Pela ordem




















"O fotógrafo Paulo Amorim, cobre Benfica x Porto, pela Ligua Portuguesa de Futebol, em Lisboa, Portugal (UE)"


Mas, como disse, o trabalho do Paulo é pesado mesmo - e o equipamento? Pesa pra "xuxú"!
E o resultado do trabalho do Paulinho sempre foi maravilhoso. Não esqueço por exemplo de uma foto em particular no Cemitério, hoje desativado, de Xambioá, fronteira do Tocantins com o Pará, várias pedaladas morro acima do esplêndido rio Araguaia. Fomos em busca da notícia e da foto.
A foto, bem, a foto demorou o dia todo para ser registrada.
Ocorria por lá a escavação de uma cova sob a supervisão da equipe de médicos legistas de Brasília que procuravam os esqueletos dos guerrilheiros do PC do B, que protagonizaram a Guerrilha do Araguaia no anos 60/70 no sul do Pará e norte do Goiás, hoje Tocantins.
Paulinho registrou em sua Cannon digital de última geração os restos do que provavelmente seriam do cidadão italiano, naturalizado brasileiro Gian Carlos Castiglia. Um militante que estava, à época, disfarçado de comerciante e barqueiro.
Não se sabe até hoje se eram dele mesmo as ossadas resgatadas, sob as ordens do então presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, o advogado e dublê de deputado federal paulista, eleito pelo PT, Luis Eduardo Greenhalg, designado para a missão representando o Parlamento.
Ao todo oito ossadas foram retiradas de diferentes covas e nunca saíram dos depositórios do IML de Brasília. Sequer foram analisadas. Estranho, não?
Com a palavra o nobre deputado que depois de perder a disputa da presidência da Câmara dos Deputados para Severino (mensalinho) Cavalcanti, acaba de ser eleito novamente presidente da Comissão Permanente de Direitos Humanso da Casa. Um prêmio!
Ao lado da cova aberta e periciada, muito emocionado, o sobrinho carioca de Castiglia. Um jovem rapaz atrás do passado do tio.
"Colocarei um dos libertos no meu sepulcro como guarda para que o momento não seja emporcalhado pelo povo" do Latim: "praeponam enim unum ex libertis supulcro meo custodiae causa, ne in monumentum meum populus cacatum currat". Extraído de: Aspectos da cultura popular antiga: apresentação, tradução e discussão de alguns grafites pompeianos, Estudos de História (UNESP-Franca), 4, 2, 143-150 (publicado em 1999)
A foto é memorável, o esqueleto estava vestido com uma ceroula. Quem na região usava uma peça íntima européia naqueles dias? Uma cueca de gringo.
A foto foi publicada no Estadão e no Opinião com exclusividade do Paulinho, e deu o tom de minha reportagem. A citação acima, em Latim, é o que posso dizer como cidadão e não jornalista, sobre o sentimento das famílias que até hoje não tiveram o direito de enterrar os seus.

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