Prá dar risada. Pensar um pouco e mandar a corja prá roça com cangalha no costado.
Transposição da AlOPRA, seus derivativos e muita cara-de-pau de um autêntico cabra de pêia.
Republicando
Após retornar do cursinho de seis meses em Harvard – à moda Ciro Gomes de se mostrar --, Geraldo Alckmin deve voltar tentando evitar o sotaque bostoniano que acabou fazendo algum sucesso nos meios políticos do Brasil graças as proezas e malabarismos do professor harvardiano Mangabeira Unger, uma mistura de mestre de Direito, politicólogo e financista disfarçado.
Como se sabe, Mr. Mangabeira acaba de dar um salto mortal triplo, sem rede de proteção, tentando passar de empregado do Daniel Dantas a ministro do governo Lula. Espatifou-se antes de assumir. Ou melhor, antes de subir.
Por falar em Harvard, uma das maiores frustrações das pessoas inteligentes brasileiras é não poder freqüentar essa tradicional instituição.
Não que exista algum obstáculo, digamos, preconceituoso que impeça as pessoas inteligentes brasileiras de chegarem lá.
É apenas uma questão de distância.
Harvard, mesmo fiel aos princípios aristocráticos da velha Boston, sempre abriu suas portas para pessoas inteligentes do mundo todo.
É famosa em Harvard a história de Caleb Cheeshahteaumuck, um
pele-vermelha que entrou para a universidade em 1660 (sim, 1660) e bacharelou-se em 1665.
Quando voltou para sua tribo, Caleb impressionou as jovens índias não só pelo seu sotaque marcadamente bostoniano como pelas suas gravatas e os paletós de veludo verde, tão comuns na época entre os garotões de Harvard.
Caleb colocou na sua tenda um cartaz com um dos 'slogans' da universidade: “Nós produzimos os melhores frutos da Nova Inglaterra”.
Durante anos Caleb funcionou como formulador de projetos políticos alternativos para a tribo.
Essas reminiscências sobre o velho e bom Caleb sempre nos vêm à memória a propósito do interesse das pessoas inteligentes do Brasil pela tradicional escola.
Lembro-me, como se tivesse acontecido ontem, da reunião das mais proeminentes cabeças do antigo MDB com o então recém-chegado de Harvard, o professor, jurista e sociólogo Roberto Mangabeira Unger, um dos responsáveis pela popularização da universidade nos meios políticos tupiniquins.
As eminências do velho MDB convidaram Mr. Unger para que ele ajudasse o partido.
O velho MDB necesitava urgente de encontrar propostas objetivas para o exercício de uma oposição mais eficaz pois estava sentindo que era chegado o momento da transição do regime autoritário para um regime semi-autoritário.
Quando eu cruzei com o professor Mangabeira nos saguões do Hotel Nacional, percebi logo que ali estava um dos melhores frutos da Nova Inglaterra.
O professor não usava paletó de veludo verde (devia ter caído de moda em Harvard), mas o sotaque era impecável.
Isso sem falar na pasta de couro que o professor arrastava pelo saguão. Devia pesar uns 20 ou 30 quilos. “É o peso da sabedoria de Harvard”, conjecturei.
À noite, ainda meio vergado pelo peso da pasta e dos seus profundos conhecimentos, o professor Mangabeira apareceu na casa do senador Roberto Saturnino para uma palestra a um seleto lote de oposicionistas das mais variadas tendências.
O auditório estava ávido para ouvir o que de mais moderno existe em matéria de projeto político alternativo (as teses do índio Caleb também haviam caído de moda, creio).
E, convenhamos, o professor, como acontecia com Caleb, foi um sucesso.
Segundo ele, o MDB, naquele momento crucial da sua existência, teria três possibilidades:
1) continuar sendo o mesmo MDB velho de guerra que a gente conhecia fazia tempo;
2) o MDB podia reciclar-se, tentando aproximar-se intimamente da classe trabalhadora;
3) o MDB podia acabar.
Quando alguém do auditório perguntou qual das três hipóteses ele
achava a mais indicada, o professor foi de uma objetividade digna dos melhores homens que passaram por Harvard: “I came to hear”, disse.
Muitos não captaram, no primeiro momento, toda a sabedoria embutida nessa assertiva.
Até que um dos senadores emedebistas presentes – parece que foi o senador Leite Chaves – venceu a timidez que a figura imponente do professor impunha aos ouvintes e traduziu para que os demais compreendessem: “Ele está dizendo que veio para ouvir”.
Houve um instante de perplexidade, até que espocassem palmas discretas, palmas de jogo de tênis no Country Club.
Naquele final de semana, a frase do professor Mangabeira correu de boca em boca nos gabinetes emedebistas do Congresso.
As melhores cabeças do partido explicavam para as piores cabeças o significado da expressão “eu vim para ouvir”.
Como Caleb Cheeshahteaumuck, Mangabeira Unger impressionara
vivamente o auditório.
Muitos emedebistas não hesitavam mesmo em definir a noitada na casa do senador Saturnino como o momento mais importante vivido pelas oposições brasileiras nos últimos anos.
De fato, não se podia esperar menos de uma aproximação Harvard-MDB. Nem se poderia duvidar da capacidade profissional do professor.
Afinal Mangabeira Unger, entre tantos títulos, tinha um realmente insuperável: ele era o único 'brazilianist' brasileiro.
Agora, o tempo passou, tudo mudou, caimos na mais deslavada democracia e Mangabeira Unger acabaria sendo convidado por Lula para o cargo de ministro da nova Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo, com o sugestivo nome de SEALOPRA.
No entanto, parece que o presidente, depois do convite, quando pôs a cabeça no travesseiro pensou melhor.
Antes de embarcar para a India (com conexões),onde deve permanecer nove longos dias, mandou um recado via ministro Mares Guia para que Mangabeira recusasse o convite.
O presidente pode ser até generoso com alguns amigos. Dizem que quem pediu por Mr. Mangabeira Unger foi o vice-presidente José Alencar, a quem Lula sempre foi muito grato.
Agora, botar para dentro do governo um personagem que goza do respeito e admiração (além de polpuda remuneração) do controvertido banqueiro sem banco Daniel Dantas era como alimentar uma cobra venenosa dentro do quarto de dormir.
Se o problema é não melindrar Harvard e o harvardianos, o melhor é convidar logo para o cargo o Geraldo Alckmin.
Além de estar desempregado, pelo menos combina com a infeliz sigla escolhida para designar a nova secretaria: SEALOPRA.
O fenômeno de Harvard
Labels:
O idiota aplaudido
Acompanho fatos relevantes a partir de abordagem jornalística, isenta e independente
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Veja como foi a sessão solene em Homenagem à Nossa Senhora de Nazaré 2024, na Câmara dos Deputados
Veja como foi a sessão solene em Homenagem à Nossa Senhora de Nazaré 2024, na Câmara dos Deputados A imagem peregrina da padroeira dos par...
-
O martelo já está batido: o Palácio do Planalto “deletou” a agenda trabalhista do Congresso, segundo o jornal Correio Braziliense de hoje. ...
-
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu queria mais uma vez cumprimentar a Comissão de S...
Um comentário:
coisa tosca
Postar um comentário