Para neutralizar impacto eleitoral, senador Almeida Lima presidirá comissão e deputado Jilmar Tatto será relator
Para neutralizar o impacto eleitoral da CPI do MST, o governo pôs no comando da comissão parlamentares fiéis a sua orientação. Criada para investigar supostos repasses ilegais de dinheiro da União para o Movimento dos Sem-Terra (MST), a comissão elegeu ontem o senador Almeida Lima (PMDB-SE) para a presidência das investigações. Para o estratégico cargo de relator, foi eleito o deputado Jilmar Tatto (PT-SP), que foi secretário de Transportes na Prefeitura de São Paulo durante a gestão de Marta Suplicy.
Como faltam apenas duas semanas para o início do recesso legislativo, as investigações, mesmo sob controle da base governista, devem ficar para 2010, quando haverá eleições para a Câmara e para 2/3 do Senado. Na próxima reunião, marcada para quarta-feira, Tatto deverá apresentar seu plano de trabalho, com previsão de depoentes, audiências e provável término da comissão. Almeida Lima rejeitou a possibilidade de trabalhar durante o recesso. Merecemos férias, disse.
O deputado Dr. Rosinha (PT-PR) também admitiu que, além do recesso parlamentar, a eleição deverá prejudicar as investigações. Vai esvaziar em função da campanha eleitoral. Terá um ímpeto até maio e depois, com as convenções partidárias, começa a baixar os ânimos, avaliou.
Mista, a comissão contará com 36 integrantes - 18 deputados e 18 senadores, dos quais a maioria faz parte da base governista. Diferentemente de outras comissões, contudo, o grupo não está dividido apenas entre governo e oposição, uma vez que muitos parlamentares do PMDB, da base de apoio ao governo, é da bancada Ruralista.
SINTONIA
As discussões durante a reunião de instalação da CPI do MST foram contidas, mas algumas manifestações deram o tom de como será o debate ao longo das investigações. Por isso a ordem do Planalto para que os escolhidos fossem sintonizados com suas orientações.
Enquanto o deputado Moreira Mendes (PPS-RO), vice-presidente da Frente Parlamentar Ruralista, defendeu a investigação dos repasses do governo para o MST, parlamentares da base aliada, como Manuela DÁvila (PC do B-RS) pediram a apuração de todos os contratos agrários do governo, incluindo as entidades patronais, como a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), presidida pela senadora Kátia Abreu (DEM-TO), também autora do pedido de criação da CPI. Não podemos criminalizar os movimentos sociais, disse Manuela.
Não é uma CPI do MST, mas uma comissão para investigar contratos agrários entre entidades. Quando a oposição se deu conta da CPI que pediu, era tarde demais para recuar. Viram que não é possível investigar só o MST, afirmou Dr. Rosinha. Nosso cuidado será ficar dentro do objeto da CPI. O objeto fala de irregularidades no campo, tanto dos sem-terra quanto dos ruralistas. Vale tudo, resumiu o relator Jilmar Tatto.
Autor do pedido de investigação, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) será o vice-presidente.
Fonte: O Estado de S. Paulo.
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