O Ministério da Cultura mente descaradamente ao afirmar que não terá dinheiro público para bancar um blog pretendido pela cantora baiana Maria Bethania, irmão de Caetano Veloso.
É de um cinismo atroz o Ministério da Cultura reconhecer que autorizara a cantora a captar R$ 1,3 milhão para produzir página na internet. A pasta alega que não haverá injeção de recursos públicos na iniciativa.
Mas como isso é possível? Pergunta os imbecis que pagam imposto no Brasil.
Segundo o Minc, "é apenas uma autorização" do Ministério da Cultura (MinC) concedida à cantora Maria Bethânia causou polêmica ontem na internet. A pasta liberou a captação de R$ 1,3 milhão para a criação do site O mundo precisa de poesia, um blog que publicará diariamente um vídeo no qual a artista interpretará clássicos da literatura.
O assunto ficou entre os tópicos mais comentados no microblog Twitter durante o dia. A maioria dos comentários criticava a decisão do MinC e, após a repercussão negativa, o ministério explicou, por meio de nota oficial, que a autorização não inclui repasse de verba pública para o projeto, apenas permite a captação de recursos junto a empresas. Com a aprovação do MinC, as patrocinadoras podem, de acordo com a lei, deduzir do Imposto de Renda parte do dinheiro destinado ao apoio de eventos culturais.
A autorização foi concedida pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC), que reúne representantes de artistas, empresários, sociedade civil e governo. De acordo com o MinC, os critérios usados pelo CNIC são técnicos e jurídicos, e as decisões não discriminam se os pedidos são feitos por artistas famosos. “Rejeitar um proponente pelo fato de ser famoso configuraria óbvia e insustentável discriminação”, afirma a nota.
A justificativa para o alto custo do blog (coordenado pelo pesquisador Hermano Vianna, irmão do músico Herbert Vianna) é que os 365 filmes de um minuto previstos no projeto seriam produzidos pelo cineasta Andrucha Waddington, diretor do documentário Maria Bethânia — pedrinha de Aruanda. O site é inspirado em um espetáculo no qual Bethânia recita poemas e trechos de obras de escritores como Fernando Pessoa, Guimarães Rosa e Manuel Bandeira.
Quer dizer então que concessão de renúncia fiscal não é a mesma coisa que o governo abrir mão de arrecadar impostos para investir, digamos, na melhoria das bibliotecas públicas, que se encontram em estado de calamidade?
Essa senhora, ministra da Cultura, começou sua gestão criando problemas e falando mal da anterior.
Vamos aguardar quanto tempo ela vai se segurar no cargo.
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