PF prende cem suspeitos de sonegação bilionária de impostos
Da Redação do UOL Em São Paulo
A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira cem pessoas, entre elas uma auditora-fiscal do Trabalho e mais dois servidores públicos, sob suspeita de envolvimento em sonegação de impostos e estelionato praticados por frigoríficos. O prejuízo é de mais de R$ 1 bilhão aos cofres públicos.
As fraudes teriam ocorrido na negociação de carnes e derivados por meio de frigoríficos instalados no interior de São Paulo, segundo o delegado responsável pela investigação, Victor Hugo Alves.
"O grupo participava de um mega-esquema de fraudes que causou um grande prejuízo aos cofres públicos", disse o delegado.
Batizada de "Grandes Lagos," pelo fato de as empresas estarem concentradas na região dos Grandes Lagos, no noroeste de São Paulo, a ação contou com cerca de 700 policiais federais que se envolveram no cumprimento de 109 mandados de prisão e 147 de busca e apreensão distribuídos em São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia e Minas Gerais.
Segundo a PF, o grupo era comandado pelo empresário Alfeu Crozato Mozaquatro, dono do Grupo Mozaquatro, que envolve 16 empresas especializadas no comércio de carnes e derivados.
Também teriam participação no esquema os empresários João Félix Altomari, Emílio Carlos Altomari e João do Carmo Lisboa Filho, responsáveis por cinco empresas do mesmo ramo na região, dentre elas a Campboi-Barão Indústria de Carnes. Todos os empresários, segundo a PF, estão presos junto dos demais acusados distribuídos em sete cadeias públicas do interior paulista.
Segundo Victor Hugo, o grupo agia por meio da comercialização de carnes utilizando-se de empresas "fantasmas" para evitar o recolhimento de tributos.
O suposto grupo criminoso, que atuaria há mais de dez anos no ramo, era investigado havia cerca de dois anos pelas secretarias da Receita Federal e Receita Previdenciária.
O inquérito policial deve ser concluído nos próximos 60 dias, segundo a PF, após análise do material apreendido, interrogação dos acusados e declarações de testemunhas.
A Receita Federal e as secretarias da Receita Previdenciária e da Fazenda de São Paulo vão abrir auditoria para descobrir exatamente quanto imposto foi sonegado.
O esquema era organizado em cinco núcleos e contava com a participação de servidores públicos, que "mediante vantagens indevidas, prestavam vários tipos de serviços ilícitos à organização criminosa", informou a Polícia Federal.
Entre os serviços, estava a abertura de empresas de fachada, mudança de regime de empresas, venda de acesso a sistemas da Receita Federal a empresas que não cumprem os requisitos para adquiri-lo, liberação de créditos acumulados de ICMS gerados fraudulentamente, entre outros.
Funcionários públicos
Uma auditora fiscal do trabalho e mais dois servidores públicos estão entre os 86 presos acusados de sonegação fiscal e estelionato em frigoríficos no interior de São Paulo.
Ao todo, 159 empresas e 173 pessoas já identificadas participavam do esquema, que causou prejuízo de mais de R$ 1 bilhão aos cofres públicos em impostos e multas federais, estaduais e municipais que deixaram de ser recolhidas. Mais de cem mandados de prisão e 143 de busca e apreensão foram expedidos.
Agentes fiscais de rendas da Secretaria da Fazenda de São Paulo e fiscais da Receita Federal de Campinas (SP) também são acusados de participar da quadrilha.
Apenas uma das empresas criadas, Pereira & Pereira Comércio de Carnes e Derivados, emitiu R$ 172 milhões em notas fiscais em quatro anos, sem nenhuma movimentação bancária e sem recolher tributos sobre a movimentação.
(Com informações de Agência Brasil e Reuters)
Carne: sonegação leva mais de 100 para a cadeia
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