Nesta segunda-feira, 5, Lula completa 130 dias desde sua reeleição e 66 a partir da posse para o segundo mandato. E até agora, como se sabe, nada de anúncio de ministério, fato absolutamente inédito na história do Brasil republicano. Mas, acreditem, a novela está perto de terminar.
Assessores do presidente sopram aos jornalistas que o anúncio poderia ocorrer talvez nesta quarta-feira, e certamente antes ainda da convenção nacional do PMDB, a se realizar no domingo, dia 11. O Palácio do Planalto nada confirma oficialmente. Extra-oficialmente, porém, é geral o sentimento de que o assunto está próximo de se decidir, mesmo que o desfecho fique pra semana que vem.
Se a demora e a expectativa de que os principais ministros permaneçam em seus cargos geraram algum anticlímax em relação à confirmação do ministério, o estilo Lula mantém viva a possibilidade de surpresas.
O presidente evita comentar suas escolhas até com os auxiliares e correligionários mais próximos. Por isso mesmo, qualquer informação que ele adianta, em conversas reservadas, rapidamente ganha o mundo. O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), por exemplo, ficou tão feliz ao conseguir emplacar o técnico José Gomes Temporão para o Ministério da Saúde que alardeou aos quatro ventos sua vitória.
Dá-se como certa a permanência dos quatro principais assessores atuais de Lula: a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff; o ministro da Fazenda, Guido Mantega; o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles; e o ministro da Articulação Política, Tarso Genro, que deve ser transferido para a Justiça. Onde, por sinal, o atual titular, Márcio Thomaz Bastos anunciou sua saída há mais de dois meses e ainda aguarda a nomeação do substituto.
Com um número recorde de 34 ministros (incluindo o presidente do BC, que tem esse status), Lula tem hoje em seu primeiro escalão 17 petistas, oito sem filiação partidária e o restante distribuído por seis partidos: PMDB, PSB, PP, PTB, PCdoB e PV. No novo ministério, o PR (ex-PL) deve recuperar o Ministério dos Transportes e é preciso encontrar espaço para mais uma legenda, o PDT, que agora integra a base governista. Nesse grupo, há dez paulistas, cinco mineiros, cinco baianos, três representantes do Rio de Janeiro, três do Rio Grande do Sul e outros seis estados representados (AC, CE, GO, MA, PR e SC).
Prever com segurança qual será a nova geografia partidária do poder federal é puro exercício de adivinhação. “Quem acha que sabe está mal informado”, resume um alto dirigente petista. Mas os vazamentos ocorridos, assim como os recados dados pelo próprio Lula, permitem apontar o seguinte quadro em relação à composição do novo ministério:
Devem continuar no cargo
Celso Amorim (sem partido-SP) – Ministério das Relações Exteriores
Dilma Rousseff (PT-RS) – Casa Civil
Fernando Haddad (PT-SP) – Educação
Gilberto Gil (PV-BA) – Ministério da Cultura
Guido Mantega (PT-SP) – Ministério da Fazenda
Hélio Costa (PMDB-MG) – Ministério das Comunicações
Henrique Meirelles (sem partido-GO) – Presidente do Banco Central
General Jorge Armando Felix (sem partido-RJ) – Gabinete de Segurança Institucional
Jorge Hage Sobrinho (sem partido-BA) – Controladoria Geral da União (CGU)
Luiz Dulci (PT-MG) – Secretaria Geral da Presidência da República
Luiz Marinho (PT-SP) – Ministério do Trabalho
Marina Silva (PT-AC) – Ministério do Meio Ambiente
Matilde Ribeiro (PT-SP) – Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
Patrus Ananias (PT-MG) – Ministério do Desenvolvimento Social
Paulo Bernardo (PT-PR) – Ministério do Planejamento
Silas Rondeau (PMDB-MA) – Ministério de Minas e Energia
Devem entrar
Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) – Integração Nacional
José Gomes Temporão (sem partido-RJ) – Saúde
Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) – Secretaria Especial de Direitos Humanos
Marta Suplicy (PT-SP) – Cidades ou outra pasta
Walter Pinheiro (PT-BA) – Ministério do Desenvolvimento Agrário
Deve mudar de lugar
Tarso Genro (PT-RS) – deixando a Articulação Política para assumir o Ministério da Justiça
Deve voltar
Alfredo Nascimento (PR-AM) – Ministério dos Transportes, do qual se licenciou ano passado para disputar (e ganhar) uma vaga no Senado
Devem sair
Agenor Álvares da Silva (sem partido-MG) – Saúde
Guilherme Cassel (PT-RS) – Desenvolvimento Agrário
Luís Carlos Guedes Pinto (PT-SP) – Agricultura
Márcio Thomaz Bastos (PT-SP) – Justiça
Nelson Machado (PT-SP) – Previdência Social
Paulo Sérgio Passos (sem partido-BA) – Transportes
Paulo Vannuchi (PT-SP) – Secretaria Especial dos Direitos Humanos
Pedro Brito (PSB-CE) – Integração Nacional
Incógnitas
Advocacia Geral da União (AGU) – Alvaro Ribeiro Costa (sem partido-CE). Especula-se que ele poderia ser substituído por José Antonio Dias Toffoli, ex-subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil e advogado eleitoral do PT.
Agricultura – fala-se que Lula pretende entregá-lo ao PP, até mesmo para o atual ministro das Cidades, Márcio Borges, mas o PTB e o PMDB também cobiçam a pasta.
Cidades – Márcio Fortes, do PP, briga para permanecer. O PT quer o cargo para Marta Suplicy, pré-candidata à prefeita de São Paulo em 2008 e, se as coisas saírem do jeito que ela sonha, a presidente da república em 2010.
Ciência e Tecnologia – Sérgio Rezende (PSB-RJ). Só não ficará no cargo se o PSB optar por outro nome, o que é dado como improvável.
Defesa – Lula procura um substituto para Waldir Pires (PT-BA), mas tudo leva a crer que ainda não encontrou.
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – Luiz Fernando Furlan (sem partido-SP). Condicionou sua permanência ao poder de indicar o presidente do BNDES, condição não aceita por Lula. Mesmo assim, Furlan pode continuar.
Esporte – Orlando Silva de Jesus Júnior (PC do B-BA). O ex-deputado Agnelo Queiroz (PCdoB-DF), que deixou o cargo para disputar o Senado (e perdeu a eleição), quer a cadeira de volta.
Previdência – Tanto poderia ficar com o PDT quanto com outro partido aliado.
Secretaria de Relações Institucionais e Articulação Política – com a saída de Tarso Genro (PT-RS) para a Justiça, fala-se que a estratégica função passaria ao atual ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia (PTB-MG).
Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca – Altemir Gregolin (PT-SC) trabalha para permanecer.
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres – não é certa a permanência de Nilcéa Freire (sem partido-RJ)
Turismo – Walfrido Mares Guia (PTB-MG) pode sair para uma área mais importante, abrindo espaço para Lula entregar o ministério a algum partido da base governista.
2 comentários:
E pensemos o seguinte. Se para executar o PAC são necessários os devidos executivos em suas respectivas pastas e para votar são necessárias as devida adequações de cargos aos aliados que aderiram a negociata da eleição do Chinaglia o tal PAC, urgente salvação da lavoura, vai longe...
É dando que se recebe. Nada mudou.
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