Jornalista desaparece ao investigar "Máfia do Cacau"

Jornalista francês desapareceu por investigar setor do cacau

Paris, 28 out (EFE).- O jornalista francês Guy-André Kieffer - desaparecido desde 16 de abril de 2004 em Abidjan, a capital econômica da Costa do Marfim - foi seqüestrado por investigar ilegalidades no setor do cacau cometidas por pessoas vinculadas à Presidência, segundo denunciou o Repórteres Sem Fronteira (RSF).

A denúncia, que já tinha sido divulgada meses atrás, foi o centro de uma campanha iniciada hoje pelo RSF, que aproveitou a abertura do Salão do Chocolate em Paris, onde a Costa do Marfim montou um estande. O país é o maior produtor mundial de cacau.

Militantes da organização, acompanhados pela esposa de Kieffer, fizeram uma manifestação no evento, distribuíram panfletos e colocaram adesivos no estande marfinense.

Nos panfletos, o RSF afirma que "dois anos e meio de investigação após o covarde seqüestro organizado por pessoas próximas à Presidência permitiram esboçar um cenário terrível: Guy-André Kieffer sabia demais sobre as manobras do clã que detém o poder sobre o dinheiro do cacau".

"Os visitantes do Salão do Chocolate devem saber que atrás das aparências, o mercado de cacau marfinense esconde assuntos sórdidos", acrescenta em sua declaração.

A organização de defesa dos profissionais da imprensa acusa a "assessoria do presidente Laurent Gbagbo" do rapto do jornalista francês em um estacionamento de um supermercado de Abidjan em 16 de abril de 2004.

O RSF afirma que Kieffer, que trabalhava para a "RFI" (Radio France Internationale), "incomodava o poder" ao investigar sobre seu financiamento com "dinheiro sujo, o ponto central da guerra".

Um familiar do presidente Gbagbo, Michel Legré, foi acusado em outubro de 2004 de seqüestro por um juiz francês e está em prisão domiciliar em Abidjan, mas a justiça da Costa do Marfim não respondeu à reivindicação francesa para que ele possa ser interrogado na França.

Outro cidadão marfinense, que diz haver sido capitão do Exército e que é acusado por algumas testemunhas de haver supervisionado o seqüestro do jornalista, também foi processado em janeiro deste ano na França e está sob custódia da justiça.

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