É mesmo!? (Link)
E o Mangaba?
Leiam.
Publicada em: 20/01/2008
MANHATTAN
Esta ilha que sempre foi uma espécie de embarcação ancorada nos EUA, pagando anualmente para poder manter-se flutuano aqui (acho que estou usando palavras de Susan Sontag), uma especie de pênis a meia bomba (depende como você segura o mapa), pendurada, presa entre os rios Hudson e o East. Odiada pelo resto do país e invejada pelo resto do mundo, é cruel e às vezes tremendamente conservadora. Conservadora? Sim, tremendamente conservadora.
Manna-hata, como está no livro de registros de Robert Juet de 1609, ela significaria “um lugar com muitas montanhazinhas”. Bosta. Nada disso. Na minha opinião os holandeses que conquistaram isso aqui num delírio entre Dutch e Deustch devem ter falado mann hat es, ou seja, A Gente A Tem, ou seja, Manhattan.
O que importa é que Manhattan, como centro da Vanguarda do mundo, não é nem um pouco generosa com os seus “filhos”, por assim dizer. Falo da arquitetura, uma das minhas “fissuras” na vida, assim como a música.
Vamos ver. Aqui não existe um único prédio de Frank Gehri, por exemplo. Se Bilbao tem a sua Guggenheim e Berlim está cheia de Gehris, NY não tem um único prédio assinado por ele. E nem por Peter Eisenman, esse desconstrutivista tem Berlim nas mãos, mas necas de NY. E mesmo o pai da arquitetura americana, Frank Lloyd Wright, só tem uma única construção erguida aqui, o Guggengeim Museum, na Quinta Avenida com 88. Loucura, não?
Esta cidade que nos deu a cultura da art decô é um cocktail de tudo e nada, é o espellho da própria emigração, desse melting pot que é Manhattan. Vejam o Chrysler Building (dark, gargóilico - metálico), ou o Empire State builiding ou o proprio Rockefeller Center, para não mencionar preciosidades como o Flatiron Building que termina numa quina, ou pequenos detalhes de prédios da Madison Avenue que tem verdadeiras esculturas decô, ou o Soho todo “esculpido” em ferro guza (cast iron) ou os prédios dos correios que Saul Steinberg adorava reproduzir em seus desenhos, os government buildings como os dos correios na Canal Street e na Oitava Avenida, em frente ao Madison Squarde Garden, com suas escadarias e colunas greco-romanas calypso ultra ante-pós do nada. A arquitetura era, digo, era isso (até que entrou o Donald Trump, esse cafona, e seus negócios com …deixa pra lá), um espelho da mistura daquilo que aportava em Ellis Island.
Olha só o prédio da Time Warner Cable (onde fica a CNN), em Columbus Circle, que não completa dois anos de idade!!! Uma homenagem à decepção ou melhor, uma homenagem ao “engenheiro”. Bye Bye artista, arquiteto: entra em cena o engenheiro. A poucos quarteirões (subindo a Broadway) fica o Lincoln Center, um símbolo do “modernismo” da década de sessenta. Gostando ou não, aquilo hoje (especialmente o Metropolitan Opera House e o Avery Fisher Hall) parecem prédios de Ryad, na Arabia Saudita. Ou o Dakota, em Central Park West com 72, onde Lennon morou e morreu, onde Leonard Bernstein, Nureyev, Lauren Bacall viveram, e o filme “Rosemary's Baby”, obra prima de Polanski, foi filmado. De onde vem aquilo? Da Transilvania? Os labirintos lá dentro ainda mantêm vivo o espirito de Bela Lugosi.
Mas de volta ao modernismo! Os prédios de Walter Gropius na Sexta Avenida (em frente a NBC), ou mesmo a ONU de Corbusier. Mas e os mestres americanos? Somente o insosso Phillip Johnson conseguiu plantar aqui suas sementes simpatizantes nazistas. Desde o AT&T Building (hoje chama outra coisa) com seu famoso hall vazio e amplo em baixo e o furo (sempre os furos nazistas, símbolos de Goebbles em seus diários, uma bola, um furo na página que o arquiteto do nazismo, Albert Speer se recusava a copiar….. ). Esses furos são visíveis no skyline de Manhattan em prédios de Johnson, no Financial District, como em Midtown, são pirâmides furadas no topo. Sim, tem seu “Lipstick building” (baton) que é um tremendo fracasso como prédio mas faz um lindo par com o retângulo (ou melhor quadrado) metálico do Citicorp bem em frente…..
Generosidade, né? Pagar um pouco mais para ter a arte como prédio, já que grande parte da receita dessa cidade vem de pessoas que olham pra cima, pros lados, e pasmam. Pasmam. Eu pasmo.
Chega. Estou irritado. É porque vejo daqui que Wiiliamsburg esta virando um prato cheio para esses incorporadores que erguem alguma bostinha de 40 andaeres em seis meses e tudo tem cara de nada. Alumínio e vidro, nada nem um pouco inventivo, nada nem um pouco pensado: somente sobe como se fosse um Viagra da arquitetura, sobe sem tesão. Ereção automática, sintomática dos tempos.
Leiam.
Publicada em: 20/01/2008
MANHATTAN
Esta ilha que sempre foi uma espécie de embarcação ancorada nos EUA, pagando anualmente para poder manter-se flutuano aqui (acho que estou usando palavras de Susan Sontag), uma especie de pênis a meia bomba (depende como você segura o mapa), pendurada, presa entre os rios Hudson e o East. Odiada pelo resto do país e invejada pelo resto do mundo, é cruel e às vezes tremendamente conservadora. Conservadora? Sim, tremendamente conservadora.
Manna-hata, como está no livro de registros de Robert Juet de 1609, ela significaria “um lugar com muitas montanhazinhas”. Bosta. Nada disso. Na minha opinião os holandeses que conquistaram isso aqui num delírio entre Dutch e Deustch devem ter falado mann hat es, ou seja, A Gente A Tem, ou seja, Manhattan.
O que importa é que Manhattan, como centro da Vanguarda do mundo, não é nem um pouco generosa com os seus “filhos”, por assim dizer. Falo da arquitetura, uma das minhas “fissuras” na vida, assim como a música.
Vamos ver. Aqui não existe um único prédio de Frank Gehri, por exemplo. Se Bilbao tem a sua Guggenheim e Berlim está cheia de Gehris, NY não tem um único prédio assinado por ele. E nem por Peter Eisenman, esse desconstrutivista tem Berlim nas mãos, mas necas de NY. E mesmo o pai da arquitetura americana, Frank Lloyd Wright, só tem uma única construção erguida aqui, o Guggengeim Museum, na Quinta Avenida com 88. Loucura, não?
Esta cidade que nos deu a cultura da art decô é um cocktail de tudo e nada, é o espellho da própria emigração, desse melting pot que é Manhattan. Vejam o Chrysler Building (dark, gargóilico - metálico), ou o Empire State builiding ou o proprio Rockefeller Center, para não mencionar preciosidades como o Flatiron Building que termina numa quina, ou pequenos detalhes de prédios da Madison Avenue que tem verdadeiras esculturas decô, ou o Soho todo “esculpido” em ferro guza (cast iron) ou os prédios dos correios que Saul Steinberg adorava reproduzir em seus desenhos, os government buildings como os dos correios na Canal Street e na Oitava Avenida, em frente ao Madison Squarde Garden, com suas escadarias e colunas greco-romanas calypso ultra ante-pós do nada. A arquitetura era, digo, era isso (até que entrou o Donald Trump, esse cafona, e seus negócios com …deixa pra lá), um espelho da mistura daquilo que aportava em Ellis Island.
Olha só o prédio da Time Warner Cable (onde fica a CNN), em Columbus Circle, que não completa dois anos de idade!!! Uma homenagem à decepção ou melhor, uma homenagem ao “engenheiro”. Bye Bye artista, arquiteto: entra em cena o engenheiro. A poucos quarteirões (subindo a Broadway) fica o Lincoln Center, um símbolo do “modernismo” da década de sessenta. Gostando ou não, aquilo hoje (especialmente o Metropolitan Opera House e o Avery Fisher Hall) parecem prédios de Ryad, na Arabia Saudita. Ou o Dakota, em Central Park West com 72, onde Lennon morou e morreu, onde Leonard Bernstein, Nureyev, Lauren Bacall viveram, e o filme “Rosemary's Baby”, obra prima de Polanski, foi filmado. De onde vem aquilo? Da Transilvania? Os labirintos lá dentro ainda mantêm vivo o espirito de Bela Lugosi.
Mas de volta ao modernismo! Os prédios de Walter Gropius na Sexta Avenida (em frente a NBC), ou mesmo a ONU de Corbusier. Mas e os mestres americanos? Somente o insosso Phillip Johnson conseguiu plantar aqui suas sementes simpatizantes nazistas. Desde o AT&T Building (hoje chama outra coisa) com seu famoso hall vazio e amplo em baixo e o furo (sempre os furos nazistas, símbolos de Goebbles em seus diários, uma bola, um furo na página que o arquiteto do nazismo, Albert Speer se recusava a copiar….. ). Esses furos são visíveis no skyline de Manhattan em prédios de Johnson, no Financial District, como em Midtown, são pirâmides furadas no topo. Sim, tem seu “Lipstick building” (baton) que é um tremendo fracasso como prédio mas faz um lindo par com o retângulo (ou melhor quadrado) metálico do Citicorp bem em frente…..
Generosidade, né? Pagar um pouco mais para ter a arte como prédio, já que grande parte da receita dessa cidade vem de pessoas que olham pra cima, pros lados, e pasmam. Pasmam. Eu pasmo.
Chega. Estou irritado. É porque vejo daqui que Wiiliamsburg esta virando um prato cheio para esses incorporadores que erguem alguma bostinha de 40 andaeres em seis meses e tudo tem cara de nada. Alumínio e vidro, nada nem um pouco inventivo, nada nem um pouco pensado: somente sobe como se fosse um Viagra da arquitetura, sobe sem tesão. Ereção automática, sintomática dos tempos.
2 comentários:
Este sujeito é o mais bizarros entre os bizarros.
Vai ganhar o troféu abacaxi.
Que falta que faz o Chacrinha.
Postar um comentário