Uma chilena cativante

Foto: Salu Parente
Foi uma solenidade excitante assistir à inteligentíssima Michelle Bachelet discursar no Congresso Nacional ainda a pouco. O Brasil precisa de uma mulher na presidência, competente e preparada, tal como a líder chilena.

Agência Câmara
Ao discursar durante a sessão solene do Congresso Nacional, na qual foi homenageada a presidente do Chile, Michelle Bachelet, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo, fez um apelo pela união latino-americana.Ele afirmou que todos os países buscam a democracia e a harmonia social e destacou o êxito do Chile na consolidação da democracia e no desenvolvimento econômico. "O exemplo do Chile é fundamental para a unidade", disse.Aldo também agradeceu o povo chileno por acolher os brasileiros exilados naquele país durante a ditadura militar. Ainda no discurso, o presidente falou sobre a história, a cultura e o futebol chilenos.A cerimônia foi realizada no plenário do Senado e contou com a presença de autoridades e parlamentares chilenos e brasileiros.Conselho de SegurançaEm discurso no Senado, Michelle Bachelet defendeu a entrada do Brasil no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo ela, o Chile também continuará apoiando a liderança brasileira no G-20 - grupo que reúne países em desenvolvimento, entre eles China, Índia, Rússia e África do Sul.A presidente do Chile ainda defendeu uma integração maior entre os países latino-americanos, citando especificamente a integração energética, e sugeriu a criação de um mercado regional de energia.Michelle Bachelet, que fala português, pediu perdão no início do discurso, anunciando que, por questões protocolares, faria o pronunciamento em sua língua natal. Ela surpreendeu os presentes ao cantar o Hino Nacional brasileiro no início da cerimônia.MercosulDurante a sessão solene, o presidente do Senado, Renan Calheiros, disse esperar que o Chile se torne membro permanente do Mercosul e que os chilenos integrem o Parlamento Latino-Americano (Parlatino), que deve ser instalado até o final do ano.Além de Aldo, Renan e Michelle Bachelet, também discursaram na solenidade o deputado Renato Casagrande (PSB-ES) e o senador Jefferson Perez (PDT-AM).Momentos difíceisEm entrevista há pouco, Aldo Rebelo disse ter ficado emocionado durante a sessão em homenagem a Michelle Bachelet. "O Brasil viveu, junto com o Chile, períodos difíceis de luta pela democracia e pela liberdade. Pagamos um preço alto, e não só em sacrifícios de vida. A presença de uma mulher perseguida e que perdeu o pai na luta pela democracia na presidência do Chile naturalmente nos envolve de emoção e de alegria", afirmou.
Presidente do Chile prega redução da desigualdade social
A redução das desigualdades sociais foi apontada pela presidente do Chile, Michelle Bachelet, como o principal instrumento para garantir a consolidação da democracia e da liberdade na região. A afirmação foi feita hoje, durante homenagem no Congresso em sessão solene.
"Concordamos que o crescimento econômico é condição, mas não é suficiente para o desenvolvimento. Esse só será possível com políticas sociais que permitam superar a pobreza", afirmou. Além disso, a presidente assumiu o compromisso de trabalhar pela integração dos países latino-americanos, que considera outro fator fundamental para o crescimento do continente.
O Brasil é parte do roteiro da primeira viagem internacional da presidente chilena, que tomou posse há um mês. "Venho ao Brasil para assinalar que o Chile está disponível para uma etapa mais avançada de integração entre os dois países - propomos um aliança renovada por valores que compartilhamos como democracia, liberdade e superação da pobreza. Também não podemos esquecer a amplitude e a coincidência das políticas exteriores", afirmou. Para Bachelet esse é o único caminho para garantir a consolidação democrática no continente.

Princípios democráticos
O presidente da Câmara, Aldo Rebelo, afirmou que a eleição de Bachelet é uma prova efetiva da consolidação da democracia e da justiça como princípios da política na América do Sul. A amizade entre os dois países e a generosidade do povo chileno, que recebeu exilados políticos brasileiros durante o regime militar, também foram exaltadas pelo presidente da Câmara. Na avaliação de Aldo, situados entre os Andes e o Pacífico, "os chilenos nunca tiveram o direito de ter pequenos sonhos, habituaram-se a grandes ousadias, a grandes batalhas e a grandes vitórias".
Já o presidente do Senado, Renan Calheiros, citou os êxitos da economia chilena nos últimos anos, quando esteve sob o comando da Concertación. "Em poucos anos, o país foi capaz de deixar para traz uma sociedade polarizada e construir outra baseada na igualdade. Hoje apresenta crescimento anual de 8%, tem o menor risco-país e os melhores índices de redução da pobreza na América Latina", disse. Para Calheiros, a eleição de Bachelet não só dá continuidade a esse projeto, mas o renova ao priorizar o combate às desigualdades sociais.

Pacto Político
A sessão foi solicitada pelo senador Jefferson Perez (PDT-AM), que elogiou a eleição de Bachelet - primeira mulher a assumir a presidência do Chile - e "a caminhada firme que o país empreende rumo ao desenvolvimento". Para Perez, esse sucesso decorre do projeto da coligação de que Bachelet é parte. "A Concertación uniu seus maiores partidos, antes rivais, em torno de um projeto nacional de desenvolvimento. Um projeto ainda em construção, mas de tal forma exitoso que já coloca o Chile no grupo das exceções felizes no conturbado cenário latino-americano".
Para o parlamentar, esse pacto permitiu que o país escapasse do movimento pendular entre o autoritarismo e o populismo. "E parece que vai escapando até mesmo à dicotomia entre esquerda e direita, talvez pela compreensão de sua elite política de que essas duas abstrações conceituais não são capazes de abarcar toda a rica e cambiante concretude da História", assinalou o senador.

Cultura
Jefferson Perez lembrou ainda o desenvolvimento cultural do Chile, citando como exemplo dois prêmios Nobel de Literatura concedidos aos escritores chilenos Pablo Neruda e Gabriela Mistral. A cultura chilena também foi ressaltada pelo presidente da Câmara, Aldo Rebelo, em especial a obra de Pablo Neruda. "A nenhum brasileiro é dado o direito de desconhecer a grandeza desses poetas, em especial Neruda, que nos inspirou no Brasil, na América Latina e no mundo a persistir no sonho da liberdade", recordou.

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