Quanto mais excluídos melhor

INCLUÍDOS E EXCLUÍDOS

Do site Direto da Redação

* Eliakim Araújo

A pouco mais de trinta dias da eleição, o jogo da sucessão parece definido. Os últimos números da pesquisa da Folha são inexoráveis. Lula consegue 52 por cento de avaliação positiva, façanha que nenhum dos últimos presidentes brasileiros (FHC, Itamar ou Collor) conseguiu em final de mandato. E acachapantes 56 por cento dos votos válidos, se a eleição fosse hoje.

Curioso é que, se dependesse da vontade dos “incluídos digitais”, Lula estaria fragorosamente derrotado. O número de mensagens e correntes que circulam na rede de computadores, atribuindo a ele tudo o que de ruim aconteceu no Brasil é inacreditável. Lula já foi responsabilizado pela “demissão” do jornalista Alexandre Garcia, por causa de um duro editorial contra a violência. A mensagem com a gravação continua circulando, apesar da imagem de Garcia ser vista todos os dias na tela da Globo.

Outra “demissão” imposta por Lula, segundo a mensagem que muitos de vocês leitores já devem ter recebido, é a do Boris Casoy, que está brigando na justiça contra a Record em busca de uma indenização milionária. É importante para ele posar de vítima e culpar o governo Lula pela sua desdita. Ninguém fala, entretanto, dos baixos índices de audiência que levaram o principal patrocinador, o Banco do Brasil, a retirar sua publicidade do telejornal que ele apresentava. Mas, para os “incluídos digitais”, foi o Lula que mandou a Record demitir o Boris.

Agora, os “incluídos” apelam para o desarmamento, lembrando que “quem ganhou o plebiscito das armas foi a internet”. E que é hora de uma nova mobilização internáutica para impedir a vitória de Lula.

Emails criticando com veemência a política econômica do atual governo se espalham com a mesma rapidez daqueles que há algum tempo diziam que o único setor que ia bem no governo Lula era o econômico, porque ele simplesmente mantivera a política de seu antecessor. Vá entender!

O diabo é que esse lixo avança em progressão geometrica. De lista em lista, a corrente cresce e obriga o usuário a receber a mesma mensagem várias vezes. E assim vão as correntes infestando a caixa postal dos internautas, passadas adiante por gente de boa fé, inocentes, ou por cabos eleitorais, não tão inocentes, como estratégia política.

A estratégia, entretanto, não vem dando certo por um detalhe: o número de “excluídos” (digitais e sociais) é muito maior do que o de “incluídos”. Assim, a utilização dessa poderosa ferramenta, que é a rede de computadores, tornou-se inócua como máquina de propaganda política, eis que ela não atinge a grande massa de brasileiros que vive à margem do conforto oferecido aos que podem usufruir de um computador.

Os números das pesquisas estão confirmando que, por um motivo ou por outro, os “excluídos” continuam apostando no presidente e acreditando que, com a experiência adquirida no primeiro mandato, ele poderá fazer um bom governo.

Não se pode esquecer, contudo, que Lula levou uma grande vantagem quando a oposição cometeu o grave erro de optar pela candidatura de Geraldo Alckmin. O ex-governador de São Paulo não convence ninguém. Desconhecido e sem carisma ele está atravessando seu inferno astral. E até tucanos estão pulando do barco, como o governador do Ceará, Lúcio Alcântara, candidato à reeleição, que já declarou publicamente sua simpatia por Lula.

Tudo indica que não há campanha na internet que salve os sociais democratas do desastre.


* O autor ancorou o Telejornal da CBS Brasil, Globo, Manchete e SBT. Tem uma empresa de Assessoria em Jornalismo e Marketing

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