A Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa) divulgou nota nesta sexta-feira (25) afirmando que a declaração da ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, de que o aumento do desmatamento na Amazônia foi provocado pela pressão para elevar a produção de soja e carne, poderá causar o engessamento das principais atividades econômicas na região. “Não é mais possível aceitar, passivamente, sem o nosso reiterado protesto, que certas autoridades continuem a considerar o agronegócio como o vilão dos problemas ambientais, desfiando raivosas invectivas contra as nossas atividades, esquecidas da real importância que temos para a economia nacional e, em especial, a do Estado do Pará”, diz a nota, assinada pelo presidente da Faepa, Carlos Xavier.
A entidade afirma que tem posicionamento contrário a qualquer desmatamento feito de forma ilegal e que tem apresentado propostas “para o desenvolvimento sustentável de nossa região, inclusive com o racional aproveitamento das áreas já alteradas”. E que defende planos que incentivem a transformação da pecuária extensiva em intensiva, com agregação de mais tecnologia.
A Faepa declara não aceitar que o governo adote medidas que impliquem na interrupção da produção de alimentos, “sem que o Governo Federal tome para si a responsabilidade de investigar as reais causas do aumento do desmatamento e de combater diretamente os responsáveis pela atividade ilegal, em lugar de escolher o caminho mais curto e fácil, que atinge atividades econômicas consolidadas em áreas que há muito tempo estão destinadas ao cultivo, sem recorrer ao desmatamento de novas áreas para continuar em funcionamento”.
“A Faepa espera que o bom senso possa dominar o debate para conter o desmatamento ilegal na Amazônia, e se propõe contribuir, como sempre o fez, com o máximo de boa vontade, para que se identifiquem os verdadeiros culpados pela ilegalidade do desmatamento, sem punir de maneira injusta quem trabalha de acordo com a lei em nosso território”, acrescenta a nota.
Mato Grosso nega pressão na floresta
'Temos áreas ociosas na agricultura e menos gado no pasto. Não há pressão na floresta por conta da produção agropecuária'. Quem garante é Rui Prado, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), estado indicado pelos números apontados pelo Ministério do Meio Ambiente esta semana como principal responsável pelo aumento do desmatamento na região amazônica. Junto com outras três entidades que representam o setor, a Famato encaminhou uma carta ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, agradecendo-o por ter defendido o setor.
No documento, os empresários afirmas que o setor produtivo do Mato Grosso “passa por uma grave crise econômica, em função das sucessivas quedas do dólar frente ao real, os altos custos de transporte pela falta de logística adequada e os altos preços de combustíveis, fertilizantes e defensivos, o que impede novos investimentos em aberturas de áreas, principalmente na região Norte, onde a logística de escoamento da produção é ainda pior”. Esta falta de novos investimentos, segundo a carta, pode ser comprovada facilmente através dos números da Conab, que mostram queda na área plantada com soja no estado nos últimos três anos e queda no número de cabeças do rebanho bovino.
De acordo com esses números, na safra 2004/2005, a área plantada de soja foi de 6,1 milhões de hectares, caindo para 5,7 milhões no período 2007/2008, 400 mil hectares a menos. O rebanho bovino, que era de 26,172 milhões de cabeças segundo o Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea), totaliza hoje 25,737 milhões, uma redução de 434.816 mil cabeças.
“Não podemos mais aceitar que os principais responsáveis pelo meio ambiente do País sentem-se lado a lado para uma coletiva sem um mínimo de embasamento sobre o que está realmente acontecendo”, diz a carta ao ministro Stephanes.
As entidades do Mato Grosso garantem que têm sido feito enormes esforços juntamente com o Governo do Estado “para que a produção agropecuária seja feita com qualidade e sustentabilidade ambiental, já que temos as leis mais rígidas, reservas legais e áreas de preservação permanente, um sistema de licenciamento ambiental que permite o acompanhamento das propriedades licenciadas pela Internet”.
E acrescentam: “Somos campeões brasileiros em reciclagem de embalagens de agrotóxicos e plantio direto e assinamos o Pacto Ambiental em agosto último, que vai dar ainda mais transparência a tudo que estamos fazendo pela conservação do meio ambiente e mitigação do aquecimento global”.
Fonte: Pará Negócios
2 comentários:
Se fosse para plantar cana e produzir bio-combustível a engajada ministra ia ficar de bico fechado.
Pelo contrário Ricardo. Ela acusa o setor produtivo como principal resposnsável pelo aumento do desmatamento.
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