Lula diz que segundo governo será melhor
LULA PROMETE REFORMA POLÍTICA E CRESCIMENTO
O Estado de S. Paulo 30/10/2006
Petista recebeu mais de 58 milhões de votos e superou número obtido há 4 anos; Alckmin admitiu derrota às 20h e disse sair da campanha apaixonado pelo brasileiro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 61 anos, foi reeleito para um novo mandato de quatro anos. Em sintonia com as últimas pesquisas de intenção de voto, o petista obteve mais de 58 milhões de votos (superando 60% dos válidos).
O número bate a votação de 2002, quando Lula foi escolhido por quase 53 milhões de eleitores, e representa a maior votação de um presidente no Ocidente - o recordista anterior era Ronald Reagan, com 54,5 milhões de votos em 1984.
Em suas primeiras declarações como presidente reeleito, Lula disse que pretende tocar a reforma política - agendada para o primeiro semestre de 2007, segundo o ministro Tarso Genro. O presidente também se propõe a mudar seu relacionamento com o Congresso. “Vou estabelecer uma relação mais profícua (com os parlamentares). Não haverá veto”, disse.
Na economia, Lula promete trabalhar de maneira eficiente para intensificar o crescimento. Ontem mesmo, ministros petistas afirmaram em coro que acabou a “era Palocci”, marcada por juros altos e baixo crescimento. “No primeiro ano, ele prestou bons serviços. Mas taxas baixas de crescimento e preocupação neurótica com a inflação, sem pensar em distribuição de renda, isso terminou”, disse Tarso, referindo-se ao ex-ministro Antonio Palocci.
É dado como certo que, no segundo mandato, o Banco Central deverá perder força. Seu presidente ficará novamente subordinado ao ministro da Fazenda, mudança que significará menor independência para decidir sobre a política monetária. Ele também não terá um canal direto com o presidente.
Lula fez um apelo à união nacional e disse que vai procurar os governadores para discutir o Brasil “com muito mais amor” a partir de novembro, na tentativa de aprovar os grandes projetos de que o País precisa. Num sinal de que deseja entendimento com seus adversários no segundo mandato, Lula disse que o Brasil é “indivisível”.
O tucano Geraldo Alckmin, candidato derrotado, telefonou às 20 horas ao presidente reeleito, a quem desejou um bom governo. Alckmin teve 37,5 milhões de votos (mais de 39% dos válidos). “Saio desta campanha com mais fé e confiança, absolutamente apaixonado pelo povo brasileiro”, disse mais tarde o tucano. “O trabalho continua com mais entusiasmo e ainda com mais aprendizado. A vida é feita de conquistas, dificuldades e alegrias. A democracia também.”
Dentro do PSDB, o fim da eleição marca também o início da corrida rumo a 2010. O governador eleito José Serra, por exemplo, pretende se credenciar como maior liderança da oposição sem abrir guerra política contra Lula. Mas a segunda derrota seguida do PSDB no segundo turno acena com um fantasma: cresce no partido o temor de que a falta de coesão se aprofunde com uma disputa fratricida entre Serra e Aécio Neves, reeleito como governador de Minas.
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Um abraço
Marco Aurélio