Senado já discute sucessão |
Sérgio Pardellas |
Jornal do Brasil |
20/6/2007 |
O Senado já discute nos bastidores a sucessão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), protagonista de uma crise política que ganha corpo a cada dia. Embora não admitam em público, líderes de partido consideram que Renan está com os dias contados no comando do Congresso. Por isso, articulam o lançamento de nomes para substitui-lo. O assunto ainda é tratado com cautela, pois depende do desenlace do processo no Conselho de Ética da Casa. Ou da renuncia de Renan à presidência. Mas os quatro maiores partidos - PMDB, DEM, PSDB e PT - nem pensam em ficar de fora de eventual disputa pela sucessão do peemedebista. No próprio PMDB, nomes já começam a ser ventilados. Hoje, o mais forte é o da senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), que é líder do governo no Congresso e teria o aval do Palácio do Planalto. O pai de Roseana, senador José Sarney (PMDB-AP), também é considerado um candidato natural. Há ainda os que defendem uma saída "ética" - no caso, o senador Pedro Simon (PMDB-RS), que ontem defendeu a renúncia de Renan da presidência. O Renan fará um gesto de profunda grandeza se renunciar à presidência do Senado - disse Simon. - Não podemos deixar o Senado sangrando. O apelo, que ganhou adeptos na Casa, não foi capaz de demover Renan da intenção de permanecer no comando do Senado. Não saio. Estou tranqüilo. Sofro pressão só da imprensa - replicou. Em tese, o PMDB - dono da maior bancada, com 20 cadeiras - teria a prerrogativa de indicar o sucessor de Renan. O DEM, no entanto, que concorreu à presidência da Casa no início do ano com o líder José Agripino Maia (RN), também aspira ao cargo. Não à toa, desde a última semana os senadores do partido endureceram o discurso contra Renan. A estratégia, que consistiria em fragilizá-lo até tornar sua situação insustentável, chegou a ser discutida em reunião, há 10 dias, no gabinete da liderança do partido no Senado. Primeira opção do DEM para suceder Renan, Agripino foi o primeiro senador a pedir publicamente a renúncia do peemedebista da presidência. Não tem mais clima para a permanência de Renan - reiterou Agripino ontem. Os tucanos evitam falar em nomes. Mas, intramuros, descartam apoiar a candidatura do senador José Sarney ou de Roseana. Devido à proximidade com o Palácio do Planalto, ambos seriam incapazes de equilibrar as opiniões na Casa, segundo o PSDB. O partido também vê na saída de Renan a oportunidade de comandar o Senado às vésperas das eleições municipais. A cadeira de presidente da Casa ainda seria importante porque os tucanos têm ambições de alcançar a Presidência da República em 2010. Ao contrário do DEM, a estratégia do PSDB é recolher as armas. Nada de assumir a linha de frente dos ataques ao peemedebista. Certos de que Renan será peça-chave da própria sucessão, os tucanos comemoram o fato de o DEM liderar o movimento "Fora Renan". O PT também tem seu candidato natural. É o vice-presidente da Casa, senador Tião Viana (PT-AC), que, na hipótese de renúncia de Renan ou de cassação por quebra de decoro parlamentar, assumiria mandato-tampão até que sejam convocadas novas eleições. Para petistas, seria a oportunidade de comandar ao mesmo tempo a Câmara e o Senado. Os mais comedidos, no entanto, reconhecem que o excesso de poder nas mãos do partido poderia ser prejudicial ao governo, ao gerar reação dos demais integrantes da coalizão governista. |
Renan e o fio da navalha
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Corrupção
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