Não é custo, mas vontade política
Primeiro porque as informações de custo são totalmente equivocadas. Em relação por exemplo ao custo de criação do Estado do Tocantins, apesar de ter sido aprovado a aplicação de R$ 500 milhões diluídos em cinco anos, a União simplesmente não trasnferiu esses recursos ao novo Estado.
Segundo dado é que, foi pinçado de um estudo de uma consultora legislativa da Câmara dos Deputados apenas a parte em que ela recomenda cautela quanto à criação de novos Estados e omite a outra série de razões que recomenda a criação dos mesmos como "política de desenvolvimento", ou seja, o jornalista foi tendencioso e parcial, manipulando o contexto do Estudo.
No Carajás, os custos de criação do novo Estado já estão mais do que diluídos, pois, já existe toda a infra-estrutura da máquina de Governo, cabendo a adaptação ou a construção de alguns prédios para complementá-la.
As declarações do Secretário Estadual André Dias nem merecem ser rebatidas de tão inconsistentes. O Estado não tem dinheiro para investir e o PAC não sairá do papel. Façam suas apostas.
Dizer que Carajás se criado será uma Estado pobre é atraso mental de quem formulou essa idéia. A região cresce a taxa que são seis vezes superiores ao resto do Brasil e seu PIB já nasceria como uma dos dez maiores do Brasil.
Há ajustes como a garantia de royalties ao Estado-Mãe (Pará) que sequer são citados no debate.
Não tenho dúvidas quanto a viabilidade sócio-econômica para a criação do Carajás. Ocorre que entidades como a ACP não possuem os dados que possuímos e no momento certo divulgaremos amplamente através de uma campanha publicitária. Enquanto esse momento não chega, fiquemos com as especulações da reportagem. No momento fico por aqui. Leia abaixo a reportagem de página inteira publicada hoje no Estadão.
Novos estados
Instalação de cada uma das seis novas unidades deve sair por R$ 1,9 bilhão
São Paulo
Agência Estado
Estão prontos para votação no Congresso projetos que prevêem a criação de mais seis Estados. Se aprovados, eles agravarão o inchaço do Legislativo, abrindo 144 cadeiras de deputado estadual, 48 vagas de deputado federal e 18 de senador. Esses projetos de decreto legislativo, que prevêem a realização de plebiscito, foram aprovados na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e podem ser inseridos na pauta a qualquer momento.
Os novos Estados em estudo são: Carajás e Tapajós no Pará; Mato Grosso do Norte em Mato Grosso; Rio São Francisco na Bahia; Maranhão do Sul no Maranhão e Gurguéia no Piauí. Em comparação, os Estados Unidos têm 50 Estados, com representação fixa no Congresso de 100 senadores e 435 deputados. Se forem criadas mais unidades da Federação, não haverá aumento do Parlamento, apenas a redistribuição das vagas.
O Brasil tem 26 Estados e 1 Distrito Federal. O Congresso abriga 513 deputados e 81 senadores. Aqui, ao contrário dos EUA, a configuração aumenta se houver novos Estados. Em média, a Assembléia Legislativa de um pequeno Estado, com 24 deputados, consome R$ 110 milhões ao ano.
Na maior parte, os projetos de criação de Estados são antigos e apresentam lacunas. Nenhum deles, por exemplo, inclui um estudo detalhado sobre a viabilidade econômica e os custos da medida.
A criação de um Estado pressupõe a existência de um novo Executivo, um novo Judiciário e um novo Legislativo. Todos devem ser dotados de completa estrutura física, como prédios, veículos e equipamentos, e administrativa - governadores, secretários, servidores, juízes, promotores, deputados e assessores. As propostas tampouco apresentam solução para um problema crucial: quem arcará com os custos do plebiscito.
CUSTO
O custo para a criação de um Estado pode chegar a R$ 1,9 bilhão - que tem que sair dos cofres da União. Se os seis projetos em tramitação fossem aprovados, a União, segundo essa estimativa, gastaria R$ 11,4 bilhões. Além disso, o professor de geografia da USP André Roberto Martin alerta para a falta de estudos sobre a viabilidade dos novos Estados.
Ele e outros especialistas no assunto consideram até hoje um cálculo do início da década de 90 feito pelo ex-embaixador José Osvaldo de Meira Penna. Os números parecem não estar distantes da realidade. Segundo o Ministério do Planejamento, o surgimento do Tocantins, em 1988, após a divisão de Goiás, custou à União cerca de R$ 1,1 bilhão. A criação de Mato Grosso do Sul, em 1977 significou gasto de R$ 800 milhões.
No Maranhão, os defensores da criação do Estado do Maranhão do Sul chegam a falar na necessidade de transferências federais da ordem de R$ 600 milhões para as despesas de instalações do novo governo.
O deputado Sebastião Madeira (PSDB-MA), autor de um dos projetos sobre o assunto, afirma que o investimento inicial é necessário apenas para levar desenvolvimento a regiões desassistidas. 'O governo fala em mais gastos, falam na questão da proporcionalidade, mas isso é preconceito. Quando o governo quer gasta R$ 4 bilhões com o Pan', alfinetou o deputado, referindo-se aos Jogos Pan-Americanos no Rio.
Para Martin, a visão de que é preciso injetar dinheiro em uma região afastada e pouco povoada para gerar desenvolvimento é resquício do colonialismo. 'Nos Estados Unidos, o processo de constituição de uma unidade da Federação segue o caminho inverso Primeiro a região é povoada, se consolida economicamente e depois pede para participar da Federação.'
Segundo o especialista, por trás das propostas de divisão territorial há outros objetivos. 'É o poder econômico querendo se tornar poder político para ter mais poder econômico', opinou.
Para ele, essas propostas são 'uma ficção'. 'Não querem criar novas unidades da Federação, querem criar unidades totalmente dependentes do governo federal', opinou. Ele acha que, pelo contrário, os Estados devem se fundir para ter maior autonomia econômica e governamental: 'O federalismo de hoje é de araque.'
Interesses políticos e econômicos divergentes incentivam proposições
São Paulo
Agência Estado
Estudo da consultora legislativa da Câmara Ana Tereza Sotero Duarte, de 2005 - quando os projetos já estavam no Congresso -, apontava o problema e alertava para interesses políticos. Em um trecho, ela destacava: 'O que se observa nas entrelinhas de algumas proposições em tramitação é a ausência de fundamentos convincentes, o que leva ao entendimento de que algumas iniciativas podem embutir, na sua origem, discordâncias de grupos políticos e, mesmo, econômicos.'
O parecer foi taxativo sobre custos. 'Criar um novo Estado é pesado ônus para os cofres públicos, pelo menos nos primeiros anos. A organização política e administrativa faz com que o aparato burocrático e institucional que precisa ser montado para pôr em funcionamento uma nova unidade da Federação gere despesas vultosas, deixando poucos recursos para investimentos em área social.'
A consultora fez uma simulação sobre Gurguéia, Mato Grosso do Norte, Maranhão do Sul, São Francisco e Carajás. Com exceção de Mato Grosso do Norte, as demais unidades nasceriam 'na condição de mais pobres do Brasil', em índice de desenvolvimento humano (IDH). 'Quanto aos rendimentos médios, o Estado do Gurguéia, se fosse criado hoje (em 2005), nasceria com uma renda per capita de R$ 71,92, ou seja, seria o Estado mais pobre do Brasil, seguido do São Francisco (R$ 77,93) e do Maranhão do Sul (R$ 85 48)', alertou.
'O Brasil precisa de um estudo sério de revisão do seu território para que se tenham dados concretos apontando quais Estados podem ser criados e para não haver uso político e eleitoral da situação', diz o deputado Paes Landim (PTB-PI), autor do pedido de criação do Estado do Gurguéia. 'A Constituição exige o aumento de deputados. Isso torna caríssima a criação de novas unidades', admite.
A justificativa para os seis projetos é o fato de existirem regiões distantes das capitais, desassistidas e sem condições de desenvolvimento. A própria consultora da Câmara ressaltou a importância de uma revisão territorial em alguns Estados. 'Tal medida poderia contribuir para tornar mais viável a gestão política, econômica e social de uma imensa parte do território brasileiro', destacou Ana Tereza.
O professor de geografia da USP André Roberto Martin tem outra visão. 'O argumento de que o tamanho do Estado dificulta a administração está equivocado. Se assim fosse, teríamos de dividir o Brasil em vários países',diz.
Definição sobre quem deve votar no plebiscito ainda divide técnicos
São Paulo
Agência Estado
A Constituição exige que a criação de um Estado se dê por consulta popular, em plebiscito organizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Duas polêmicas, no entanto, precedem o cumprimento dessa exigência. Quem pagará pelo plebiscito e quem será consultado?
Políticos e técnicos divergem na hora de definir quem vota. Alguns acham que só devem participar da consulta os moradores das cidades que integrariam o novo Estado. Para outros, todos os habitantes da unidade que poderá ter o território fatiado poderiam opinar.
Nenhum dos seis projetos no Congresso diz se é o TSE - portanto, o governo federal - que pagará pelo plebiscito ou o próprio Estado envolvido. O cálculo do custo também é incerto. No referendo sobre o desarmamento, em 2005, por exemplo, 95,3 milhões de eleitores compareceram para votar. O custo para o TSE foi de R$ 274 milhões.
Uma referência que pode ser usada na hora de calcular o gasto com o plebiscito é um levantamento feito pelo tribunal em 2002, que estipulou o custo do voto no Brasil. Quanto mais afastado o Estado, mais alta é a despesa. No Pará, por esse critério, o custo do voto é de R$ 7,91. Considerando o número de eleitores atuais - 4.182.833 -, a consulta sairia por R$ 33 milhões.
Em alguns Estados, a legislação local prevê que a conta deve ser paga pelo Tesouro estadual, como Ceará, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Minas também estuda adotar o sistema. Outro problema que pode travar as propostas antes de começarem a tramitar diz respeito a quem deve ser consultado. A maior parte das propostas sugere que só os moradores dos municípios que integrarem a nova unidade da Federação respondam ao plebiscito.
Estudo feito por uma consulta da Câmara sobre as propostas de criação dos Estados, no entanto, avalia que a lei é clara. Segundo o estudo, o artigo 7 da Lei 9.709/98 esclarece que a expressão 'população diretamente interessada', que consta na Constituição, se refere 'não apenas aos cidadãos que habitam a porção do território que será desmembrada, mas a toda a população da área que sofrerá o desmembramento'.
MUDANÇA
A maioria dos Estados que podem perder terras com as divisões territoriais em debate no Congresso é contra qualquer mudança. O governo do Pará, que seria dividido em três Estados, contesta os argumentos de abandono das regiões mais afastadas.
O secretário de Integração Regional do Pará, André Farias, diz que as regiões extremas estavam desassistidas por causa da falta de planejamento dos governos anteriores. 'Não há necessidade de criação de Estados. Estamos adotando um planejamento territorial participativo, criamos conselhos de desenvolvimento regional e estamos descentralizando a gestão, sem custo adicional.'
De acordo com o secretário, os problemas de divisão territorial não são apenas o alto custo e a questão fiscal, mas também os prejuízos ambientais que podem surgir com o povoamento de áreas com reservas naturais. 'Essas propostas são como uma viagem ao centro da terra, ninguém sabe o que acontecerá', alerta.
Em Mato Grosso, o governo de Blairo Maggi (PR) ataca a idéia de criar Mato Grosso do Norte. Maggi já afirmou que considera o divisionismo prejudicial ao Estado e uma herança do governo tucano. O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), também não tem dado apoio à proposta de criação do Estado do Rio São Francisco.
O governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), é o único que tem demonstrado interesse em ajudar a proposta de criação do Maranhão do Sul. O projeto do senador Edison Lobão (DEM-MA), abrange 49 municípios do sul do Estado.
Comentários
1. O território original americano tinha apenas 13 colônias com cerca de 1.004.914Km2 e, portanto, menor que o atual Estado do Pará. Essa área original correspondia a apenas 10,94% do atual território americano.
2. Apesar de pequenas colônias com no máximo 151.900 Km2 – caso da Geórgia – esses pequenos territórios ainda procederam três subdivisões estaduais, criando mais três novas unidades federativas (Vermont e Maine no antigo território de Massachussets) e Virgínia Oeste no território original da Colônia de Virgínia.
3. Os outros 89,06% do território americano foram comprados da França, Inglaterra, México, Espanha e Rússia ou disputado em guerras com o México e a França.
4. Desse total da área territorial americana adquirida ou conquistada, de cerca de 89,06%, 44,54% ou 4.089.847 - área mais ou menos correspondente à Amazônia Brasileira - as quais, comportam 19 Estados do país (38% das unidades federativas) ali existentes foram criadas como Territórios Federais numa ação deliberada e financiada com verbas da União, tendo em vista uma melhor organização político-administrativa e gestão territorial científica das riquezas e dos recursos naturais do país. Isso ocorreu em pleno século dezenove, o que se configura como uma vergonha para os governantes e cientistas econômicos e sociais brasileiros que estão com um passivo de quase dois séculos de atraso. Daí, o nosso renitente subdesenvolvimento, econômico, agrícola, industrial, cultural, científico, tecnológico, e particularmente, mental. Como um país ou qualquer entidade ou instituição pode se desenvolver sem uma organização administrativa básica?
5. Apenas 12 Estados das atuais 50 unidades federativas americanas – 2.557.619 Km2 ou 27,85% - foram criados e admitidos diretamente como Estados da Federação Americana e para isso, precisavam demonstrar que tinham apenas 60.000 habitantes ou 5000 eleitores masculinos. Lembramos, que os possíveis Estados de Carajás e Tapajós têm cerca de 2,8 milhões de habitantes, 46,66 vezes a população que um Estado americano necessitava demonstrar, além de um PIB de cerca de R$ 15 bilhões, montante igual ou superior a 10 Estados atuais do Brasil.
6. Os Estados Unidos criaram ainda três Estados fora da sua base continental – Alasca, Hawaii e Porto Rico, que correspondem à cerca de 1.600.000Km2 ou 16,6% da sua área total.
7. A organização do Parlamento Brasileiro com os seus 81 senadores e 513 deputados, nada tem a haver com a criação dos novos Estados. Se os gastos do parlamento são grandes, o que não é verdade, que se altere a composição representativa do país para 02 senadores por Estado como nos Estados Unidos. Trata-se apenas de um fútil pretexto para negar o direito inalienável a milhões de brasileiros do seu direito sagrado às instituições republicanas.
Os debates sobre a criação de novos Estados no Brasil e a sua reordenação Político-Administrativa e Gestão Territorial científica necessitam sair do campo da propaganda enganosa paga ou colaborativa entre os áulicos do parasitismo e da mídia cínica e mentirosa, como esse artigo repetitivo publicado simultaneamente pelo Portal Globo 1, o Estado de S.Paulo e portal Amazônia Hoje e que deve se repetir por centenas de jornalecos sem credibilidade do país.
Portanto, as desinformações prestadas pelo insigne geógrafo da USP não procedem em absoluto, ao afirmar que os Estados americanos necessitavam primeiro se credenciar economicamente para depois solicitar a admissão ao Pacto Federativo Americano.
Sobre as informações econômicas relativas à criação de novos Estados, gostaríamos apenas de lembrar que a referida mídia esqueceu de informar aos brasileiros que os entes públicos gostaram R$ 4 bilhões para o lazer de 03 semanas dos cariocas, o que daria com sobra para criar, pelas contas dos insignes “ pinóquios” , dois Estados dos seis em processo de emancipação. A diferença entre os respectivos eventos é que, a criação dos seis novos Estados tiraria cerca de 05 milhões de brasileiros do abandono republicano a que estão submetidos há séculos.
Debates tão importantes sobre o futuro dos brasileiros e do Brasil precisariam de debatedores de melhor qualificação.
Sds e seja muito bem-vindo à Blogosfera