A cara do Senado (antes da CPMF)
Celso Junior/AE |
Com sua vasta cabeleira em desalinho, a voz rouca e o estilo histriônico, o senador Wellington Salgado (PMDB-MG) encarnou melhor do que ninguém o espírito da pantomima encenada no Congresso ao longo do interminável escândalo Renan Calheiros. Salgado nunca apresentou nenhum projeto de lei relevante nem jamais foi agraciado com um mísero voto (era suplente do hoje ministro Hélio Costa, cuja campanha para o Senado foi quase toda financiada pela sua família). Mesmo assim, ganhou os holofotes e dominou os debates no plenário na qualidade de um dos mais ardorosos defensores de Renan na sua luta contra o decoro e a ética. Ao longo dessa atuação, criou, além de muitos constrangimentos, também uma expressão. Graças a Salgado, a palavra "chinelinho" doravante poderá ser usada para se referir aos "presentinhos", "agradinhos" e outras indecenciazinhas que, na opinião do senador, o governo deve oferecer aos parlamentares em troca de votos quando o assunto o interessa. Não fosse pela votação redentora que extinguiu a CPMF, o Senado teria chegado ao fim de 2007 com a cara de Wellington Salgado.
Edição de Veja na Retrospectiva 2007. Cruz, credo!
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