Pizza com tempero petista para absolver Sarney e Virgílio
Berzoini diz que petistas arquivarão as denúncias contra o presidente do Senado
Paulo Duque dará um voto de desempate em favor de Sarney, de quem é colega de partido, se o embate entre governo e oposição ficar empatado
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), está a um passo de se tornar um dos maiores beneficiários da demonstração de apoio do PMDB à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, durante o depoimento da ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira, ontem, à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Se for seguida a recomendação do presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), os petistas vão votar hoje a favor de Sarney no Conselho de Ética da Casa.
“Eu defendo que o PT vote pelo arquivamento por conta de uma questão fundamental: a oposição transformou esse assunto em luta política. Quer fazer com o Sarney o que fez com Renan Calheiros há dois anos. Não verificamos ânimo para uma investigação séria. Maior prova disso foi a sessão da CCJ(1). Muito longe de trabalhar pelo esclarecimento, estava se tentando o tempo todo colar a versão de que a ministra Dilma mentiu. Eles querem levar esse lengalenga até o ano que vem”, disse Berzoini à imprensa.
A declaração do presidente petista era tudo o que o PMDB adoraria ouvir do líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP). Mas o senador, desautorizado por Berzoini na defesa da abertura de investigação no Conselho de Ética do Senado, e pressionado a indicar Romero Jucá (PMDB-RR) e Roberto Cavalcanti (PRB-PB) como titulares no colegiado, preferiu colocar o cargo à disposição.
“Eu me recuso a fazer esse tipo de coisa. Se for para fazer, que seja por outro líder”, afirmou Mercadante, via assessores.
Missão
Jucá e Cavalcanti foram os nomes que aceitaram a missão de votar em favor de Sarney, dentro do bloco de apoio ao governo, e se apresentaram para o conselho no lugar de Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) e João Ribeiro (PR-TO), que renunciaram ao colegiado. Os atuais suplentes são todos do PT: a líder do governo no Congresso, Ideli Salvatti (SC), além de Delcídio Amaral (MS), Eduardo Suplicy (SP) e Augusto Botelho (RR). Ideli e Delcídio têm como “plano A” se ausentarem do plenário na reunião de hoje. Nesse caso, Suplicy e Botelho votariam pelo desarquivamento das representações, reforçando a oposição, que tem fechados seus cinco votos e conta ainda com o do PDT. Os dois petistas desequilibrariam para 8 a 7, em favor da oposição, já que o presidente, Paulo Duque (PMDB-RJ), não vota.
Ciente desse problema, Berzoini conversou com Ideli na hora do almoço, assim que terminou o depoimento de Lina na CCJ do Senado. Falou ainda com Delcídio. Nos bastidores, até os senadores do partido reclamam da condução de Mercadante. Eles consideram egoísmo e exposição gratuita dos colegas de bancada a resistência a indicar senadores de outros partidos. Acusam-no de querer apenas fazer bonito perante os eleitores de São Paulo. Para muitos senadores, se Sarney pode ser o maior beneficiário do depoimento de Lina, Mercadante é hoje um perdedor. Ou o cargo ou o discurso perante o eleitorado paulista. Ontem à tarde, um peemedebista reclamava que o líder do PT é muito de seguir o que deseja a mídia. E, agora, na hora de nadar contra a corrente, pediu para sair.
1- Revide
Em resposta à manobra da oposição que resultou no depoimento da ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, a bancada governista rejeitou ontem, numa tacada só, uma leva de requerimentos polêmicos apresentados na CPI da Petrobras. Com a decisão, foram arquivados os pedidos de nova convocação da ex-chefe do Fisco e de informações sobre a prestação de contas da Fundação Sarney.
Comentários
Quero outros senadores que não me deixem morrer de fome e me ofereçam refeições mais apropriadas.