Nem tomou posse e agora é a crise da segurança de vôo

Um relatório elaborado há três anos por uma das áreas especializadas em segurança aérea no Brasil, alertou o Governo que os recursos represados e cobrados em toda e qualquer passagem emitidas no Brasil que compõem um fundo para a segurança da aerovias não realizaram os investimentos necessários para evitar o que passa agora.
A crise, ao contrário do que se pode imaginar, não se deu após o desastre do Boeging da Gol com o Legacy.
Lula ainda nem reassumiu e a bomba já estorou no seu colo.
Para quem disse que já bateu muito em FHC e que agora se comparará apenas com ele mesmo, é um ótimo começo, não acham?

Crise aérea chega ao Planalto
Rodrigo Craveiro, 1 de novembro de 2006
Correio Braziliense

Lula convoca ministros da Casa Civil e Defesa, além de autoridades da Infraero e Anac, para tratar do descontrole nos aeroportos. Governo anuncia concurso imediato para contratação de 64 funcionários

Em seu quinto dia, a crise deflagrada pelos controladores do tráfego aéreo brasileiro ganhou contornos dramáticos e envolveu até mesmo o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Por volta das 17h de ontem, Lula recebeu em seu gabinete no Planalto, em caráter de emergência, os ministros da Casa Civil, Dilma Roussef, e da Defesa, Waldir Pires, além do brigadeiro Luiz Carlos Bueno, comandante da Força Aérea.

"A situação é crítica", disse o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, ao chegar ao Planalto para a reunião, que contou ainda com dirigentes da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Representantes do sindicato da categoria também foram convocados para o encontro. Durante a reunião, ficou decidida a realização de um concurso público para a contratação de 64 controladores de vôo civis. De acordo com o Comando Aéreo da Aeronáutica, o edital será publicado oficialmente na segunda-feira e, numa segunda etapa, serão selecionados outros 144 profissionais.

Após as negociações, Pires disse esperar uma redução no número de atrasos de vôos para os próximos dias e destacou a natureza emocional da crise. "Quando você tem um quadro de insucesso cirúrgico e pronunciado nesse ou naquele setor, é evidente que estabelece um clima emocional, de tensões", explicou. "Pedi aos controladores ânimo e que vencessem suas tensões íntimas", acrescentou, referindo-se ao desastre com o Boeing 737-800 da Gol, em 29 de setembro.

"A vida é isso: nós nos reerguemos nas horas difíceis", afirmou Waldir Pires. Ele denunciou a "falta de garra" da categoria e descartou uma provável "operação-padrão" — em que os profissionais se limitam apenas a cumprir as normas de trabalho. Pires anunciou ainda que controladores de vôo da reserva estão sendo chamados a trabalhar. "Vamos convocar os aposentados que forem voluntários, para que eles possam fortalecer a posição de controle, e estamos abrindo concurso para fortalecer ainda mais e repor em eficiência o transporte aéreo civil no país", revelou. As autoridades também colocaram psicólogos à disposição dos profissionais. "Espero a cooperação deles", pediu o ministro.

Motivo da crise - Na reunião, os controladores de vôo não teriam feito reivindicações expressas. Lula, por sua vez, pediu que as autoridades "façam o máximo possível para a plena restauração dos vôos a serviço da população brasileira". Pires atribuiu ao sentimento da responsabilidade pela defesa da vida — comum à categoria — como o fator motivador da crise. "Os controladores disseram a mim que estavam vivendo um momento muito difícil e que estavam sob pressão", contou o ministro, antes de sublinhar que o Brasil tem um dos melhores índices de controle do mundo, comparado ao dos Estados Unidos e da Europa.

Questionado sobre os riscos de caos nos aeroportos brasileiros durante o feriado prolongado que começa amanhã, o ministro da Defesa foi evasivo. "Ninguém garante nada sobre o futuro", disse. "Nossos esforços é para devolvermos aos cidadãos o direito de terem lazer onde quiserem".
O presidente Lula e as autoridades ligadas à aviação civil anunciaram uma série de medidas para tentar reverter o quadro. Além do concurso público, ficou decidido que os funcionários formados na área de controle de tráfego aéreo tenham prioridade de transferência para o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aérea (Cindacta). Com o remanejamento de rotas, o governo pretende desviar aviões da área sob domínio do Cindacta 1, com maior trânsito, desafogando os controladores de Brasília.


"Estamos tomando todas as medidas possíveis para normalizar o serviço de transporte e simplificar o controle do espaço aéreo. Também queremos que as companhias evitem decolar aviões vazios", explicou Waldir Pires. O ministro anunciou o compartilhamento das companhias aéreas com a Anac e a redefinição dos aviões executivos. Os vôos dessas pequenas aeronaves em horários de pico estão temporariamente proibidos. Além disso, todos os vôos terão de ser autorizados pela Infraero, pelo Comando da Aeronáutica e pela Anac.

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