Relações perigosas

Gautama: peemedebistas teriam sido beneficiados com desvio de recurso

Segundo "Veja", documentos mostram depósitos para assessores de senadores

BRASÍLIA. Reportagem da revista "Veja" desta semana mostra a evolução patrimonial de caciques do PMDB e aponta o que classifica como novas evidências de favorecimento de peemedebistas no esquema desvendado pela Operação Navalha, da Polícia Federal, que investiga fraudes em obras e licitações públicas. A revista diz que a PF tem provas de que o presidente do Senado, José Sarney (AP), o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), e os senadores Renan Calheiros (AL), Valdir Raupp (RO) e Roseana Sarney (MA) foram favorecidos com recursos desviados. As provas não foram apresentadas na reportagem.

A "Veja" diz que documentos inéditos mostram que o empreiteiro Zuleido Veras, dono da construtura Gautama - e operador do esquema investigado - "recorria à bancada do PMDB no Senado quando precisava de favores em Brasília". Segundo "Veja", ele pagava os favores na época de campanhas eleitorais.

Entre os documentos, "Veja" cita planilha em que constam R$500 mil em contribuições de Zuleido para campanha no Amapá, por orientação de Sarney. Na planilha, Sarney é chamado de "PR" (presidente). A reportagem diz que, segundo a PF, um dos lobistas da empreiteira, chamado José Ricardo, despachava no gabinete de Sarney. Segundo "Veja", a Gautama fraudou a licitação das obras do aeroporto de Macapá (AP), reduto eleitoral de Sarney, e assinou contrato superfaturado em R$50 milhões.

Patrimônio de Renan: de um fusca para R$10 milhões

"Veja" diz ainda que a PF tem comprovantes que mostram o rateio do dinheiro público obtido fraudulentamente por Zuleido: depósitos para assessores de Renan, Raupp e Roseana. A reportagem destaca que entre as provas inéditas há anotações que sugerem repasses de propina a Jucá. A PF não confirmou as informações ontem.

Ao mostrar a evolução patrimonial de peemedebistas, "Veja" enfatiza vários líderes do partido ampliaram em várias vezes suas posses depois de entrar para a política. Cita, por exemplo, que, em 1978, quando entrou na política, Renan Calheiros tinha um fusquinha. Em 2002, declarou à Justiça Eleitoral bens equivalentes a R$1,6 milhão. Hoje, diz a revista, teria um patrimônio estimado em R$10 milhões. Segundo "Veja", Sarney e sua família têm juntos bens estimados em R$125 milhões. Sarney desqualificou as acusações feitas pela revista:

- Eu não tenho nada a declarar. Não há acusação concreta, apenas ilações. Tenho 50 anos de vida pública limpa, nenhum processo ― limitou-se a dizer Sarney, para quem essa "onda de denúncias" só pode ser fruto de ressentimento.


Já Renan, atual líder do PMDB ― a exemplo do que fez diante dos ataques do colega de bancada Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) ― preferiu não comentar. A avaliação feita por Renan é de que faltam fatos concretos e provas. Os outros citados não foram localizados.

Fonte: O Globo.

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