Entre a retórica do fundamentalismo ambiental e a picuinha do ôvo ou a galinha — o desafio

Recebí mais de cem e-mails hoje sobre o que foi aqui publicado sobre a audiência pública ocorrida na Câmara dos Deputados sob o patrocínio de três Comissões Permanentes da casa, que discutiu o desmatamento na Amazônia.

Por falta de tempo e pela diversidade das opiniões, não tabulei quem seria o ganhador da conceituação sobre meio ambiente e suas transversalidades.

O que me chamou a atenção, entretanto, e respondi alguns dos e-mails questionando a provável postura fundamentalista do blog num suposto posicionamento editorial essencialmente ruralista, ponderei que a atividade, antes de qualquer coisa, é a responsável por colocar a comida na mesa do brasileiro, seja ele do partido "A" ou "C"... e demais letras do alfabeto ideológico.

Comentários

Anônimo disse…
acerca do assunto do momento que veio balaçar as estruturas da politica paraense, no que diz respeito a saida de Charles Alcantara da Casa Civil, e no que isso pode desencadiar para o atual governo. Não poderia me furta de divulgar o melhor poster ja feito ate agora nos blogs sobre o referido assunto, pois o mesmo retrata o quadro real em que se encontra o atual governo.
Com voces a jornalista Ana Célia Pinheiro, titular do blog A Perereca da Vizinha;

A Saída de Charles

Jurei que não ia me meter nisso, devido ao meu envolvimento na campanha. Mas aí vai.

Informações seguras dão conta de que a saída de Charles Alcântara do Governo do Estado foi motivada por embates com o todo poderoso Puty.

Embora do outro lado do front, lamento a saída de Charles.

Creio que a minha xará perdeu, definitivamente, o rumo.

Charles era, sabidamente, o sujeito com melhor jogo de cintura deste governo.

E eu até deveria ficar feliz, já que estou do outro lado.

Mas, se assim fosse, não teria os amigos que tenho.

E eu considero Charles um amigo.

Bem vindo ao exílio, queridinho!
//

A Saída de Charles (2)

I

Charles Alcântara teve, recentemente, três graves problemas de pressão.

Mas, não foram tais problemas que custaram a cabeça do ex-poderoso chefe da Casa Civil do Governo do Estado.

Embora, talvez, essa seja a explicação mais simples para o Governo.

O xis da questão são, mesmo, as divergências internas da Democracia Socialista (DS), a minúscula tendência petista à qual pertence a governadora Ana Júlia Carepa.

“Há um racha na DS, uma divisão muito grande” – diz-me um histórico militante petista –“Antes, a Ana (a governadora) flutuava entre esses grupos. Mas, com a chegada ao poder, a coisa se acirrou. E hoje, o que estamos vendo é, aparentemente, até uma reconfiguração interna”.

A fonte acentua que a saída de Charles “coincide” com a definição das alianças municipais, para o próximo pleito.

Uma definição de alto impacto nas eleições de 2010.

A condução do processo é feita pela Casa Civil.

E a tarefa, agora, ficará com Cláudio Puty, uma espécie de Simão Jatene do atual governo, em termos de acumulação de poder.

II

O pomo da discórdia do mais recente round CharlesXPuty, diz-me uma fonte bem situada, foi, justamente, o próximo pleito.

“Charles é um defensor ardoroso da aliança com o PMDB. Já o Puty defende a preponderância da DS, junto com o PT”, relata.

Quer dizer: Charles entende que é preciso “acarinhar” o PMDB, nas composições municipais, até pela complexidade do jogo político interiorano.


No interior, o PMDB prevalece – o que já seria de se esperar, pelo fato de ser o maior partido local e nacional.


Já o PT não possui tanta força no interior. Mesmo assim, insiste em manter a cabeça das composições, mesmo quando não possui condições objetivas para isso.


Quem pediu a saída de Charles foi a DS, o que significa que esse pensamento – da preponderância da corrente e do PT, no Governo e nas alianças municipais – é majoritário na tendência da governadora.


Ou seja: os tucanos podem começar a soltar foguetes.


Porque se há um papel que os peemedebistas não sabem representar é o de mulher traída.


Eles, simplesmente, antecipam a traição...

III

Avessa a discussões públicas sobre as disputas internas, a DS, obviamente, nega, de pés juntos, os embates entre Charles e Puty.

Mas, gente bem situada no Governo diz que isso, de há muito, era visível. “Há um mês já havia rumores de que o Charles ia sair ou cair”, conta um secretário de Estado, que também confirma a crescente influência de Puty junto à governadora.

Para os olhos menos atentos, porém, diz-me outro integrante do Governo, nada levava a suspeitar da profundidade das disputas entre Charles e Puty, os dois homens-fortes da administração de Ana Júlia.

“De vez em quando, no Palácio, eles (Charles e Puty) tinham divergências” – relata a fonte – “E a gente via que a Ana trazia os dois, um de cada lado. E a impressão que passava era a de que eram, na verdade, complementares e não assim tão opostos”.

Em verdade, no início do governo, eram três os homens-fortes de Ana Júlia.

Além de Charles e Puty, havia Carlos Guedes, hoje no MDA, e na época o czar do Planejamento.

Guedes foi a primeira cabeça coroada a tombar, na queda-de-braço com Puty – que, dizem as más línguas, não se furta a táticas rasteiras, para obter o que quer.

Mas, antes de emplacar, no lugar de Guedes na Sepof, alguém de sua própria confiança, Puty também já conquistara outra peça importante do tabuleiro: a CCS - então Coordenadoria, hoje Secretaria de Comunicação.

Na época, Puty conseguiu defenestrar uma petista histórica – a jornalista Fátima Gonçalves, ligada a Charles. E emplacou no lugar dela o também jornalista Fábio Castro, um intelectual sem qualquer experiência do cotidiano das redações, mas de sua absoluta confiança.

Quer dizer: desde o início do Governo, Puty abocanhou a Comunicação e o Planejamento.

Agora, emplaca a si mesmo na Casa Civil, além de emplacar, na Secretaria de Governo que até então ocupava, a própria adjunta.

Como a Sefa também pertence a um aliado de Puty, ele conseguiu se transformar, efetivamente, numa espécie de Rasputin do Governo Estadual.

Ou, como brinca um petista, “o Puty, agora, é o próprio Luís XIV, com a sua antológica frase: o Estado sou eu”...

IV

Charles e Guedes estavam com Ana Júlia ainda durante a campanha.
Puty chegou depois, já após a transição e durante a montagem do governo.

Conta-se que foi apresentado à Ana Júlia pelos irmãos Marcílio e Maurílio Monteiro, ex-marido e ex-cunhado da governadora.

Os irmãos o apresentaram como um antigo militante de esquerda, que passara muito tempo na Europa.

Diz-me alguém que, a exemplo de Ana Júlia, também a origem de Puty foi o movimento estudantil.

Mas, eles não pertenciam às mesmas correntes. Puty teria integrado a Força Socialista. Ana, desde muito jovem, foi militante do Partido Revolucionário Comunista (PRC).

Boa parte da DS, aliás, tem origem no PRC; outro tanto, veio da Força (que era comandada, em Belém, pelo ex-prefeito Edmilson Rodrigues), quando essa corrente implodiu.

Em comum, DS e Força sempre tiveram o ranço autoritário da origem leninista. Ou a “leveza” do atual trotskismo, como apontam, ferinamente, os adversários do próprio PT...

V

Na bolsa de apostas, há quem acredite que a saída de Charles pode significar, também, a queda de outros integrantes do governo, talvez próximos demais a ele, para o gosto de Puty.

Seria, talvez, o caso de Edilza Fontes. Mas Edilza tem uma ligação de amizade antiga com Ana Júlia, desde os tempos do PRC e da “Caminhando”, o braço do partido no movimento estudantil, naqueles tempos bicudos da ditadura militar.

Outra que poderia ser afetada seria Suely Oliveira, ex-Força Socialista e também ligadíssima a Charles Alcântara.

Mas, nesse caso, observa um petista histórico, a situação de complicaria para a governadora, uma vez que Suely é o único quadro da DS que possui, efetivamente, base popular.

A DS, é claro, tentará descer rapidamente o pano, abafando o mais possível a queda de Charles Alcântara.

Mas, o fato, é que, assim como a saída de Guedes, a queda de Charles tende, também, a arranhar a imagem do governo.

Quem sabe, até dificultando as negociações com os partidos da base aliada, num momento crucial: a ante-sala do grande jogo de 2010.

Guedes desmontou várias das armadilhas deixadas pelos tucanos no caminho do novo governo e tinha excelente capacidade de negociação, inclusive com adversários.

Charles é igualmente macio, embora mais esperto – na verdade, mais “político”.

Aquando dos expurgos promovidos pelo antagonista, fingiu-se de morto.

Negociava com atenienses, persas e espartanos, mas, também, sabia falar grosso – vide a “vacinação” antecipada a possíveis vinculações dos petistas com Chico Ferreira...

E, paradoxalmente, também demonstrava preocupação em, ao menos, pensar os limites éticos da ação política – coisa que o pragmatismo faz a esquerda, por vezes, esquecer.

Nada disso, porém, evitou a queda de Charles, o que talvez signifique uma mudança de rumo do governo, em várias frentes.

E resta saber, apenas, qual será a próxima conquista do nosso Rasputin.
Anônimo disse…
Os fundamentalistas deveriam destilar as suas hipocrisias lá no Iraque, no Afeganistão ou no Irâ, com um turbante verde na cabeça para se diferenciar dos delirantes do terror de lá.
Anônimo das 10:20 PM, a jornalista Ana Célia Pinheiro é fonte de credibilidade, porém, passível da dificuldade de checagem de fontes: o eterno fantasma do jornalista investigativo.

Creio que se ela soltou esse "furo", sai na frente de todo o mundo.

Quanto à repercussão política se a notícia for confirmada, a governadora, em primeira instância, tem a caneta na mão para escolher quem fica ou não na sua equipe.

Deixarei para analistas melhor credenciados uma análise ampliada.

Incomoda-me no processo as promessas não cumpridas.

Os equívocos sucedem-se num ritmo de crise permanente. Desnecessário elencá-los.

Vários elementos menores são superlativizados pelos interesses do outro lado do balcão da disputa política.

Há um inegável desgaste e a justificativa da herança maldita tucana esvaziou-se.

A governadora é uma política experiente, acostumada à adversidades.Se confirmado a saída de colaborador desse quilate, vejo problemas sérios pela frente.

Ressalto que é um péssimo momento para a saída do Dr. Charles, ainda mais na véspera do "Abril Vermelho".

Será Puty o salvador da lavoura anônimo?

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