Estórias do Sebastião Nery

As deliciosas estórias de Sebastião Nery. Confira:

Sanquessuga e pernolonguinho

SALVADOR – Um grupo de advogados amigos almoçava segunda-feira, no Iate Clube de Brasília. Chegou Roberto Baptista, assim mesmo, com “Bap”, brilhante profissional que foi chefe de gabinete dos Procuradores Gerais da Republica Aristides Junqueira e Sepúlveda Pertence, e hoje faz parte do escritório de advocacia Aristides Junqueira. Alguém lhe perguntou:

- Então, hein, Roberto? Você é advogado de Sanguessuga (do senador Ney Suassuna, cujo processo foi aberto no Conselho de Ética do Senado)?

- Quem sou eu? Sou advogado de um humilde Pernilonguinho (o assessor de Suassuna, Marcelo Sereno, que o senador acusou de ter recebido as propinas, para desviar a denuncia do empresário Vedoin contra ele).

JOBIM
O ex-ministro Nelson Jobim entrou na roda das conversas do almoço. A imprensa publicou, algum tempo atrás, uma decisão do Supremo Tribunal, que negou à Febraban (Federação Brasileira de Bancos) o pedido para os bancos não serem submetidos ao Código de Defesa do Consumidor.

O que não se sabia, ou quase ninguém ficou sabendo, é que o grande advogado dos banqueiros, naquela discussão e votação, foi o ministro Nelson Jobim, derrotado em uma de suas ultimas atuações no plenário do Supremo.

SUPREMO
Quando o eficiente e ágil juiz de Mato Grosso encaminhou ao Supremo Tribunal a primeira parte do processo dos Sanguessugas, logo alguém alegou, em Brasília, que o processo devia tramitar “em segredo de justiça”, porque havia um parente de um ministro do Supremo envolvido.

Não havia parente nenhum envolvido. Era apenas o filho do ministro Nelson Jobim, Alexandre Jobim, que era advogado de um dos acusados. Usaram o argumento como desculpa, para ver se colava. Não colou.

TUCANAGEM
A foto histórica do super-ninho tucano, em um restaurante paulista, mostrou Fernando Henrique, Tasso Jereissati e Aécio Neves decidindo que o candidato do PSDB-PFL a presidente da Republica seria Geraldo Alckmin.

Três meses depois, Alckmin está zanzando sozinho por ai, pais a fora, como bezerro sem mãe. No “Globo”, Adriana Vasconcelos e Gerson Camarotti contam: - “O comando da campanha de Alckmin reclama do comportamento de Serra e Aécio. Alckmin também não tem sido ajudado pelo presidente do PSDB, Tarso Jereissati”. E, na “Playboy”, FHC tripudia:

- “O mais preparado para governar o Brasil hoje é o Serra. Ele tem a experiência, a vontade, a informação e a competência para tocar o pais. Não é só o Serra. Mas alguém com estilo para pegar o touro pelo chifre, porque vai precisar”. (Só faltou dizer: - E esse alguém não é o chuchu do Alckmin).

Se os três feitores do restaurante sabiam disso, e Serra queria ser e estava ganhando de Lula nas pesquisas, por que não o indicaram? Por vaidade, preferindo perder com Alckmin a ganhar com Serra, com medo de ele assumir a liderança dos tucanos no país todo? Por ambição, com receio de Serra, eleito, querer ser reeleito e atrasar os planos dos três? Ou por “tucanagem” com o país, para continuar com Lula já que não queria nenhum deles?

O que o quarteto está fazendo com Alckmin, depois de o escolherem, e o que Tasso está fazendo com Lucio Alcântara no Ceará, é uma sordidez.

PERNAMBUCO
O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro, tem espinha de bambu. Verga a mais leve brisa. Era candidato a governador de Pernambuco pelo PTB, Lula mandou retirar a candidatura para apoiar Humberto Costa, do PT. Docil como um cordeiro, obedeceu correndo.

Humberto Costa foi apanhado vampirando no ministério da Saúde, Armando Monteiro sentiu bafo de desastre, já pulou a cerca. Conta a “Folha”:

- “O partido de Armando tem o vice na chapa de Humberto Costa.Mas ele já participou, em Belo Jardim, de comício da campanha de Eduardo Campos, do PSB”. (Que, aliás, é melhor candidato do que o barbudinho vampírico).

MARCOLAS
O jantar de Gilberto Gil para Lula com os verbeiros do dinheiro publico para cinema, teatro e apartamentos, vai ganhar o premio “Caras” do ano. Nenhum outro fez tanto sucesso. Duas semanas depois, continuam rolando novas historias. O pajé Luis Carlos Barreto ensinou o caminho da mina:

- “O que acho inaceitável é o roubo. O Mensalão é do jogo político. Não é roubo. Se o fim é nobre, os fins justificam os meios”. (É a teoria do Marcola)

Jorge Moreno (devia estar lá) contou no “Globo a melhor história”:

- “O mais engaçado foi quando Gil falava sobre uma “cadeia de fatores”. Ao repetir a palavra “cadeia” no discurso, José de Abreu arrancou gargalhadas dizendo: - “Não fale mais em cadeia que fico tenso”.

Falaram em corda em casa de enforcado. Lula pensou logo na “quadrilha”, na “organização criminosa” denunciada pelo Procurador Geral. Ainda bem que o chefe Dirceu não estava lá. Desceria São Conrado correndo.

ISRAEL É AQUI
Wladimir Palmeira, gordo, enxundioso, está tão parecido com Sharon que, no debate da Band, Marcelo Crivella chamou Pedro Simon de Simon Perez.

www.sebastiaonery.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas