Daniel Ferreira/CB/26.4.06
"Thiago Tavares lamenta que os crimes não tenham reduzido: “ocorreu justamente o contrário"Mais ativas do que nunca
Ullisses CampbellDa equipe do Correio Braziliense (para assinantes)Uma semana depois da audiência pública que debateu crimes na internet, na Câmara dos Deputados, o Orkut, maior rede virtual de relacionamentos, mantém ativas mais de 100 comunidades que incentivam suicídio, racismo, nazismo e pedofilia, além de fazerem apologia ao tráfico de drogas. Ontem, haviam inclusive páginas estimulando a intolerância religiosa. Segundo a organização não-governamental SaferNet, nos últimos sete dias, as denúncias contra o Orkut aumentaram de 14 mil para 17 mil. O coordenador da SaferNet, Thiago Tavares, ressalta que a maioria das denúncias, cerca de 11 mil, trata de páginas com fotografias de crianças fazendo sexo com adultos, com outras crianças e até com animais. “É impressionante. Fizemos uma audiência pública para tentar coibir e punir os autores desses crimes. Mas ocorreu justamente o contrário. Aumentaram as páginas que estimulam a pedofilia”, critica Tavares. Uma das comunidades alvo de denúncias se chama “Sexo com crianças é bom e eu gosto”, que possui 124 integrantes. No fórum de discussão, os integrantes relatam experiências sexuais com adolescentes que se prostituem nas ruas de Porto Alegre. Outra comunidade criminosa intitula-se “Eu vendo todo tipo de drogas”. Nos tópicos de debate há 23 usuários reclamando do preço alto da cocaína. Religião Uma novidade constatada no Orkut são as comunidades que estimulam a intolerância religiosa. Duas delas dizem “morte aos evangélicos” e outra, com 1.234 participantes, chama-se “Eu odeio crentes”. Comunidade denunciada há mais de um mês, “Odeio judeus” tem como imagem o símbolo nazista e ainda ressalta no texto de apresentação que Adolf Hitler “não fez o serviço direito ao exterminar os judeus na Alemanha” nos anos 30. No dia 16 de maio, o Ministério Público de São Paulo e representantes da Google, empresa que administra o Orkut, vão se reunir mais uma vez com os deputados que fazem parte da Comissão de Direitos Humanos e Minorias para debater o assunto. Na audiência da semana passada, os executivos da Google já haviam ressaltado que não podem quebrar o sigilo de usuários do Orkut por conta da legislação norte-americana, que é rigorosa com a preservação da identidade de quem freqüenta a internet. Outro empecilho seria o contrato firmado entre os usuários da rede de relacionamentos e a própria empresa, que preserva as informações dos usuários. O procurador da República Sérgio Gardenghi Suiama já havia acusado a Google de ser a única empresa de internet que não coopera com a Justiça brasileira nos casos de crime na web. Ele relatou o caso de um homossexual que foi espancado até a morte em São Paulo. O crime, segundo o procurador, foi combinado no Orkut. Em nota, a Google informou que está utilizando todos os recursos disponíveis para retirar do Orkut as comunidades impróprias. Para isso, a empresa afirma vai aumentar sua equipe de suporte e implementando novas ferramentas.
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