No Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, o blog publica artigo do jornalista paraense Ullisses Campbell - agraciado com um Prêmio Esso de jornalismo – que foi expulso da comunidade do Orkut por matéria publicada no jornal que trabalha (Correio Braziliense) denúnciando comunidades existentes no site que operam ao arrepio da lei.
ARTIGO
Por Ullisses Campbell
Fui expulso do Orkut
Nunca fui adepto de internet. Uso muito mais para o trabalho do que para diversão. Há três anos, fui convidado por um amigo a participar da rede de relacionamentos do Orkut e aceitei. Descobri que se tratava de um ótimo canal para rever colegas de infância e amigos que moram em outros estados. Como sou jornalista, aproveitei a ferramenta para procurar pautas para o trabalho. Há duas semanas, descobri uma infinidade de comunidades no Orkut que estimulam o suicídio. Uma delas chama-se Suicídio é a solução. Tem mais de mil integrantes. Nos fóruns de discussões, os criadores da comunidade ensinam, passo-a-passo, os doentes de depressão a tirar a própria vida. Instruem até como deve ser o bilhete de despedida. Resolvi fazer uma reportagem denunciando o fato. A matéria foi publicada no domingo (23/04) sob o título Orkut traz dicas para suicidas. Na mesma matéria, revelamos que há comunidades que anunciavam a venda de drogas e promoviam o preconceito racial, homofobia e pedofilia. Para minha surpresa, dois dias depois de fazer tal denúncia, não tive mais acesso ao Orkut. Ao tentar entrar com a minha senha, a Google me enviou a seguinte mensagem, em inglês: “O seu perfil foi excluído porque contém imagens que não estão de acordo com nossas diretrizes de upload de imagem. Excluímos seu perfil e recomendamos que você leia nossas políticas e diretrizes de utilização antes de criar um novo perfil”. No meu álbum de fotos do Orkut havia 12 imagens pessoais da última viagem que fiz a Nova York. Nada demais. Oficialmente, a equipe de suporte do Orkut informou que o meu perfil foi removido por mim mesmo “por volta do dia 25 de abril” e não pela equipe do site, o que não é verdade. Segundo uma fonte extra-oficial da própria Google, a minha exclusão pode estar relacionada ao fato de eu ter entrado em várias comunidades criminosas durante a apuração da reportagem. O curioso é que as comunidades que freqüentei para realização do meu trabalho estão todas lá, mais ativas do que nunca. Acredito que a minha exclusão tenha sido uma forma de retaliar o meu trabalho. Não faço questão de ter perfil no Orkut. Principalmente depois que foi revelado que a Google não colabora com a Justiça brasileira na caça aos criminosos da internet. Adeus Orkut e seus mananciais de crimes cibernéticos. Até a próxima reportagem.
Ullisses Campbell é jornalista, repórter da Editoria Brasil do Correio
Comentários
Abs
Enviei uma réplica ao comentário do Observador,
Abraços
Ó, Deus, faça valer alguma coisa de bom para estas pessoas que insistem em preservar o mal em suas cabeças. Ulisses, tenho plena convicção de que o mundo ainda irá te apresentar algo de realmente bom. Sinto que você merece. Não esmoreça. Eu já fui muito retaliado por iniciativas de mudança no pensamento de outros, por ver o mal instalado, mas continuo carregando o meu nome, e assim sendo chamado: AQUAMAN. Abraço Poderoso.
Fique tranquilo. Não posso te oferecer um substituto do que você fazia, mas, como já te disse, outra atividade irá aparecer para você, e haverá muito mais satisfação.
Sou um psicólogo, estudante de direito, que estava fazendo um artigo sobre o trabalho escravo atual, e me deparei com o seu nome.
Fique com Deus
Sou de BH e minha faculdade é a Batista mineira