Especulações até nas hostes petistas
Virgílio Guimarães: "Os brasileiros decidiram que o PMDB tem de comandar tanto a Câmara quanto o Senado"
VG: "Há muitos peemedebistas com experiência suficientes para presidir a Câmara"
por Luís Costa Pinto
O deputado mineiro Virgílio Guimarães é uma das raras lideranças do PT remanescentes dos tempos pré-mensalão que conservaram incólume a autoridade, os votos e o trânsito nas demais legendas do Congresso depois da eleição de 1º de outubro. Reconduzido ao Parlamento nas asas de 140 mil votos, mantém-se como uma liderança independente dentro da legenda e segue como um raro amigo de convívio pessoal com o presidente da República. Durante a Constitutinte Virgílio e Lula dividiram um apartamento funcional em Brasília.
Em janeiro de 2005, depois de se recusar a ser enquadrado em uma decisão partidária, Virgílio Guimarães manteve sua candidatura à Presidência da Câmara a despeito de uma decisão da bancada do partido e foi responsabilizado pela derrota petista no pleito que terminou por eleger Severino Cavalcanti. Culpar o parlamentar mineiro por aquele desastre foi um exagero esperto cometido pelo comando petista que terminou por ser decapitado na esteira das denúncias do mensalão: o razoável sucesso da candidatura de Virgílio foi decorrência da atabalhoada e difusa política de alianças políticas do governo Lula no Congresso, e daí saiu o Frankestein institutcional chamado Severino Cavalcanti, eleito com os votos do PSDB, do PFL e de boa parte da base parlamentar governista abrigada no PTB, no PL e, claro, no PP que era a sigla "severinista".
Lúcido depois do turbilhão, escolado depois da derrota daquele fevereiro de 2005 e na seqüência de ondas amargas que ela trouxe para o PT e para o governo Lula, Virgílio é o primeiro expoente do Partido dos Trabalhadores a sair em defesa da mais pragmática solução para o cenário de um Parlamento que está às vésperas de se defrontar com a reeleição de um Presidente da República que deverá receber mais de 60 milhões de votos e corre o risco de ter de enfrentar um processo de impeachment.
"O PMDB saiu das urnas com a maior bancada na Câmara e já tinha a maior bancada no Senado. Então, os eleitores brasileiros deixaram claro que é o PMDB quem tem de comandar tanto a Câmara quanto o Senado", diz Virgílio. E continua: "O PT, caso Lula seja mesmo reeleito e tudo leva a crer que será, vencerá a disputa e comandará o Poder Executivo. Os cidadãos brasileiros decidiram que cabe ao PMDB comandar o Poder Legislativo. Há muitos peemedebistas com liderança e experiência suficientes para presidir a Câmara. É só procurar nas bancadas do Rio Grande do Sul, da Bahia, do Ceará, de Minas, do Rio de Janeiro, de São Paulo."
O petista mineiro está pronto para defender a sua tese na primeira reunião da nova bancada do PT eleita em outubro. E fará isso na tranqüila condição de um dos mais diletos amigos do atual presidente da Câmara, Aldo Rebelo. "Aldo é um grande presidente da Câmara, mas não podemos cair no mesmo erro de 2005. O PMDB é o parceiro institutcional mais lógico e mais forte que o PT precisa atrair para que Lula consiga governar sem grandes atropelos", explica. Virgílio Guimarães não vê obstáculos intransponíveis no fato de o PMDB já comandar o Senado e o presidente da Casa, o senador alagoano Renan Calheiros, desejar a própria reeleição. "Senado é Senado; Câmara é Câmara é Câmara. O veredito das urnas tem de prevalecer", diz.
Um palpite: Virgílio não está lançando nenhuma idéia maluca e destinada ao esquecimento. A tendência no PT, hoje, é fechar em torno dessa proposta e é muito provável que depois de domingo petistas cinco estrelas como Jacques Wagner, Marcelo Déda, Jorge Viana, Fernando Pimentel e mesmo Tarso Genro comecem a fazer eco àquilo que já prega Virgílio Guimarães.
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