Fórum Social Mundial




800 manifestações ao redor do mundo

Evento
Os atos públicos da oitava edição do evento ocorrerão simultaneamente em 72 países no próximo sábado, incluindo o Brasil, onde 19 Estados também irão promover atividades
Enquanto o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, se inicia com o desafio de refletir sobre o abalo nas bolsas ao redor do planeta, o Fórum Social Mundial busca um novo rumo por meio de ações pulverizadas por 72 países.

Promovido anualmente desde 2001, o evento é um contraponto ao Fórum de Davos, que começou ontem e vai até o domingo.

Mais de 800 manifestações estão programadas para ocorrer simultaneamente no próximo sábado, Dia de Mobilização e Ação Global. No Brasil, serão realizadas atividades em 19 Estados. No Rio Grande do Sul, Porto Alegre e Pelotas devem sediar atos públicos. Os eventos serão comandados por movimentos sociais e organizações não-governamentais (ONGs).

- Não esperávamos tanto. Já estaríamos contentes com 40 países e 80 cidades - declarou o membro do conselho internacional do Fórum Cândido Grzybowski.
E acrescentou:
- Com base na antiga reivindicação dos movimentos sociais, surgiu a idéia da ação global de forma articulada. Desta vez, a raiz do Fórum se estendeu para mais países e mais cidades.

Descentralização aumenta número de participantes

Grzybowski considera que a descentralização do evento tem o objetivo de permitir que mais pessoas possam participar dos debates, sob o slogan "Um outro mundo é possível".

Conforme Grzybowski, a edição deste ano irá aprofundar a proposta de debater problemas globais de forma mais "concreta". Quando o Fórum começou, segundo o organizador do evento, os debates envolviam questões importantes, mas de uma forma um pouco "genérica".
Nos últimos anos, contudo, os debates incluem as conseqüências práticas dos problemas abordados e permite um envolvimento maior nas discussões, diz Grybowski.

- Dado o contexto de crise, o eco dessa capacidade de cidadania planetária, de dizer que outro mundo possível, é impactante. É um alerta para governantes, empresários e executivos - enfatiza.

A edição de 2006 já foi descentralizada, com eventos em três metrópoles distintas: Caracas, na Venezuela; Bamako, em Mali, e Karachi, no Paquistão. No final de março, na Nigéria, será feita uma avaliação do processo de descentralização, e a partir daí, serão organizados os eventos futuros.

Grzybowski propõe que sejam mantidas as manifestações ao redor do mundo, durante o Fórum de Davos, e se modifique a data do evento global.

- Se essa descentralização der certo, tem outra vantagem para nós, que é a possibilidade de movermos a data do evento central para um dia que convenha a todos no mundo. No Hemisfério Norte, em janeiro, é muito frio. Não queremos ficar condenados a América do Sul e África - disse.
O próximo grande encontro ocorrerá em Belém, no Pará, em janeiro do ano que vem. Mas também ocorrerão manifestações descentralizadas em vários países.

Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Análises Sócio-Econômicas (Ibase), entre 2001 e 2007, mais de 650 pessoas participaram de todas as sete edições do fórum. A edição que reuniu mais participantes foi a de 2005, em Porto Alegre, com 155 mil pessoas.

A última, em Nairóbi, no Quênia, contou com 74 mil participantes. O Ibase ainda aponta que os participantes dos fóruns tem um perfil jovem. Entre 56% (edição de Mali, na Indonésia) e 70% (em Porto Alegre) tinham até 35 anos de idade.

Evento é contraponto ao pensamento neoliberal

Desde sua criação em 2001, por iniciativa de ONGs brasileiras e estrangeiras e sob o patrocínio do governo Olívio Dutra (1999-2002), em Porto Alegre, o Fórum se propôs a fazer um contraponto ao pensamento neoliberal simbolizado por Davos.

Ao completar oito anos e se distanciar de Porto Alegre, porém, o encontro mundial da esquerda vive um impasse. Nenhuma das edições ocorridas fora da Capital foi capaz de atrair um público significativo e alcançar repercussão. Os organizadores não admitem que a derrota do PT, identificado com o Fórum, nas eleições para o governo do Estado e a prefeitura da Capital tenha afastado o evento dos porto-alegrenses.

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