Ao senhor: O prêmio

Na Veja:
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osé Dirceu está de volta. Aos poucos, e de forma ainda discreta, o ex-ministro da Casa Civil começa a reocupar o posto que ocupou em 2002, o de coordenador de campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência. Desde novembro, quando perdeu mandato e teve cassado o direito de se candidatar até 2015, Dirceu não parou de falar com o presidente nem de fazer o que sempre fez: articulações políticas. O homem forte do início do governo petista faz excursões domésticas para monitorar a campanha à reeleição nos Estados e até viagens ao exterior para fortalecer o nome e a imagem de Lula. Em quatro meses e meio Dirceu já visitou duas vezes a Venezuela. Em pelo menos uma delas encontrou-se com o presidente Hugo Chávez, que jantou com Lula na noite de quinta-feira. Cuba, Espanha, Argentina e Estados Unidos completam a lista dos roteiros internacionais do ex-chefe da Casa Civil desde a cassação. O ex-ministro também mantém conexão com empresariado. Há dez dias, sentou à mesa do presidente de um banco e do representante de uma agência internacional de notícias no Brasil em jantar oferecido pelo empresário Lawrence Pih, presidente da Moinho Pacífico (trigo) e um dos primeiros empresários a manifestar apoio público ao PT. O retorno do ex-ministro Civil à cena política ficou evidente há 12 dias, quando ele apareceu em Juiz de Fora, Minas, no dia em que Itamar Franco anunciou candidatura à sucessão de Lula pelo PMDB. Anthony Garotinho, que já dava sua candidatura como certa, foi pego de surpresa. "É uma candidatura patrocinada por José Dirceu, o chefe do mensalão", reagiu Garotinho. Dirceu desmente que tenha planejado a "operação Itamar" com Orestes Quércia, do PMDB paulista. Há um mês e meio, Dirceu buscou, também, o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB); contrariado com o PT, ele ameaçou aliar-se ao PSDB, deixando Lula sem palanque. Dirceu ainda fala muito com os senadores José Sarney (PMDB-AP), Roseana Sarney (PFL-MA) e Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Até com Tarso Genro, seu desafeto dentro do PT, o ex-ministro foi visto em Brasília. "Eu disse ao Zé Dirceu que ele tem o direito de se mover politicamente, porque a morte civil não chegou no Brasil ainda", provoca Tarso. "A conversa não alterou em nada nossas divergências. Trocamos idéias sobre o país, o PT e as eleições e o governo vê com naturalidade os seus movimentos." A agenda de Dirceu também inclui encontros com movimentos sociais, estudantes e universidades. Segundo sua assessoria, o ex-ministro tem sido muito procurado por essas entidades. Em plenárias com militantes, Dirceu anuncia ainda a sua próxima missão: reunir 1 milhão de assinaturas para tentar anabolizar projeto de lei pedindo sua anistia política ao Congresso, a partir de 2007.

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