QUEBRA DE DECORO
Pivô do escândalo que quase cassou Renan Calheiros é capa da Playboy deste mês. Sem arrependimento, ela afirma que sua trajetória não tem nada a ver com a personagem da novela Paraíso tropical
Mônica sobre o caso com senador: “Eu não tenho nada a comentar”
São Paulo — Depois de ter sido pivô do escândalo envolvendo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a jornalista Mônica Veloso deve ganhar projeção nacional ainda maior nos próximos dias. Ela é capa da revista Playboy deste mês e promete lançar, muito provavelmente no dia 15 de novembro, um livro contando histórias dos bastidores das relações políticas e de poder em Brasília.
Sob o título “A mulher que abalou a República”, a jornalista, mãe de uma filha de Renan, aparece nua na Playboy que chegará às bancas terça-feira, com expectativa de bater recordes de vendagem da revista em todo o país. Em entrevista concedida ontem sobre o novo trabalho, Mônica anunciou que fechou contrato com a editora Novo Conceito para publicar em livro a sua visão sobre a dinâmica dos relacionamentos que se estabelecem na capital do país.
O livro está sendo escrito de próprio punho, mas, segundo a jornalista, não trará nomes de políticos nem informações bombásticas sobre algum novo escândalo. “Há uma curiosidade grande em torno de coisas que acontecem lá (Brasília), das relações próximas entre políticos, jornalistas, publicitários, advogados, empresários. Tem uma avenida enorme para explorar. Tem muita história legal, as pessoas vão gostar”, disse Mônica, que é mineira e atualmente vive em Belo Horizonte.
Bastante segura, vestindo calça preta, camisa vermelha e sapato prateado de salto agulha, a jornalista mostrou preparo e tranqüilidade diante de todo tipo de pergunta. Da rotina de exercícios físicos ao futuro profissional, dos planos de fazer televisão à parte do próprio corpo de que mais gosta — a barriga. Mas se negou a falar sobre o peemedebista ou sobre a absolvição do senador: “Não vou falar absolutamente nada (...). Foi uma decisão política do Renan e de seus pares, eu não tenho nada a comentar”.
Pensão Questionada sobre o pagamento da pensão de sua filha, Mônica respondeu que o repasse é feito normalmente, por meio de transferência bancária, na qual vem registrado “Senado Federal”. “É um direito da minha filha e vem sendo cumprido”, disse a jornalista.
E mostrou surpresa quando ouviu: “Há males que vêm para bem?” A pergunta fazia referência ao fato de que seu envolvimento com Renan acabou resultando em uma filha e em uma projeção jamais trazida por seus 20 anos de profissão. “Minha filha é uma bênção”, disse ela, que negociou dois meses com a Playboy para fazer o ensaio, cujo cachê não foi divulgado.
Mônica rejeitou comparações entre sua trajetória e a de outras mulheres que tiveram romances com políticos (ou se envolveram em CPIs) em Brasília e optaram por ocupar as páginas das revistas masculinas em troca de dinheiro e sucesso instantâneo. “Não sou celebridade. Decidi fazer o trabalho depois de ouvir muitas pessoas amigas. E ficou muito bonito, sou fotogênica.”
A jornalista também não viu identificação alguma entre sua história e o final dado à personagem Bebel, a garota de programa vivida pela atriz Camila Pitanga que, na novela Paraíso tropical, da Rede Globo, terminou como amante de um senador prestando depoimento em uma CPI: “Não acho que minha história tenha absolutamente nada a ver com a personagem. A obra é de ficção, o autor pode ter visto um fato na mídia e feito uma alusão qualquer. Acho engraçado, porque sou uma profissional jornalista, trabalho há 20 anos, 10 deles foram na Globo e o que vivi não tem nada a ver com o perfil da Bebel.”
Mônica disse estar preparada para as críticas e tem consciência de que elas virão. E destacou que haverá gente a apoiá-la e a condená-la. Confessou que o ensaio, feito em uma casa no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro, lhe deu mais auto-estima, especialmente pelo fato de o Brasil valorizar demais a juventude: “Me senti muito bem, orgulhosa de ter quase 40 anos e receber o convite. Não me arrependo.”
A jornalista disse não acreditar que posar nua possa prejudicar sua carreira, recebeu e recusou algumas propostas de trabalho e contou que não vai mais trabalhar com marketing político. “Não me sentiria à vontade.” Descrita como “a flor no meio de um mar de lama” em um dos textos da Playboy, Mônica, que tem tatuagem com flores e borboletas no final das costas, diz estar sozinha, demonstra estar preparada para o sucesso e para bem mais do que 15 minutos de fama.
Não sou celebridade. Decidi fazer o trabalho depois de ouvir muitas pessoas amigas. E ficou muito bonito, sou fotogênica
Mônica Veloso, jornalista |
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