Obama prestigia a geração x em seu governo

O presidente Barack Obama quebra um paradigma ao prestigiar a chamada Geração X, nomeando jovens para assumir responsabilidades consideráveis em seu governo.

Resta saber se outras vestutas lideranças aprendam que o que importa é a competência e não a idade do colaborador.

Novo governo adota assessoria juvenil

Aos vinte e poucos anos, jovens talentosos compõem a equipe de Obama em Washington. Eles simbolizam a identificação do presidente com a geração X que o ajudou a chegar ao poder

Reggie Love é o responsável pela hospedagem, transporte de equipamentos, refeições fora da Casa Branca e assistência direta ao primeiro presidente negro dos Estados Unidos

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Jonathan Favreau surpreendeu Obama ao sugerir mudança num discurso: virou redator oficial

Gerald Herbert/AP - 21/12/08

O empenho de Eugene Kang pela eleição do democrata no ano passado lhe rendeu o posto de conselheiro político


Jonathan (Jon) Favreau tem apenas 27 anos e carrega nas costas a responsabilidade de ser o redator oficial de discursos do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. De ascendência sul-coreana, Eugene Kang, de 24 anos, tornou-se conselheiro político e assessor mais jovem do líder afro-americano. Reggie Love, de 27 anos, é o assistente pessoal do homem mais poderoso do mundo. O que os três têm em comum além da competência que os fez merecer um alto cargo em Washington?

“Cultural e politicamente, Obama representa uma nova geração tomando o poder. Uma geração cujos jovens são providos de mentes mais abertas”, responde Jeff Gordinier, de Nova York, autor de X saves the world (X salva o mundo) e editor-adjunto da revista masculina Details. “Obama traz um sangue novo, uma nova perspectiva à política.”

Alguns incidentes registrados durante a posse de Obama, na terça-feira, deixaram o escritor transtornado. “Foi interessante ver o ex-vice-presidente Dick Cheney em uma cadeira de rodas, o senador Ted Kennedy desmaiar e o ex-presidente George H. Bush parecer muito mais frágil. É como se a velha geração em Washington tivesse morrido”, afirma Jeff. Até mesmo os falcões, produtos do baby boom (aumento da natalidade nos EUA pós-Segunda Guerra Mundial), cederam espaço à geração X, formada por jovens pragmáticos e individualistas.

Neil Howe, autor de Generations: The History of America`s Future, 1584 to 2069 (Gerações: a história do futuro da América, de 1584 a 2069), recorda que Obama tornou-se o primeiro líder dos EUA a se conceituar como pós-boomer. Para ele, o presidente e os jovens mantêm uma relação quase simbiótica: o democrata reconhece a ânsia deles pela participação política e, por sua vez, eles o veem como o mandatário que os capacitará a deixar sua marca na história dos EUA e do mundo. “Obama naturalmente pretende abrir posições de importância para os membros mais capacitados de sua geração”, explica o especialista. A história de Jon Favreau se encaixa bem nesse perfil.

A brilhante trajetória do rapaz começou na universidade. Em entrevista ao Correio, a cientista política Caren Dubnoff — professora de governo americano e direito no College of the Holly Cross (em Worcester, Massachusetts) — diz ainda se lembrar do aluno de quem foi orientadora na tese final de curso, entre 2002 e 2003. “Eu não me surpreendi com o fato de Jon (Favreau) ter sido escolhido por Obama, pois ele era um excelente estudante. Escrevia claramente e apoiava seus argumentos com solidez, além de ser bastante articulado”, conta.

De acordo com Caren, o poder investido no presidente é influenciado por sua habilidade em persuadir o público. “A persuasão é positivamente influenciada pela boa retórica. É de grande ajuda escrever e falar bem, pois bons discursos incrementam a liderança”, explica a professora. “Nesse sentido, Jon vai ajudar.” O encontro entre o redator e Obama ocorreu em 2004. O então senador lia um discurso e foi interrompido por Jon Favreau. O rapaz sugeriu uma reedição do texto para preservar o ritmo e deixou Obama impressionado. Contratado, entre 1º de outubro de 2006 e 28 de fevereiro de 2007 recebeu US$ 29.166.

Volta por cima
Já Reggie Love atuava como assistente de gabinete de Obama e tinha um salário menor. Em quatro meses de trabalho no Capitólio, ganhou US$ 17.377. Em 2001, quando cursava ciência política na Duke University, o rapaz jogava como armador na equipe de basquete Duke Blue Devils. Problemas com álcool o afastaram do esporte em 2002, mas ele deu a volta por cima e retornou como capitão, três anos depois. Love desempenhou papel ativo na campanha de Obama. A confiança e a determinação lhe valeram o cargo de body man do presidente — nessa função, ele é o responsável pela hospedagem, transporte de equipamentos, refeições fora da Casa Branca e qualquer tipo de assistência direta.

Bacharel em inglês e filosofia pela Michigan University, Eugene Kang criou o site de Obama para americanos de ascendência asiática e habitantes das ilhas do Pacífico. A primeira aventura pelo mundo da política foi desastrosa: em 2005, ele foi derrotado nas eleições para o Conselho da Cidade de Ann Arbor, no estado de Michigan. Um ano depois, se redimiu ao contribuir com a candidatura vitoriosa da senadora Amy Klobuchar.

Na campanha de Obama, Eugene se enfurnou no quartel-general do Partido Democrata em Chicago e se dedicou a eleger o senador por Illinois. Do trabalho, nasceram a amizade e a confiança. Os dois jogaram golfe quando o atual presidente gozava as férias no Havaí, em dezembro. Neil Howe acredita que, ao se definir como líder pós-baby boom, o chefe de Estado quer mover os EUA para além do partidarismo, da paixão e da cultura de guerra que caracterizaram a geração anterior.

Fonte: Correio Braziliense

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