo Gracindo, que amargou sucessivos fracassos em inaugurar seu cemitério. Fazendo um paralelo com a ficção podemos dizer que o cemitério de Odorico é hoje o Hospital de Acari do prefeito César Maia. Uma obra faraônica que custou setenta e sete milhões de reais, pagos integralmente com o dinheiro da população. Mais grave ainda é o fato de que quando a prefeitura iniciou a construção do Hospital de Acari já possuía quase 100 milhões de reais de despesas sem empenho. Essa prática, condenada pelo Tribunal de Contas do Município, agravou o caos reinante na saúde pública, uma vez que os fornecedores pararam de ofertar serviços vitais ao funcionamento dos hospitais e postos de saúde da cidade, culminando com a intervenção do governo federal no ano de 2005. Pura imprevidência! A aventura de Acari, inicialmente produto da vaidade e da megalomania, fez com que os hospitais de emergência (Miguel Couto, Souza Aguiar, Salgado Filho, Lourenço Jorge, Paulino Werneck e Rocha Maia), que já funcionavam em regime precário, vítimas da má gestão da prefeitura, sofressem com o covarde desabastecimento de insumos básicos pela falta de pagamento da prefeitura aos seus fornecedores. Para piorar a situação, o prefeito Cesar Maia se recusou a chamar, justamente para a área do Hospital de Acari, centenas de pessoas aprovadas e classificadas no último concurso público da saúde que ocorreu em 2004 e que o próprio alcaide homologou em 12 de janeiro de 2005. Divulgou, sem nenhum constrangimento, a Secretaria Municipal de Saúde: "Ninguém quer trabalhar em Acari." Pura bobagem de quem não faz o seu dever de casa e desconhece as necessidades básicas da saúde carioca. Só para a região de Acari havia quase mil pessoas aguardando serem chamadas para o serviço público. São profissionais de saúde que gastaram em média R$400 em cursos preparatórios, R$60 de taxa de inscrição, além de perderem um final de semana fazendo a desgastante prova de seleção. São pessoas preparadas e previamente selecionadas para atender à população por meio do único instrumento ético e legal que se tem para ingressar no serviço público, ou seja, por meio de concurso. Na contramão da moralidade administrativa, o poder público municipal prefere trabalhar com as já condenadas cooperativas, onde os profissionais são tratados como verdadeiros bóias-frias da saúde. Como ato final da novela da vida real, a Secretaria municipal de Saúde anunciou orgulhosamente que privatizou a gestão do Hospital de Acari, onde haverá um minishopping, ao mesmo tempo em que crianças, mulheres e idosos não disporão de atendimento de emergência. Pobre Rio de Janeiro, que, além de enfrentar epidemias de dengue e de tuberculose, também sofre da chaga da incompetência administrativa, de desmandos e da falta de autoridade para mudar este cenário sombrio de mortes de inocentes.

Um comentário:

Anônimo disse...

porque os governantes nao dao oportunidades para os cooperados com certeza sao muitos uqerendo trabalhar pois os hospitais federais despensaram muitos profissionais,da saude poderiam fazer um contrato e colocar o hospital de acari em funcionamento igual fizeram em 1995 com o hospital da posse

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