Entidades repudiam ação da ACP contra redivisão

Paulo Leandro Leal

Da redação

Associações Comerciais de 20 municípios paraenses publicaram nesta quarta-feira, 18, uma nota pública de repúdio contra a Associação Comercial do Pará (ACP), que desencadeou uma campanha contra a redivisão territorial do Pará. Na nota, as entidades lamentam o fato de a ACP tentar passar a impressão de que representa toda a classe empresarial do Pará, quando na verdade, só representa os empresários da capital. O documento diz que a ACP não tem legitimidade para falar por todos os empresários.

Assinam a nota as Associações Comerciais de Santarém, Água Azul do Norte, Alenquer, Altamira, Ananindeua, Canaã dos Carajás, Itaituba, Juruti, Marabá, Monte Alegre, Novo Progresso, Óbidos, Oriximiná, Ourilandia do Norte, Parauapebas, Redenção, Maria, Sapucaia, Tucumã, Xinguara. No documento, estas entidades dizem que o repúdio se dá por a ACP tentar passar a idéia de unidade de toda classe empresarial em torno de seus próprios interesses, quando desencadeia uma campanha contra a redivisão territorial do Estado do Pará.

"A ACP não representa toda a classe empresarial paraense, tanto que cada município do Estado possui a sua própria associação comercial e nenhuma delas possui filiação ou qualquer vínculo com a ACP", diz a nota, acrescentando que a mobilização da ACP entidade não representa os anseios do empresariado do Pará, mas apenas a de um grupo de empresários, especialmente da Capital do Estado.

Segundo as Associações Comerciais, a ACP em nenhum momento as consultou sobre a sua campanha contra a criação de novos estados, e que por este motivo não poderia, de modo algum, falar por todo o empresariado paraense, como vem fazendo. "A manifestação da ACP, portanto, é um ato que não conta com o apoio geral do empresariado paraense, como vem sendo informado, e que não pode ser entendido como o pensamento da classe empresarial do Estado", destacam as entidades na nota de repúdio.

As entidades que subscrevem a nota ainda manifestaram apoio irrestrito ao projeto de criação de novos estados, não só no Pará como em toda a Amazônia. Os presidentes destas entidades entendem que este é um legítimo anseio de populações de regiões que só são lembradas pela classe política em época de eleição e que vivem durante séculos abandonadas pelos poderes centrais. "Regiões que se tornaram meras fornecedoras de matéria-prima bruta e que recebem pouco ou quase nenhum apoio governamental para o seu desenvolvimento", diz o documento.

As associações ainda sustentam que a redivisão territorial é um projeto estratégico de desenvolvimento para um Estado com dimensões continentais que até hoje não conseguiu dar uma resposta administrativa eficiente às regiões mais distantes da capital. "Regiões que sofrem com a falta de infra-estrutura e serviços essenciais básicos, como saúde, educação e até mesmo energia elétrica", destacam, lamentando o fato de a ACP usar apenas argumentos sentimentalistas em sua campanha, sem mostrar que existem estudos técnicos que demonstram a viabilidade da criação de Novos Estados.

Por fim, as entidades deixam claro que a ACP não representa a voz de todo o empresariado paraense, pois a referida entidade não possui legitimidade para isso. "Repudiamos o fato de que, mais uma vez, as entidades empresariais do interior do Pará tenham sido ignoradas, como se o Estado fosse apenas a sua Capital e como se a população do interior não pudesse, ela mesma, se manifestar sobre assunto tão importante para o futuro não só dos paraenses, mas de todos os brasileiros", finaliza a nota.

Fonte: Paulo Leandro Leal

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