E agora? Quem vacinará o rebanho sequestrado?

Estimativa apurada junto à produtores rurais do Sul do Pará garante que hoje ultrapassa a marca de 100 mil reses o plantel que se encontra refém dos invasores de terras.

Sem contar com outros prejuízos, igualmente de vulto. Cita-se esse "mundo" de gado retido por uma razão muito mais séria: a possibilidade de ocorrência de febre aftosa num rebanho tão expressivo e sem qualquer controle.

Na esteira das invasões. Notadamente as que ocorrem com o emprego de extrema violência, o que representa a maioria hoje naquela região. Funcionários e proprietários são expulsos na "marra" e a pêso de bala de suas propriedades. Deixam tudo para trás e cuidam de salvar suas vidas.

Há décadas uma parceria entre governo e produtores rurais viabilizou a constituição de um fundo - O Fundepec (Fundo de Desenvolvimento da Pecuária do Estado do Pará), cada Estado possue o seu Fundepec.

O Fundepec é uma associação civil sem fins lucrativos, com duração por tempo indeterminado, constituído em 24 de agosto de 1996 [no caso paraense], através do Convênio nº 023/96 pela Federação de Agricultura do Estado do Pará – FAEPA, pelo Sindicato da Indústria da Carne e Derivados do Estado do Pará – SINDICARNE, pelo Sindicato Nacional das Empresas Leiloeiras e pela Secretaria Executiva de Agricultura do Estado do Pará - SAGRI para garantir investimentos sólidos e permanentes para a produção pecuária do nosso Estado.

Um dos objetivos principais do Fundepec foi viabilizar recursos destinados à assistência técnica e à defesa sanitária da pecuária bovina e bubalina, especialmente o combate e erradicação da febre aftosa; sugerir em harmonia com as autoridades públicas, programas de defesa sanitária animal, colaborando efetivamente na respectiva implementação;divulgar e promover campanhas voltada à profilaxia e ao desenvolvimento técnico da pecuária; dar apoio técnico e operacional aos órgãos oficiais incumbidos da defesa sanitária animal; proceder a vacinação de animais de parte de seus associados mediante reembolso de custo; dentre outras inúmeras e essenciais tarefas para o desenvolvimento da atividade.

ALERTA -
Ocorre que hoje começou a campanha de combate à febre aftosa na Zona 1, no Estado do Pará.

Vamos voltar um pouco no tempo. No dia 24 de maio deste ano, uma felicíssima governadora posava para fotos orgulhosa da conquista.

O secretário de Estado de Agricultura, Cássio Pereira, recebeu, em Paris (França), durante a 75ª Sessão Geral do Comitê Internacional da OIE, o certificado que atesta a Zona 1 como livre da febre aftosa com vacinação. No dia seguinte uma festa de arromba comemorou na capital paraense o feito.

A produção do Estado já é a quarta colocada no ranking brasileiro. O reconhecimento da Zona 1 como livre da febre aftosa com vacinação foi uma oportunidade de aumentar a competitividade da pecuária paraense no contexto internacional e nacional. O rebanho atingiu 18 milhões de cabeças e há duas reses para cada habitante do Pará.

A pergunta que não quer calar é: a partir de hoje como será vacinado o rebanho que se encontra refem dos grupos armados que invadiram as fazendas?

Quem será responsabilizado se nesse universo de 100 mil reses roubadas por bandoleiros armados for detectado um único animal com febre aftosa?

Está cada vez mais difícil sustentar uma das principais atividadess da pauta econômica e de exportação do Estado. Igualmente difícil é a geração de empregos no campo, sabendo que a agropecuária é a segunda atividade que mais emprega no Estado.

Quem posará sorridente para calamidade que se aproxima?

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